Simplicidade (de 0 a 100)

Certos encontros me fazem pensar que realmente há sentido em conhecer pessoas novas. Sabe, quando você acha conforto numa conversa, num jeito de pensar ainda que seja diferente do seu e você agrega muito aonde você não esperava nada... Na verdade eu esperava mais bobagens. E mais uma vez, dentro de alguns anos, eu me amarrei muito mais na conversa e companhia do que na transa em si.
Como eu disse, a hora passou muito mais rápido enquanto conversávamos. Uma série de perguntas com respostas vagas, toda hora balançando a cabeça em negativa, com uma tonelada de coisas passando na cabeça. Eu me apaixonei só um pouquinho de nada. Também, são as surpresas que me afetam, acho irresistível a sexualidade com um toque de inteligência.
Lembrei daquele meme de que, é fácil ser sapiosexual quando alguém ou a maioria é mais inteligente do que você. Não que seja uma competição, é que é realmente difícil encontrar alguém com esse tipo de mistura.
Eu cheguei acabada em casa. Dormi e acordei só por conta da sede imensa, quase matei um litro de água de coco. É um saco voltar pra realidade, né? Queria manter o cheiro dele pregado na minha pele, nas minhas narinas, o calor do corpo dele e puta merda, a maciez dos lábios dele, a cor dos olhos com heterocromia nerfada, o sorriso minimamente inocente (que não tem nada inocente ali) e a voz mandona. As punições. Cara, eu ficaria um dia inteiro ali (com certo esforço e folgo no dia seguinte né, porquê...)
Ontem fiquei pensando que a simplicidade é um paradoxo. Eu e mais 90% do mundo complicamos as coisas muito mais do que elas são. Aprendi que o budismo destina-se a dedicar de 3h-4h por dia para pensar. Que merda, né? Eu penso o tempo todo e é justamente isso que quero parar de fazer. Eu não sou a única, e nem você é também, e eu preciso parar de tratar cada um dos vários como únicos. Sei lá, são as coisas que dão certo pra mim, as outras que dão certo pra você.
Todos somos felizes, só não nos damos conta disso, por não saber o prazer dessas coisas simples, por serem rotineiras. Cara, imagina esse papo todo: minha mente estava tão esbagaçada quanto o meu corpo. Como não gostar de ser o assunto na próxima sessão de terapia?! Você é marcante, ainda que seja meio *três dedos em cone girando na têmpora* das idéias.
Eu sou gente fina só que medrosa demais. Fogosa demais. Até certo ponto. A curiosidade é o que sempre me levou pro buraco ou pra glória. E eu ficava longos minutos encarando-o, encantada e desacreditada. Como pode tanta imbecilidade e tanta genialidade andarem juntas? Eu sou muito preto no branco... Como eu posso ter estudado filosofia sem ter passado pelo justo-meio? Sem ter aprendido-o de fato? Definitivamente depois de ontem, eu senti que a vida não precisa ser tão, tão, tão pesada.
Eu sou uma pessoa de momento. Eu sou hipócrita. Eu tenho a mente deveras bagunçada tão quanto o meu quarto cheio de roupa no chão e tênis encardidos revirados ao lado do espelho. A porra do ambiente diz muito, sabe? Externamente falando. Eu convivo com um monte de gente desesperada por dinheiro, sucesso, grandiosidade e futilidade. Quando entro em contato com essa parte mais racional, algo pára de explodir aqui dentro. É tipo cortar o fio de desarme da bomba. Uma paz até estranha pra mim que fica o tempo todo num inferno particular. É tão simples... E tão difícil.
Meditar parece como andar de bicicleta: você precisa de um empurrão e um pingo de atitude pra pedalar sem pensar "caralho, estou sem rodinhas, eu vou cair".
Há uma armadilha, a mais clichê e besta do mundo inteiro por gerações: aquele papo de falar que não presta e que espera que você não se apaixone e se apegue com tal pessoa. Ah, meu amigo... Ainda bem que você não precisa de constância. Não que eu não queira mais te ver, mas bastariam mais duas fodas e eu estaria completamente embasbacada por você.
Eu tenho um fraco por gente que se faz de idiota, por mais que isso me irrite. Tenho um fraco por homens com cara de besta (me desculpa). Tenho um fraco por nerds e principalmente por homens de exatas. Piorou quando eles tem um pé ali na espiritualidade. Estranho isso, esse apelo carnal nas coisas elevadas, só eu mesma com essas besteiras.
Eu menti quando eu disse que não sabia o que me levou á te encontrar.
Sim, você teve a minha curiosidade. E puxa, eu não costumo receber convites de caras bonitos, principalmente do tipo "eu quero te provar, te sentir, te beijar
por favor."
Como eu resisto a isso, porra? Não dá.
A felicidade não é ser, é estar.
Eu, particularmente, não sei lidar ainda com os altos de baixos. Estou caminhando mas, tem coisa que eu sei mas não sei aplicar. Eu sei que eu não sei de nada, ainda que eu não seja tão burra assim. Só um pouquinho auto-sabotadora. A minha mente é uma vagabunda.
Hoje eu acordei parecendo que soltei muitas coisas. O budismo tem muito disso, de largar, deixa estar, sabe?
Eu revisito as páginas do meu diário, dos meus textos todos, com teor extremamente pessoal. As coisas são muito mais simples do que parecem. A maioria das pessoas só reagem, e não agem. Esperam a situação chegar na tua cara ao invés de vê-la chegando e então agir. Vocês sabem que tem diferença entre agir e reagir, não é?
Eu sou melhor escrevendo do que falando. Penso que, na faculdade eu posso melhorar isso, já que vou ter que me apresentar e tal. Não que eu escreva bem mas é muito mais orgânico. Quase vomitado. Isso aqui tudo atropelado sou eu. Com as suas frases, as minhas, e dos outros, sou eu. Eu não sou a única e nem você é também.
Há coisas que eu não conseguiria escrever, tipo o porque estou encostada na cadeira com a mão no queixo e um sorrisinho amarelo olhando o título desse texto. Eu já vi em algum lugar que a simplicidade é difícil de ser alcançada. Talvez tenham razão. Mas eu experimentei dela.
Curtir ali o momento em silêncio, ouvir o coração de um desconhecido batendo muito forte, o calor, o cheiro, o cansaço, é muito humano. Odeio ter de concordar que nenhum ser humano é uma ilha. Não tem como querer ficar só quando há momentos como esse. De estar sozinhos e em silêncio, de serem estranhos juntos.
Lamentações e raiva não vão ajudar. Reflexões eternas não vão ajudar. Do que adianta saber o sentido da vida se suas contas ainda estão ali, sabe? Só faça o que tem de ser feito. Tipo, levanta e vai fazer seu xixi. O que é plausível pra mim pode não ser pra você e vice versa. Cada um é um universo e somos todos igualmente complexos, ainda que grande parte siga a manada.
Eu pago de desperta mas tô sonolenta ainda. Eu tinha um professor que dizia que, o conhecimento é perigoso como entrar numa selva cheia de espinhos. Mais adiante tem rosas, mas pra você sair desses espinhos... O pior é ficar preso neles e é assim que eu me sinto.
A vida pode ser um jacaré que usamos de tronco.
Pode ser espinhos numa mata fechada a caminho das rosas.
Pode ser que não hajam rosas,
nem espinhos, nem jacarés e nem troncos.
As analogias e sentidos somos nós quem damos sentido. Aquele papo de alimentar os lobos...
Eu juro que não uso mais figuras de linguagem.
Eu só quero dizer que cada um é isso aqui e aquilo ali, e uma junção de punhados de coisas. Macacos imbecis e homens geniais num mesmo ser.
Falou a pessoa que usa três ou quatro nomes por aí.
É isso, eu preciso acordar do sonho sensual e tomar um banho pra ir trabalhar e pagar minhas coisas fúteis e não fúteis.
Ai, ai... Você é um perigo.