Análise do Capricho

Rapaz, que montanha russa de emoções. Em um dia, a gente celebra vitórias, no mesmo a gente chora as perdas, se reconecta e deixa de falar com as pessoas. Vocês ainda conseguem pensar em futuro? Eu confesso que ando até parcialmente otimista. Comprei cursos, ando lendo, ouvindo as aulas, anotando bastante coisa, blogueirando visualmente falando. Confesso que meu conforto parte inevitavelmente dos meus pais. Eu virei uma chavinha e parei de ser uma cuzona que não gosta de ficar com eles. Sério, eu mudei várias coisas dentro de mim.
Estou passando por um processo delicado de observação. Eu trabalho com palavras e agora elas fazem o dobro de sentido, ou não. Eu tô sem saco pra conversar com quem eu conheço. As pessoas pregam ideias errôneas. Cara, nem eu e nem você detém a porra da verdade absoluta. Não dá pra conversar com quem acha que tá sempre certo e eu tô cansadona pra caralho de esbarrar com gente assim. Homens, em grande maioria.
Há dois dias eu pude chorar duas lágrimas a mais sobre a ultima paixonite imbecil na qual decidi me enfiar. Aliás, de quem é a culpa uando a gente se apaixona? Minha, por ser uma babaca que acredita em tudo que alguém que eu acho interessante diz, ou a pessoa que se mostra o best seller pra mim? Eu tenho uma grande responsabilidade, pois as pessoas costumam se revelar muito perto de mim. Me contam segredos, se abrem, os frios choram, os moles são maus e no final eu fico sempre sozinha. Eu sei que o problema sou eu, sim, eu sou completamente intolerante com gente que tem medo de mim, gente que tem vergonha da minha gargalhada, gente que não suporta o meu posicionamento. Eu odeio pedantismo. Eu odeio tanta coisa e ao mesmo tempo me acho tão fácil de lidar. Eu tô cansada de tentar entender e bati o martelo em relação á minha motivação: eu tenho alma de cientista. Eu não sei criar nada de estupendo, a não ser a curiosidade combinada com o inconformismo. Detesto o tradicional, o rótulo, as limitações. Essa coisa de achar um padrão onde você se encaixa é grotesco. Eu sou única, eu sou incrível, eu sou grande, eu sou várias. Eu não tô pedindo muito uando quero me afastar de gente que se apega tanto a uma merda de discurso absolutista. Caralho... Eu discordo, e eu não pedi a sua opinião. Pra que você quer saber de mim se você não entende o que eu falo? Você se quer se propõe a entender. Mas não... Você sabe o que é certo né, e vem aqui, nhe nhe nhe nhe
A mulher tem que lidar com uma enxovalhada de pisa de ovos. É um tal de AI, NÃO FOI ISSO QUE EU QUIS DIZER que me impressiona. Tudo parte de mim na arrogância, e pra quem tem saco de lidar com a maior educação do mundo, parabéns. Eu não consigo. Prefiro ignorar.
Eu tenho certeza que me encaixo no padrão mistificado da mulher amargurada. Também pudera: fracasso total em todo e qualquer relacionamento. Tenho um filho. Não tenho emprego. Não tenho faculdade. Não tenho muito do senso comum a não ser o papel perfeito da mulher louca que a Rita Lee fala que os caras adoram mas se casam com as outras. Vida de bosta.
Vamos corrigir umas coisas aqui já que eu uso essa merda pra me expor e eu estou triste e com raiva [vocês deveriam ver como o teclado faz barulho ás duas e meia da manhã].
uando eu falo que odeio gente medrosa, na verdade eu odeio gente sem ação. Eu sou medrosa. Demais. Mas eu faço mesmo com medo. Eu não me detenho. Se eu quero, eu vou e ponto final. Ah mas vão pensar, que se foda o caralho que eles vão pensar.
Eu odeio a rejeição. Tipo, eu sou tão foda, por que eu levo tanto fora?
Eu acabo me envolvendo com gente que olha... Eu olho assim e me pergunto POR QUE MEU DEUS PORRRRR QUEEEEEEEEE???????????
Na terapia e no branding, a gente tem um gráfico de avaliação: quais áreas da vida e da sua marca estão em grande potência. Aí na porra dos relacionamentos, meu deus que desgraça. Só tem desgraça. Eu faço tudo, absolutamente tudo errado. Mas eu sou assim. Eu sou carinhosa, eu amo cuidar das pessoas que eu gosto, eu gosto de falar muito, eu gosto de quebrar a cama, gosto de escrever declarações melosas simmmm porque eu sou muito romântica debaixo dessa roupa preta e maquiagem foda. Eu sou inteligente, sou bonita, meu humor é de gosto duvidoso, confesso. Sou uma curiosa, uma procrastinadora e workaholic na mesma semana. Eu sou curiosa, entusiasta da filosofia, das artes visuais contemporâneas e pra acabar de foder meu gosto musical é insuperável. Tatuada, cheirosa, bagunceira, não sei cozinhar, amo lavar a louça, amo dançar e escrever. Cara, o que é que eu tô fazendo de errado?
Talvez eu seja instável. Não que isso seja o problema. Na verdade eu não faço ideia do que é que me impede de ficar com quem eu amo. Tirando a pandemia, o fato de que ele não me ama e todo esse drama que eu sei que vai passar mas, dói. Agora dói pra caralho e eu ainda estou com uma incógnita berrante. O que eu fiz, hein?
Eu tenho pretensões muito altas e incoerentes. Mais conhecido como caprichos, né, Diana?
Eu sempre acho que posso convencer alguém a gostar de mim por causa dessa lista de enfeites lindos acima. Vai ver eu sou metida... Vai ver eu intimido. Caralho a cada década é uma desculpa diferente que eu invento. Eu queria um dicionário ou um tradutor que me mostrasse o que eles querem dizer quando dizem que gostam de mim como amiga. Porra de amizade, tô nem aí pra amizade.
É mentira. Eu tô fora de mim. Tô magoada. Comigo mesma. Eu não quero me apaixonar nunca mais. Não é pra mim não, sem zoeira. O negócio é estudar, estudar, palestrar, escrever meus livros, fazer terapia com as pessoas e continuar na minha terapia, cuidar de mim pra poder cuidar do meu filho. Ter um gato preto chamado Henry Charles, morar sozinha e morrer com um livro na mão. É esse o meu destino. Eu vou ficar muito velha, muito sábia, muito calma e flamejante. Daquele tipo de vó ranzinza mas que faz um bolo e um café e te dá conselhos fodidos. Eu na verdade não quero netos . Eu não quero vínculo nenhum com ninguém. Esses meus caprichos são momentâneos. Eu não suporto a ideia de um casamento ou uma junção de alguém no meu pé o dia todo. Nem meu filho eu não gosto colado em mim o dia todo. Eu vou criar ele pro mundo. Tomara que ele viaje muito, seja livre, liberto de mente, aberto pra tudo e qualquer coisa. O mundo é tão grande, Michael do céu, existe tanta coisa que uma vida não basta. A sua mãe é apaixonada por olhar pra dentro dela, como quem enfia a cabeça dentro da própria boca num cartoon maluco. Eu não quero o mundo, filho. Eu quero o silêncio, a sabedoria, a leitura, o pé descalço na casa de madeira no meio do mato sem energia e com o barulho do vento e as arvores. O mundo é seu, Michael. Não se prenda ás pessoas e muito menos ás coisas. O mundo material é ilusório, as pessoas não sabem de nada. Luta contra os seus caprichos, não cometa os mesmos erros da sua mãe. Se eu te castigo e te condeno por certas coisas é porque eu te amo e não quero que você seja nada parecido comigo em determinados quesitos.
Eu iria falar dos meus pais e acabei desafogando questões antigas. Bem, meus pais estão há trinta e sete anos juntos, com três casamentos e três divórcios e três filhos. O Flávio deu certo, o meu irmão do meio faleceu e eu cheguei quatorze anos depois. Há questões da minha infância e adolescência que eu ainda não tive coragem de tentar revisitar. Eu me relacionava com o pai do meu filho [eu me recuso chamar aquilo de namoro], e ele batia muito na tecla de abandonar o passado. Meu maior erro ter dado atenção. Tem coisa na terapia que eu quero saber porque eu não consigo me lembrar que merda que aconteceu. Penso que inventei muita coisa, muitas lacunas foram aumentadas. Tenho flashes e sou péssima com datas. Eu decidi investir com força no hoje. Foco no hoje. Eu decidi não mais me abrir pra nenhuma relação afetiva. Sabe, coração fechado, boca fechada, mãos trabalhando. Eu decidi partir pra viagem mais difícil da vida que é crescer como ser humano. É o que eu posso fazer de melhor pelo o meu filho, já que os pais devem ser exemplares e bla bla bla
Meus pais são engraçados. Parecem os mesmos adolescentes de dezessete e vinte e um anos que se casaram sob autorização da minha avó alice. Meus pais ainda estão caçando a sua individialudade. Há níveis de despertar, sabe? Eu me aprofundei tanto e fui pro fundo do poço fugindo de quem eu era. E hoje eu tô aqui tendo um ataque de pelanca porque eu não consigo namorar mesmo nem querendo tanto assim. Não é amor, é posse, é paixão. É admiração. Um tesão exacerbado. No máximo eu o amo como amigo mas só. E esse lance de transar uma vez ou outra e continuar sendo amigo não dá certo né? Ninguém tem mais culhão pra amizade colorida, ou isso é muito coisa de adolescente. Ou ele só se relaciona com quem ele realmente gosta pique o movimento do eu escolhi esperar. Eu esperei um ano e lá vai cassetada por nada. Por um capricho. Meu capricho, meu erro, minha expectativa. E eu tô reclamando. Não é a toa que meus amigos me zoavam. Como eu sou burra.
Acho que o que eu queria mesmo era ser algo importante pra alguém. Importante o bastante pra dividir algumas coisas importante por alguns anos. Mas é aqui comigo mesma que eu preciso fazer isso. Sabe, não cabe ninguém nessa importância e nesses anos de divisão e prioridade. Tem que ser eu, sozinha.
Eu já me sinto melhor. Essa semana foi terrível pra mim em termos sentimentais. Gente que eu não quero no meu pé, gente que eu gosto me abandonando, meu deus. Eu me sinto um caco. Mas eu vou melhorar de vez. O objetivo é nunca mais ficar triste por falta de correspondência afetiva. Cara, quem gostou, gostou, quem não gostou, paciência. Tá perdendo coisa pra caralho mas é isso. É isso.