tag:blogger.com,1999:blog-58265536643473725682024-03-13T11:31:04.098-03:00Devil Loves PhilosophyHipócrita, sensível, insuportável, imprudente, estranha, intensa, quente, maníaco-depressiva.
Tudo, nada e um pouquinho mais..http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comBlogger39125tag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-22385673776244779812023-12-24T09:24:00.001-03:002023-12-24T09:24:27.902-03:00Dor<div><i>"É estranho passar o natal em branco. Eu não acredito em Deus, não sou religiosa, só tenho meu pai e meu filho. </i><i>Sei lá. Muito se mantinha uma aparência de familia feliz na minha casa mas meu pai parece que não liga pra isso. Não queria deixar ele triste também mas acabei de descer pra sala chorando igual louca. </i><i>Acho que é um sentimento de medo. Quando meu pai se for eu não vou ter família. Eu não sou acolhida de verdade por ninguém além dele. O meu filho sou eu quem segura mas não tem ninguém pra me segurar sabe?</i></div><div><i>É cansativo ser forte o tempo todo. Às vezes é uma dor insuportável sentir que está sozinha. E hoje é um desses dias que tá doendo pra caralho.</i></div><div><i>Meu irmão vai receber a familia da minha cunhada na casa dele, e a minha mãe. Um bando de frescos metidos a ricos, sabe? Nem têm merda no cu pra cagar e se acham porquê falam baixinho, tem um pouco a mais de dinheiro, usam guarnapos no colo e 40 talheres pra comer. Bizarro. </i><i>Eu não sou desse mundinho deles e eu não vou pra nenhum lugar onde eu não esteja confortável."</i></div><div>Foi assim que começou a manhã da véspera. Uma dor imensa no peito, parecendo que alguém morreu.</div><div>Deve ter morrido mesmo, a tradição dentro da minha vida por alguns anos daqui pra frente. Puta merda, eu paro e penso como é caro ser uma pessoa como eu que não tolera porra nenhuma. Quantas pessoas passam por situações de merda pra não ficarem sozinhas? Eu definitivamente não sou essa pessoa.</div><div>Meu pai é muito inteligente. Ele parece a parte racional do meu cerebro falando, dá até raiva. Ele disse "você vai trabalhar hoje, isso é mais importante do que a comemoração de uma data comercial, dias 26, 27 e assim por diante seu trabalho tá lá."</div><div>Eu juro que não me importo com o trabalho. Eles sugam nossas almas? Sugam. Se fosse possível criar um sistema de delivery e dar o peru na boca dos clientes, os caras nos botariam fácil pra fazer isso. Pela grana. Não se importam em meter um 15h-23h20 na escala de quem mora numa cidade pequena e depende de ônibus que acabam 22h30. Quem se importa? É o seu trabalho. São só três dias. Você não vai folgar porquê a demanda do mercado é grande. As pessoas precisam de você. O patrão precisa fazer seus mil reais por minuto. Ele quer que você se foda, a sua casa suja, seus compromissos marcados, sua qualidade de sono, sua vida fora da empresa.</div><div>Não é como se eu pudesse reunir pessoas que passam pelo mesmo que eu e os botassem numa mesa farta pra ficarem comigo. Não faria o menor sentido. Sabe essas dores que simplesmente precisam ser sentidas? Definitivamente se parece com a morte: não temos o que fazer. Você chora. Você fica em silêncio no seu canto. Você reage de alguma forma específica mas é isso. Não tem o que fazer.</div><div>No meio do soluço do meu choro, meu pai soltou um "é melhor do que se sua mãe estivesse aqui." - e eu ri um pouquinho.</div><div>Apesar de ter razão, isso vai de encontro com as falsas aparências. Forjar essa união bonita cheia de glitter dourado e pisca pisca com bonecos de neve num calor de 35 graus é a patente máxima do ano da família.</div><div>E que família eu tenho além do meu pai e meu filho?</div><div>Eu tenho um ódio grotesco, e uma vergonha de assumir que eu daria tudo pra estar com alguém. Mas isso é puramente... sei lá, uma busca por suporte emocional. Não é como na dependência emocional onde você põe toda a tua expectativa de felicidade numa pessoa... porra, nem meu filho tem esse dever para comigo. É sobre quem eu posso dar a mão, dar uma abraço e relaxar. Não tenho ninguém pra fazer isso por mim. E isso dói muito.</div><div>Meu pai é a pessoa que ao lado do meu filho merece tudo de mim. Eu sou a pessoa que tá aqui pra eles. Mas quem está aqui por mim. Quando as coisas desmoronam, eu estou aqui. Eu sou uma só, e quando as coisas desmoronam pra mim, eu estou aqui. E como eu me dou suporte sendo que preciso de suporte, que é algo que não tenho? A porra da conta não fecha.</div><div>Eu checo o whatsapp toda hora pra ver se alguém respondeu o que mandei. A cada linha escrita, uma lágrima cai involuntariamente. Tá me dando sono. É um <i>shutdown. </i>Isso rola pra você parar de sentir, esses hormônio fodido que te come igual um tumor maligno.</div><div>Eu daria tudo e qualquer coisa pra não me importar com absolutamente nada. Eu entendo tudo o que se passa na minha mente e no meu corpo como se o metrônomo do racional-emocional batessem freneticamente de um lado e pro outro. Eu não racionalizo sentimentos porquê quero. Eu só me conheço bem. Eu sei que isso vai passar, em janeiro mesmo eu sequer vou lembrar dessa sensação de dor e morte que estou sentindo agora.</div><div>Também não é como se eu simplesmente resolvesse fazer as malas e ir ficar com a minha mãe e meu irmão. </div><div>"Tá, então o que te faria feliz agora?"</div><div>Eu não sei. Não sentir. Mas isso não é uma opção. </div><div>Eu não posso simplesmente meter um avental, bobes no cabelo e um sorriso a la Pearl. Viver num clipe <i>Let it Go </i>do The Neighbourhood assando biscoitos sorrindo.</div><div>Quando o terapeuta pergunta porquê não escrevo mais é também porque abracei a mediocridade da vida. É, tem a ver com isso também. Pessoas medíocres não escrevem. Eu sei quem há quem se importe. Mas eu cansei de dividir, de ser um monólogo incessante. É como agora, sentir sono e não querer terminar nada com nada donque escrevi. Nem sei pra que eu vim aqui. Rolar o feed do instagram e ver bichinhos já me deixou melhor. E é isso que a gente vai fazendo ao longo da vida. Deixa de tomar os remédios, deixa de beber, de fumar, de foder, de segurar o choro, deixa as roupas se acumularem, as limpas se misturarem com as sujas, a visão ficar turva, deixa as dores no corpo doer e existe um dia após o outro. Eu me recuso a escrever "vive um dia após o outro" porquê isso aqui não é viver, não.</div><div>A resposta biológica pros meus problemas é "eu vou dormir".</div><div>Custa caro ser quem eu sou. Processinho de merda você saber quem você é, o que você quer, o que você não gosta. Isso porque eu nem cheguei na parte de falar que quando você finalmente faz o que a vida inteira fazem com você, tu é um merda.</div><div>Rapaz, eu chutei tanta coisa esse ano... (lá vem ela querer fazer a retrospectiva)</div><div>Crescer é uma porcaria, puta que pariu.</div><div>Existir é uma merda. Ter responsabilidades e ter noção do quanto elas pesam é a pior coisa do mundo.</div><div>Caralho, será que meu filho vai se sentir triste quando não comemorarmos o natal? Eu fico pensando que porra de exemplo que eu sou. A realidade dói demais, a sobriedade. Nada de fantasias aqui. E é isso que eu vou passar pra ele. Rude? Creio que sim.</div><div>Na verdade tudo dói.</div><div>Estar lançado a existência dói. </div><div>Olha pra essas frases... eu tô cansada de repetir isso e de ter razão. </div><div>Na verdade eu ando meio covarde. Ou talvez faça parte do preço também: eu não quero estar só mas não aceito menos do que mereço. Em tudo. De qualquer pessoa.</div><div>Tô cansada de dizer que estou cansada. A originalidade dos meus textos some toda vez que repito as mesmas premissas. Quer dizer, eu nunca quis ser inovadora, pioneira... isso é só terapia. É uma agulha quente fincada na bola de pus do meu espírito encravado. Eum escape saudável e menos contrangedor que o choro no banco de madeira do banheiro do mercado. Eu odeio chorar na frente do meu pai mas hoje não deu.</div><div>Afeto é outra merda também. </div><div>Assumir que precisa de um porto seguro é uma merda.</div><div>Eu me odeio profundamente por não ser autossuficiente mesmo fazendo e carregando tudo sozinha.</div><div>Tô cansada de tanto ódio. Gostaria de ser mais empática comigo. E como tens empatia consigo o tanto quanto tens com os outros?! Será que essa coisa toda nunca vai acabar? Me odeio, me odeio e me odeio. E não posso me matar. É como estar numa prisão e não poder sair. Eu tô dentro de mim e não dá pra me afastar de mim mesma assim como eu faço com as pessoas que eu aturo anos e meto o foda-se "do nada".</div><div>Eu aturo tanta merda, cara. Pra ainda ser a terceira e quarta opção e ainda ser chamada de infantil, de egoísta. Acho incrível como todo mundo tá sempre certo, menos eu.</div><div>Não sei com quem e nem sob qual ocasião eu falei isso de que, quando eu sinto raiva por me sentir mal com alguma coisa, é porquê eu pareço me ver sempre como vítima. Tá vendo como eu deixo tantas coisas me atropelarem? Cara, eu não mereço isso. Não mereço uma caralhada de coisas. Que porra de educação eu tive pra achar que não sou merecedora de coisas boas? Porra, vai se foder, eu mereço sim.</div><div>Sem mais, eu encerro aqui pois quero dormir.</div><div>Isso nunca foi pra ter pé nem cabeça. Digo, as crônicas. Talvez a vida seja exatamente assim também.</div><div><br></div><div><br></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhY04UQzxSLBOhZ0uqgrMUAzYbrosz0x5Yc5ksoreqT7j0Xemuv-Eybv_h_eL36og_-GNS_Hpslq3auPXgdmPZ8J00ZD-gH-v2-P78SxwIp0-h21PO4dPLrrESZ1ksLU57aAP0Qylv8SVuAKQAEM7bfiTW9sgg1kSb3RHst001IrimgcSNwpMCktO17kSCr" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
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</div><br></div><div>Quem sabe em memes de gatinhos eu entenda a mesnagem de uma vez por todas.</div>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-71633265071914856292023-12-04T03:10:00.182-03:002023-12-09T08:31:50.569-03:00Fulgás TrapstarDepois de tanto tempo sem botar uma mera palavra pra fora, até música me deu vontade de escrever e eu vim aqui dizer: me apaixonei por um cara que eu conheci numa madrugada de sábado e, domingo à noite, arrumando o setor da perfumaria eu comentei com um colega do trabalho, "eu tenho medo de me apaixonar mas não tenho vergonha na cara, não adianta nada".<div>Tive que segurar a onda apesar da realidade bruta que ele deita nas letras e desdobra na língua como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Por falar em língua, o beijo dele é um pecado. E mais amaldiçoado é o karma na minha vida que me fez encontrar alguém feito eu na parte "ruim": ele some. ele vive ocupado. ele mesmo falou isso numa música. É, eu também escrevo. Porra, eu já imaginei o nosso casamento, as milhares de letras que vamos escrever juntos e milhões de crônicas que eu vou escrever pra ele, sobre nós. Eu me apaixonei real. Maluca, já tava falando dele pro psicólogo, levei meu coração pra terapia como de costume e não consegui encontrar palavras pra demonstrar o quão gostoso, verdadeiro e intenso ele é. O quarto dele é uma zona, igual o meu. O cheiro dele é irresistível, a voz é a mais incrível que já ouvi, e não é média... Ele se destaca, a genialidade e pureza, uma transparência e originalidade fora da curva. Cara, eu desaprendi a escrever depois disso tudo. Eu me sinto bem. Perdida, não sei por onde começo, não sei o que falo primeiro, só sei que passei dias e dias e mais dias pensando no que escreveria. Fiquei com medo dele sumir caso eu escrevesse mas ele sumiu sem sequer eu sentar pra destrinchar esse fogo do meu rabo. Nem linha eu tô pulando, escrevo tudo, atropelando, tô muito louca rimando, desde o metrô te escutando.</div><div>Eu não dormi e nem irei. A agenda do mês está ligeiramente apertada. Preciso castrar meu gato. Tomei um bolo ontem. Saí ontem, pra dançar e finalmente me senti ótima num rolê. Passei vergonha, lógico... Fui lá perguntar pra carinha se ele tinha namorada, sem aliança nem nada. A maior cara de nerdola. E ele tinha! Inferno. E quando achei que a maré tava virando... Beijei na boca de um doido lá, super nada a ver com o rolê apesar de cheirosinho e fazendo<i> air guitar</i> cantando tudo - o cara me beija e some. Puta que pariu. Muito azar.</div><div>Eu espero que eu esteja super precipitada e esteja falando da boca pra fora. Apesar de super encantada pelo MC que não é galã (mentira, ele é lindo!), eu já estou super preparada pra caso ele me bloquear ou sei lá o que. Essas coisas acontecem. Eu finalmente aceitei (opa, "aceitar" é novo pra mim) que as coisas acontecem. Sabe? Eu não sou ninguém. E as pessoas são o que elas são. Assim como elas não tem obrigação nenhuma com nada para comigo, eu não tenho obrigação nenhuma com ninguém. Mas na moral, que eu largava as putaria e casava com esse cara, deussssssss eu o faria.</div><div>Um dia dentro de uma das sessões, eu me rendi. Falei ao terapeuta, "a vida não tem mais nada além disso pra me oferecer, só não posso morrer, então eu tento viver de alguma forma".</div><div>Decidi que iria começar a viajar. Primeiro destino: Minas Gerais. Voltei pra merda do<i> instagram</i> pra poder postar algumas das minhas fotos. Eu gosto de fotografar. </div><div>Esse texto vai ficar uma BOSTA. Mas o negócio é me abrir. E eu tô bem. Bêbada de sono. Orgulhosa demais de não ter metido uma bala na minha cabeça. Muito em paz por ter largado a faculdade. Eu tô feliz pelo dinheiro que ando fazendo. Continuo com medo de baratas e pavor de me apegar. Ah, agora eu acho que falei certo... Me apaixonar não me assusta, pelo contrário, dá um gás. E esse safado que me beijou e sumiu, o Gui, não o doido de hoje, caralho, eu queria poder voltar no tempo. Se eu soubesse que iria demorar muito mais tempo pra gente se falar e tal, eu devia ter hablado más. Um dia ele me perguntou como eu estava... Falei das muitas dores, principalmente as dores nas costas pelas mordidas que ele me deu. Estilo Benjamin Traudes, <i>Beijo Molhado</i> me lembra "Greenlight". Meu EP favorito é o "Baseado em Fatos Naturais", <i>Cotidiano</i> é minha cara, o sample de <i>Sessão de Vila </i>é insano mas a que eu mais gosto é <i>Mr Multa</i>. Eu vou fundar um fã clube pra esse cara, vou ser a número um, vou ser aquelas stalkers malucas que sabem até o tipo sanguíneo dele.</div><div>Depois de todas as unhas roídas, uma pesquisa rápida no google pra confirmar uma coisa, eu vi que a conta no yt tá atualizada ontem e hoje, então ele tá vivo, só não quer falar comigo. É o que importa né? Amar sem posse - é meu mantra diário. Não ao apego, sou um ser evoluído (ah sim, que beija um cara e quer casar com ele no dia seguinte, sentá lá Britney.)</div><div>Eu me sinto feliz e confiante. Se um cara desses teve olhos pra mim, eu devo ser interessante. Infelizmente sou do tipo que funciona de fora pra dentro. Não que eu me importe com tudo que falam mas eu preciso de um empurrãozinho. Quero mudar o cabelo, já troquei meu<i> vulgo</i>, tô até querendo voltar a cantar ou tocar. Eu tô real muito radiante. Eu tô em paz com tudo o que estou fazendo e o que estou deixando de fazer. Dá um pouco de esperança quando você sai do sufoco, da repetição, de morrer de fazer dinheiro numa rotina de merda como um rato na roda. E a merda, cê sabe qual é? Lá dentro do mercado toca umas musiquinhas meladas em português. <i>Me beija, eu posso ser o que você deseja, seus rastros e o perfume de cereja me dizem que é amor, não sei se é amor mas talvez seja...*</i></div><div>E aí lá vai a abestalhada salvar a música no celular pra ouvir, ir toda de vestido e batom vermelho trabalhar com um sorrisinho desengonçado e a cabeça caída pro lado feito uma galinha morta. Mortinha de amores.</div><div>Eu deixo rolar. Eu o deixo livre. Temos tempo, apesar de ficarmos velhos. É que todo mundo envelhece. <i>Eu nunca tive medo mas você não me parece ser lugar seguro, eu não quero segredo mas você parece bom de se guardar no escuro então deixa eu te guardar lá em casa...**</i></div><div>Queria te apresentar pro meu pai, seria um barato você brincando com o meu filho, puta que pariu a vida linda que eu ia te dar aaaaaaaaaaaa</div><div>Existe alguma "filofilia"? Tipo, gostar de estar apaixonada? Eu não aprendo NUNCA.</div><div>Mas é isso. Espero que seja e se não for pra ser, não será. E segue o baile, o fluxo, as sextas na Milo...</div><div>Eu quase fui lá atrás de você.</div><div>Espero que você esteja bem. Eu vou te escrever algo melhor assim que a gente conversar e meu sono passar. Eu também quero te ver de novo. Estou pagando o bastante pelos meus pecados pela forma que agi com as outras pessoas... Não precisa vir me dar lição de moral sem querer, não.</div><div>Assim como eu não sabia como começar isso aqui, não sei como terminar.</div><div>Eu sinto saudade. Uma noite tão, mas TÃO breve... É injusto, Deus, você me dar o doce e tirar da minha boca. "Me beija devagar", ah, seu pilantra. Queria pagar pra ver se você é mesmo do tipo que não vale nada, que é intenso e se apaixona fácil. Se apaixona por mim, ué! Aí a gente vê se dá certo dois intensos juntos. Dois gênios fortes. Dois cantores. Dois escritores.</div><div>Espero que você retorne. </div><div><i>"Fiz da sua janela um novo mundo<br />Pra poder te ver de perto<br />Se quiser, a gente pode ir fundo<br />Bem além do que observo<br />Da janela eu vi você me olhar<br />Quase que eu te chamo pra entrar<br />Vou sair e ver o sol se pôr, mas eu só vou se você for<br />Espero que não seja tarde pra dizer<br />Nem cedo demais pra não me arrepender<br />Espero que aceite as minhas mais sinceras desculpas<br />Se a gente nunca mais se ver."***<br /></i></div><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div><div><i><br /></i></div><div>*"Me Beija" - Gabriel Elias e Roberta Campos, </div><div>**"No Escuro" - Ana Gabriela e ANAVITÓRIA, </div><div>***"Olha, Bela" - Lagum.</div>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-56295279947304478622023-08-30T12:10:00.000-03:002023-08-30T12:10:47.339-03:00Tatuagem<p> Fiz vinte e sete anos recentemente e essa data me deixou extremamente triste. Meu pai não me deu os parabéns, senti gatilhar algumas coisas muito bobas, tipo uma amiga sair com outra pessoa e não comigo. E mais bobo ainda é a dor no estômago que estou sentindo por responder á essa pessoa (não dá pra chamar alguém de ex amiga, dá?) pensando, puxa, lá vamos nós ter uma conversa difícil. Mesmo que não haja conversa, mesmo porquê fui muito clara. "por que você não fala mais comigo?" Porque tô cansada de você e da maioria das pessoas, pelo tremendo esforço que faço pra caber num lugar que não é meu.<br />Andei pensando muito ao longo da semana, triste mas, decididamente em mudar. Digo, não tenho mais idade pra sofrer pelas pessoas ou pra tentar ser alguém que eu não sou. Alguns elogiam, nossa você é autêntica e isso e aquilo... Não. É hiper fácil me amar de longe, me admirar de longe. Conviver comigo não é fácil, meu pai e meu filho que o digam. E o melhor disso tudo é que conheci pessoalmente uma pessoa que me fez entender, fechar esse ciclo como um colar de continhas se fecha perfeitamente.<br />O marco zero é olhar pra tudo até agora e pensar: tchau. Parece um luto mas ninguém morreu. Todos continuam muito bem, sem mim - e esse é o pulo de gato. Eu não faço falta pra muitos dos que estimo, ou estimava. E isso é ok. Passou da hora da Diana valorizar as pessoas que realmente se importam com ela, sabe? E principalmente a se virar emocionalmente sozinha. Po, já tenho o terapeuta pra isso.<br />Alguém ainda pode achar exagero, "ah não, as pessoas não tem tempo porque estão ocupadas" - negativo. Cria-se tempo. Minha psiquiatra me disse isso e é verdade. Eu só falto implorar pra alguém vir na minha casa tomar um cafezinho com bolo comigo, mas qual é a graça de sair comigo? Eu falo demais, ou falo de menos, eu sou escandalosa, ou extremamente tímida, eu não bebo, não fumo, quando saio pra dançar é pra dançar e não conversar numa balada por exemplo... E assim vai. Gente pra transar tem a rodo, a Diana é só mais uma, e quando eu quiser ela sai comigo, duas, três, quatro, até eu enjoar dela e da excentricidade dessa doidinha, aí eu ajo como estranho, paro de conversar ou só procuro ela quando eu preciso de uma punheta, de um conselho, de desabafo, ou porque não tem ninguém mesmo que me dê atenção. Mas a Diana tá sempre lá, de mente, portas e pernas abertas pra todos.<br />Existe um ponto de que, quando você é desejada por alguém que você admira, você começa a se sentir importante também. É errado? Muito, mas é comum pra quem não tem auto-estima. Eu sou egocêntrica de forma errada... O jeito certo seria me priorizar e quando desse, ajudar os outros, e não atropelar minhas necessidades pra satisfazer os demais. Talvez eu nem seja egocêntrica. Ouvi isso tantas vezes do pai do meu filho, do meu pai, esses traumas se repetem na minha cabeça, como as mentiras que se, repetidas muitas vezes, se tornam verdade. Enfim, voltando pro "ser desejada por alguém que admiro", tô falando dos olhos castanhos mais mágicos e, acho que do sorriso mais lindo que já vi na vida. Da marquinha do queixo, da barba áspera por fazer, aquela cor de pele indecifrável, e os olhos, meu deusssss que olhos. Eu tenho mania de aumentar as coisas quando gosto de alguém, porque o interior da pessoa sobressai e tudo isso torna a pessoa mais bonita. Eu quero que se foda a aparência, eu já escrevi milhares de vezes que o que eu procuro é mental, espiritual, é algo do além de qualquer coisa superficial que essa merda de sociedade empurra goela abaixo o tempo todo.<br />Por muito tempo ser quem eu sou afastou muitas pessoas que eu amei. As pessoas amam algo que elas querem acreditar, tipo jesus cristo. Se o cara voltar puto e meter todo mundo na cruz vai ser algo que vocês não vão gostar e ficar tudo revoltadinho com o cara, entende? Ah, principalmente se ele não for branco do olho azul e loiro né. É tudo uma imagem que se cria de alguém. "Nossa, eu nunca vou te abandonar", é mentira. "ai, pode contar comigo", é mentira também. ora ou outra porque não tem tempo, porque não quer ou porque sei lá, tá todo mundo fodido da cabeça e, ninguém nunca tem a dimensão nem próxima sobre o que se passa na pele do outro. É muito fácil olhar pra mim e ver uma mulher estressada, revoltada, de cara fechada. É fácil falar que eu fui mimada na infância, eu tive pai, mãe, tive tudo, ficou depressiva e ansiosa porque quis, tem braço, perna, cabeça, ombro, joelho e pé e tá reclamando.<br />Eu rio sozinha quando lembro do medo, da única vez que tive medo real de morrer, enquanto as luzes do corredor do hospital passavam na minha cabeça e o médico desesperado pra me levar pra mesa de cirurgia, com a minha pressão hiper alta. Eu com vinte anos seque imaginava as coisas que eu iria passar hoje com vinte e sete. Falei pro meu pai, "porra, vou fazer trinta anos, tô velha." - trinta não! vinte e sete, muita coisa pode mudar em três anos. E eu sei disso, e como sei.<br />Eu tô com um medo da porra de me apaixonar de novo, sabe? Na verdade, ele me pegou numa fase que eu ando bunda mole pra tudo, né? Que beijo foi aquele, velho? Já pensou se eu tivesse isso sempre? Que sorte. Fora, sei lá, é tudo que eu posso aprender, ouvir, viver (e não sobreviver) com ele.<br />Cria-se tempo.<br />Minha psiquiatra perguntou se eu namorava. Não entendi a pergunta e disse que não tinha tempo pra isso. Deveria ter dito que não há quem me queira. Ou até ontem não tinha, agora tem. Espero que tenha. O foda é que tipo, como vou ter medo de me apaixonar sendo que já fiquei completamente enfeitiçada, entregue, encantada com ele? Caramba, a minha vontade era pegar todos os versinhos de músicas assim e mandar pra ele, como a gente fazia quando eramos mais novas nos caderninho de frases no intervalo da escola. Mais que fisicamente, ele me marcou de uma forma. Quando me refiro a "marca" me remete muito á dor... Se eu falar "mancha", remete á algo meio sujo... Tatuagem seria um termo magnifico pra descrever. Creio que agora entendi a intensidade de Roy Guerra na voz de Chico Buarque quando canta querer ficar no corpo feito tatuagem, pra te dar coragem pra seguir viagem quando a noite vem.<br />Ele me tatuou. Lá dentro da mente. Que porra de medo irracional seria este de, não ser você mesma porque não quer que ele se afaste? Cara, aceita: se você não é você mesma, você não é leal nem com você e nem com ninguém. Vai mentir só pra não ficar sozinha e ainda perder a oportunidade de viver genuinamente com alguém tão transparente? Medo de ser <b>você</b>, "moça"?<br />Há tantas máximas que eu gostaria de escrever pra que futuramente fossem lembradas com o meu nome nas citações... Uma delas é que, não tenho mais tempo pra me diminuir minha grandeza pra caber na mediocridade de quem não traz nada pra mim. Essa cultura de gratidão, de adotamento, ai, vou fazer de tudo por você mas você tem que andar na minha linha, porra, vai se foder.<br />Os outros fazem o que querem, assim como eu posso fazer o que eu quiser. Eu não tenho mais culhão pra ficar explicando que eu sou doente, que eu sou difícil, que as coisas me doem, que eu sou sensível.<br />Eu chorei pela coisa mais imbecil do mundo, que eu não tive um bolo, que meu pai não me deu um parabéns com abraço e palavrinhas bonitas. Até comentei com uma colega do trabalho que, aparentemente as pessoas acham que eu não ligo pra isso. "A gente que é mais durona, é quem é mais frágil por dentro". E eu sou uma manteiga, isso não é novidade pra ninguém. A verdade é que ninguém se importa, e quem se importa... eu ando ignorando porque andei ocupada demais mendigando afeto daqueles que só me procuram quando precisam. Ou sei lá, ok, já rolou amizade e coisas bacanas pra serem compartilhadas mas acabou. Simplesmente não cola mais.<br />Eu sempre meti muito as caras, houve um tempo que eu achava que não tinha medo de nada e até me chamava de insana. Me acovardar não foi a melhor das escolhas mas eu fui definhando, e bundamolecendo, retraindo-me. Engraçado. me traí mesmo muitas vezes.<br />As oportunidades somem pra quem tem medo.<br />Acho que não fiz absolutamente nada no meu aniversário pra mim.<br />Sequer me lembro.<br />Os rituais são importantes, o terapeuta disse. Á minha maneira. E me tatuei. E conheci uma pessoa incrível que me fez encerrar um ciclo como quem enterra um cachorro, parando-o de chutá-lo.<br />Ele me marcou, sim. Minha cintura tá toda vermelha dos apertões. Minhas tatuagens estão perfeitas. Temos um encontro pré-marcado, e ele nunca levou alguém pra sair. E eu ainda vou sentir medo do que, Diana do céu?!<br />Tá na hora de botar pra foder novamente. Querem ficar longe? Fiquem com deus. Eu não tenho mais tempo pra esse tipo de preocupação. As pessoas fazem o que querem assim como eu faço o que bem quero. Eu não preciso ser prestativa e nem perfeita, nunca ganhei nada com isso. Aliás, minha maior lição foi lá nos meus doze, treze anos quando eu comecei a pensar sozinha e minha mãe começou a destilar o ódio dela em mim. Ah, você é genuinamente assim? Então você é um lixo.<br />Eu não tenho mais tempo pra me justificar. Eu sou aquilo que você quiserem pensar que eu seja, eu não tenho que me explicar.<br />Vi algo como "você não precisa de tempo, precisa de foco", e está na hora de focar no que é realmente bom. Parar de vestir uma roupa que não me cabe mais, literalmente falando. Focar em mim, que sou a única pessoa que me acompanhou desde os cortes, as tentativas e pensamentos suicidas, angústias e atitudes que foram tomadas, mesmo cheia de medo. Por que se deixar paralisar? A vida é um fluxo, se você parar, você perde as oportunidades.<br />Enquanto ele me falava que o medo dele era não ser amado e não ter uma família, eu só pensava <i>caralhooooo eu quero te dar tudo isso, mané!!!</i> <br />É exagero? Sim. Mas eu sou assim. Diz ele que não curte intensidade, então você tá fodido porque não conheço pessoa mais intensa do que eu.<br />Velho, passou da hora de aceitar e respeitar essa persona aqui. Não tem muito o que fazer.<br />Fala que tá com medo de se apaixonar e já tá toda trouxinha.<br />Se for pra ser, por quê não?<br />Cria-se tempo<br />E a oportunidade também.</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-18486109475644759432023-08-09T09:34:00.003-03:002023-08-09T09:34:46.140-03:00Simplicidade (de 0 a 100)<p>Certos encontros me fazem pensar que realmente há sentido em conhecer pessoas novas. Sabe, quando você acha conforto numa conversa, num jeito de pensar ainda que seja diferente do seu e você agrega muito aonde você não esperava nada... Na verdade eu esperava mais bobagens. E mais uma vez, dentro de alguns anos, eu me amarrei muito mais na conversa e companhia do que na transa em si.<br />Como eu disse, a hora passou muito mais rápido enquanto conversávamos. Uma série de perguntas com respostas vagas, toda hora balançando a cabeça em negativa, com uma tonelada de coisas passando na cabeça. Eu me apaixonei só um pouquinho de nada. Também, são as surpresas que me afetam, acho irresistível a sexualidade com um toque de inteligência.<br />Lembrei daquele meme de que, é fácil ser sapiosexual quando alguém ou a maioria é mais inteligente do que você. Não que seja uma competição, é que é realmente difícil encontrar alguém com esse tipo de mistura.<br />Eu cheguei acabada em casa. Dormi e acordei só por conta da sede imensa, quase matei um litro de água de coco. É um saco voltar pra realidade, né? Queria manter o cheiro dele pregado na minha pele, nas minhas narinas, o calor do corpo dele e puta merda, a maciez dos lábios dele, a cor dos olhos com heterocromia nerfada, o sorriso minimamente inocente (que não tem nada inocente ali) e a voz mandona. As punições. Cara, eu ficaria um dia inteiro ali (com certo esforço e folgo no dia seguinte né, porquê...)<br />Ontem fiquei pensando que a simplicidade é um paradoxo. Eu e mais 90% do mundo complicamos as coisas muito mais do que elas são. Aprendi que o budismo destina-se a dedicar de 3h-4h por dia para pensar. Que merda, né? Eu penso o tempo todo e é justamente isso que quero parar de fazer. Eu não sou a única, e nem você é também, e eu preciso parar de tratar cada um dos vários como únicos. Sei lá, são as coisas que dão certo pra mim, as outras que dão certo pra você.<br />Todos somos felizes, só não nos damos conta disso, por não saber o prazer dessas coisas simples, por serem rotineiras. Cara, imagina esse papo todo: minha mente estava tão esbagaçada quanto o meu corpo. Como não gostar de ser o assunto na próxima sessão de terapia?! Você é marcante, ainda que seja meio *três dedos em cone girando na têmpora* das idéias.<br />Eu sou gente fina só que medrosa demais. Fogosa demais. Até certo ponto. A curiosidade é o que sempre me levou pro buraco ou pra glória. E eu ficava longos minutos encarando-o, encantada e desacreditada. Como pode tanta imbecilidade e tanta genialidade andarem juntas? Eu sou muito preto no branco... Como eu posso ter estudado filosofia sem ter passado pelo justo-meio? Sem ter aprendido-o de fato? Definitivamente depois de ontem, eu senti que a vida não precisa ser tão, tão, tão pesada.<br />Eu sou uma pessoa de momento. Eu sou hipócrita. Eu tenho a mente deveras bagunçada tão quanto o meu quarto cheio de roupa no chão e tênis encardidos revirados ao lado do espelho. A porra do ambiente diz muito, sabe? Externamente falando. Eu convivo com um monte de gente desesperada por dinheiro, sucesso, grandiosidade e futilidade. Quando entro em contato com essa parte mais racional, algo pára de explodir aqui dentro. É tipo cortar o fio de desarme da bomba. Uma paz até estranha pra mim que fica o tempo todo num inferno particular. É tão simples... E tão difícil.<br />Meditar parece como andar de bicicleta: você precisa de um empurrão e um pingo de atitude pra pedalar sem pensar "caralho, estou sem rodinhas, eu vou cair".<br />Há uma armadilha, a mais clichê e besta do mundo inteiro por gerações: aquele papo de falar que não presta e que espera que você não se apaixone e se apegue com tal pessoa. Ah, meu amigo... Ainda bem que você não precisa de constância. Não que eu não queira mais te ver, mas bastariam mais duas fodas e eu estaria completamente embasbacada por você.<br />Eu tenho um fraco por gente que se faz de idiota, por mais que isso me irrite. Tenho um fraco por homens com cara de besta (me desculpa). Tenho um fraco por nerds e principalmente por homens de exatas. Piorou quando eles tem um pé ali na espiritualidade. Estranho isso, esse apelo carnal nas coisas elevadas, só eu mesma com essas besteiras.<br />Eu menti quando eu disse que não sabia o que me levou á te encontrar.<br />Sim, você teve a minha curiosidade. E puxa, eu não costumo receber convites de caras bonitos, principalmente do tipo "eu quero te provar, te sentir, te beijar<br />por favor."<br />Como eu resisto a isso, porra? Não dá.<br />A felicidade não é ser, é estar.<br />Eu, particularmente, não sei lidar ainda com os altos de baixos. Estou caminhando mas, tem coisa que eu sei mas não sei aplicar. Eu sei que eu não sei de nada, ainda que eu não seja tão burra assim. Só um pouquinho auto-sabotadora. A minha mente é uma vagabunda.<br />Hoje eu acordei parecendo que soltei muitas coisas. O budismo tem muito disso, de largar, deixa estar, sabe?<br />Eu revisito as páginas do meu diário, dos meus textos todos, com teor extremamente pessoal. As coisas são muito mais simples do que parecem. A maioria das pessoas só reagem, e não agem. Esperam a situação chegar na tua cara ao invés de vê-la chegando e então agir. Vocês sabem que tem diferença entre agir e reagir, não é?<br />Eu sou melhor escrevendo do que falando. Penso que, na faculdade eu posso melhorar isso, já que vou ter que me apresentar e tal. Não que eu escreva bem mas é muito mais orgânico. Quase vomitado. Isso aqui tudo atropelado sou eu. Com as suas frases, as minhas, e dos outros, sou eu. Eu não sou a única e nem você é também.<br />Há coisas que eu não conseguiria escrever, tipo o porque estou encostada na cadeira com a mão no queixo e um sorrisinho amarelo olhando o título desse texto. Eu já vi em algum lugar que a simplicidade é difícil de ser alcançada. Talvez tenham razão. Mas eu experimentei dela.<br />Curtir ali o momento em silêncio, ouvir o coração de um desconhecido batendo muito forte, o calor, o cheiro, o cansaço, é muito humano. Odeio ter de concordar que nenhum ser humano é uma ilha. Não tem como querer ficar só quando há momentos como esse. De estar sozinhos e em silêncio, de serem estranhos juntos.<br />Lamentações e raiva não vão ajudar. Reflexões eternas não vão ajudar. Do que adianta saber o sentido da vida se suas contas ainda estão ali, sabe? Só faça o que tem de ser feito. Tipo, levanta e vai fazer seu xixi. O que é plausível pra mim pode não ser pra você e vice versa. Cada um é um universo e somos todos igualmente complexos, ainda que grande parte siga a manada.<br />Eu pago de desperta mas tô sonolenta ainda. Eu tinha um professor que dizia que, o conhecimento é perigoso como entrar numa selva cheia de espinhos. Mais adiante tem rosas, mas pra você sair desses espinhos... O pior é ficar preso neles e é assim que eu me sinto.<br />A vida pode ser um jacaré que usamos de tronco.<br />Pode ser espinhos numa mata fechada a caminho das rosas.<br />Pode ser que não hajam rosas,<br />nem espinhos, nem jacarés e nem troncos.<br />As analogias e sentidos somos nós quem damos sentido. Aquele papo de alimentar os lobos...<br />Eu juro que não uso mais figuras de linguagem.<br />Eu só quero dizer que cada um é isso aqui e aquilo ali, e uma junção de punhados de coisas. Macacos imbecis e homens geniais num mesmo ser.<br />Falou a pessoa que usa três ou quatro nomes por aí.<br />É isso, eu preciso acordar do sonho sensual e tomar um banho pra ir trabalhar e pagar minhas coisas fúteis e não fúteis.<br />Ai, ai... Você é um perigo.</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-32396661101665860132023-06-19T15:23:00.000-03:002023-06-19T15:23:02.988-03:00Básico <p> Bem, se eu não sabia aonde o aripiprazol atuava, provavelmente já encontrei. Me peguei ontem, na volta pra casa num domingo extremamente frio, de que precisava comprar calcinhas. Sabe quando você adia tanto e tanto e tanto as coisas que elas ficam em condições precárias?! Minhas calcinhas estão me matando. E a falta do remédio. Falta de sexo também. De dinheiro. Só de pensar que tenho uma dívida picada de 5 mil reais nos bancos, já perde sentido esperar pelo dia do vale.</p><p>Que vida do caralho né? Trabalha pra pagar as dívidas que tu fez no mês retrasado. Pois eu acho bem feito. Quer ter culhão pra ter cartão de crédito desempregada, tem mais é que se foder mesmo no serasa. Cara, outra coisa além das questões financeiras e sobre calcinhas, e calças sociais e vestidos que eu acho que preciso (sempre acho que posso esperar mais um pouco, que não preciso ou não mereço... mulher de migalha), são questões de reação ao externo.</p><p>Bicho, uma pessoa fala mais alto comigo ou chama minha atenção sobre qualquer coisa, eu já quero morrer com um tiro atravessado no crânio. Eu odeio ser uma pessoa tão, mas tão sensível. Ser transparente demais é um defeito estonteante e esgotante. E eu penso olhando no espelho: tudo o que eu vejo aqui não me agrada e eu não quero mudar. Que diabo eu fiz pra me odiar tanto?</p><p>Creio que minha mente seja mais fechada que aqueles caixões de gente desfigurada. Não é só por hoje eu estar de extremo mal humor, por terem gritado comigo no sábado, por ter a calcinha enfiada no rabo no domingo e passar a semana inteira querendo um colo pra chorar. Como a pessoa nao gosta de si e não muda? Se você tá esperando que as pessoas te entendam, você está é muito da fodida.</p><p>A única coisa que me agrada nesse azedume interior é o foda-se bem grande que fica na minha testa piscando. Dá uma adrenalina gostosinha de estar lá trabalhando e já esperar alguém pior que eu que desconte um caminhão de merda em cima de mim. E ok. Eu sinceramente não espero mais nada da humanidade depois da bandejada que eu tomei na cara quando trabalhava no shopping.</p><p>Eu poderia ir pra Santos sozinha. Tomar um café no museu, andar de bondinho, subir o morro e cair no mar. Quero trocar meu número de telefone. O inverno além de inconsistente, é interminável. Estou gripada, alguma coisa me deu alergia, estou perdendo a voz, meu tendão não para de doer, tenho uma guia de transvaginal pra pegar na merda do posto de saúde onde o atendimento é outro lixo do caralho. Mais gente falando torto comigo. Eu devo ser uma filha da puta de tão grossa porquê não é possível as pessoas me tratarem tão seco. Uma completa idiotazinha sensível. Ai, não pode falar uma vírgula fora do lugar que ela chora... Por deus, Diana.</p><p>Faz sol mas venta muito gelado. Não sei o quanto preciso me agasalhar, fico suando gelado o tempo todo, fungando o nariz, o dente com uma sensibilidade esquisita. Velho, viver é uma coisa muito louca. Perceber seu corpo e sentir um monte de coisas o tempo todo e ficar falando que tudo bem, tudo bem e tudo bem... um amigo me disse que temos que parecer frios, e eu perguntei "mas aonde posso queimar?"</p><p>Por onde eu passo, se ando alguns minutos à pé, vejo seiscentos salões de beleza. Imediatamente eu lembro de um quote, algo sobre a vida ser muito curta e que se trata sobre ser quem é e não se preocupar sobre o que acham de você. </p><p>Eu seria mais feliz se usasse uma peruca eu acho. Eu gosto do fácil. Do mínimo esforço e, se cuidar e mudar custa caro pra caralho. Nem tô falando de grana. Eu adoro comer, como vou emagrecer com esse metabolismo de bosta? Eu queria ter cabelo liso e colorido, mas gasta e, se você quer ele bem saudável, é mais gasto ainda. Queria ter umhas bonitinhas mas eu as rôo e não vou parar tão cedo. Eu quero pôr aparelho pra ajeitar os dentes, mas tenho que arrancar mais dois sisos, curar a carne esponjosa (e há riscos de que ela volte a se formar), porra, puta trampo. Eu sou toda cagada. Se não bastasse na aparência, no mental também. Gorda, feia, chata, manca, doente, de gênio forte.</p><p>O pior creio que são as pessoas me falando o que eu já sei. Ah mas temos que ser fortes, cê jura? Por isso eu evito dialogar. É sempre a mesma resposta, isso quando há resposta. A vida é assim, ah que bom né obrigada por me informar. Pra quê dialogar? Ninguém é obrigado a ser meu terapeuta fora das quintas feiras.</p><p>Aí também tem meu pai com o famoso "não estou reclamando, é que eu não tenho ninguém pra falar e aí comento com você". Eu bem queria um trouxa pra ficar ouvindoe balançando a cabeça, querendo explodir mas estando ali, como eu faço com ele. Eu não tenho aonde me apoiar mas tem vários apoiados em mim. Aquela que sabeo segredo podre de todo mundo porquê algo nela aspira confiança. Só um mero depósito, uma confissão como as ao padre, no confidencialismo que não significa nada: segue sua vida que eu sigo a minha.</p><p>Creio que estou com tanta lavagem cerebral que não sei mais o que é certo ou errado, eu não sei o que eu quero, não sei o que eu não quero. Eu acordo, como o mesmo pãozinho com margarina com o café horroroso que eu acabo ponhando leite e achocolatado pra ver se melhora, faço um cosplay rápido de dona de casa tomo banho, aŕumo meu filho pra ir na escola, deixo ele lá e volto esperando dar a hora de ir trabalhar. No trabalho ainda me sinto menos bosta. Estou me destacando, sou rápida, focada, simpática, podre por dentro vivendo um personagem numérico, npc que dizem, né?</p><p>Eu chego em casa e só penso em dormir mas preciso colocar o michael na cama, desligar a tv que ele larga ligada o dia inteiro, arrumar a cama tirar a roupa e ainda preencher o vazio com alguma coisa que tenha pra comer. Achei que estava perdendo muito tempo zapeando as redes sociais, que literalmente não servem pra nada, e apaguei os aplicativos. Perda de tempo com as pessoas falando a mesma coisa de sempre, perda de tempo com coisa inútil. Aliás, não dá pra ter nunca um justo meio comigo porque eu tenho metas tão irreais que não dá pra bater, tudo que eu faço é inútil, sem valor, não serve de nada e sou só mais um corpo vagando por aí atrás de dinheiro. Nem pelos finais de semana eu aguardo, e nas folgas semanais eu só quero curtir o silêncio da paz maravilhosa que é estar só em casa pelo menos até às 16h. Daí começa tudo o que eu não perguntei, vinte mil vezes perguntando se eu tô bem, com a minha cara de cu bem grande mostrando que não. Enfim, mais do mesmo, nem eu aguento mais escrever a mesma coisa.</p><p>Aquele caderninho tá parado na minha mesa há algum tempo já. Não tive mais novidades. Não estou estudando, não quero falar nem ver ninguém, não quero sair de casa. O que eu fiz pras coisas me incomodarem tanto? Pra que a existência me doesse tanto? Eu estava muito bem, aí do nada eu capotei de novo.</p><p>A real é que eu não aceito os periodos de baixa. Mas também não me ajudo em muita coisa. O terapeuta fala toda semana de ter um hobbie. Cara, nem ouvir música eu não estou ouvindo mais. Zapeia zapeia zapeia as bobagens no facebook, vídeos de artesanato, bombas e bombasde dopamina que fazem um livro ou um caderno parecerem tedioso. Filme? Seriado? Até os museus, exposições, nada. Não quero. Todo momento eu preciso fazer alguma coisa ou o momento de baixa é tão forte que invalida todo o resto? Qual foi a última vez que me senti feliz e motivada? Cara, as coisas ruins acontecem também. Aceite! Contorne, deixe ir.</p><p>Você tá bem? O que você tem?</p><p>Eita que deu vontade de chorar. "Tá com dor? Qualquer coisa você fala, tá?"</p><p>É, minha cara... eu acho estranho as pessoas perguntarem. Eu sou toda cagada... eu não me ajudo em absolutamente nada, puta que pariu.</p><p>Mas vai passar. Toda vez é assim. Como as ondas lá do Boqueirão. Vem e vão. Tenho saudade de lá e se der eu irei sumir no mar por algumas horas, porquê tenho muito o que fazer. Calcinhas pra comprar, chocolates, calças, os cinco mil pra quitar... enfim. A gente continua depois de chorar, se eu conseguir.</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-26356105226696983932023-02-13T10:55:00.000-03:002023-02-13T10:55:56.710-03:00Por um fio, pôr um fim<p>Toda vez que eu me encontro nesse tipo de situação onde eu não sei mais explicar o que acontece, me sinto feliz porque sei que tá terminando o limbo sentimental. Sabe aquelas fases de luto? É algo semelhante. Tá me faltando o ar pra escrever e ordem pra saber o que dizer primeiro. Me prometi que agora será a ultima vez que escrevo alguma coisa a seu respeito. Não por você, mas essa porcaria tomando minha mente não merece mais espaço em lugar nenhum, nem nos meus pensamentos, nos meus cadernos e muito menos nas minhas obras.<br />Me peguei pensando em como é bom chegar na conclusão de que nunca daríamos certo. Vamos ser sinceros, você não passa hoje de uma vontade sem pé nem cabeça onde insisto inutilmente em saciar noutros corpos. Eu busco vários, eu quero punição, eu quero ser servil, eu atinjo a pior das marcas, tudo em vão: não tem tanta graça se não for com você.<br />Na verdade eu nunca vi isso dar certo em lugar nenhum. Os opostos. Eu tenho certeza que eu não te conheço nada bem e, juntando a minha mera percepção do que eu imagino o que você seja, o que você faz, dentro da minha cabeça vira um vulcão de fantasias meticulosamente pensadas pra nós dois. Não tem nada de inovador, de diferente. É só pelo fato de ser você e eu odeio isso. É um veneno, um câncer que toma conta de transbordar na saliva dos meus dedos que correm pra baixo da minha roupa. Misturado num ódio de tantas, tantas rejeições suas, uma puta falta de compreensão da minha parte... Eu juro que não entendo, por que eu sou tão neurótica em te desejar tanto?<br />Parte de mim te ama ternamente e quer que você seja feliz, livre com qualquer coisa ou pessoa. E a mais latente, que temo não saber esconder de você principalmente no meu olhar, está a um passo de te empurrar nos muros de qualquer canto. Das mãos tremerem querendo te tocar, da boca cheia de fome do seu corpo, de um negócio inexplicável que eu tenho medo mas racionalmente me põe em risco. Eu quero te ver e eu quero sumir. Eu quero me comunicar e quero silenciar. Não há prazer o bastante em qualquer outro lugar que não seja dentro da minha cabeça. Não sei porquê eu nunca levei a sério o lance de sermos nossos piores inimigos, pelo menos até agora onde eu sei que não deixei de te amar e que te respeito, até irmos fundo nessa quase obsessão de te querer sem parar.<br />Eu ainda me sinto tão frágil do seu lado. Sinto que a qualquer momento você vai me tocar e eu vou me desfarelar feito areia seca no vento. Não importa os tais picos de autoestima, eu me perco completamente do seu lado. Eu sinto que não consigo nunca ser eu mesma porquê ainda quero descobrir o que é que você procura, sabendo que não sou eu. Tem noção? Eu entendo tantas coisas mas esse sentimento transpassa toda e qualquer razão, e é cada vez mais difícil manter o controle. Eu sonho e planejo tanto em te beijar e te pedir desculpas como se fosse algo compulsório... Mas eu sou covarde e eu não quero mais passar dos limites. Eu não quero te perder.<br />Eu sinto falta do cheiro da sua roupa, do calor que eu sentia enquanto te abraçava e o trem andava, poderia ir até o inferno daquele jeito. Eu rio sempre me lembrando do seu jeito de me abraçar. Eu sinto tanta raiva porque não acaba nunca... É um monstro que eu jogo pra baixo do tapete e ele cresce cada vez mais. Eu vou me odiar mais ainda por isso mas eu realmente não sei mais o que fazer além de nos dar um tempo. Você inteiro, cada pedacinho, cada metro cúbico, cada átomo de tudo que você é, soa como um alarme ensurdecedor e um imã cada vez mais denso. Uma atração de um mero objeto flutuando no espaço sendo arrebatado pelo buraco negro sem a mínima resistência. Eu me perderia em tudo o que você trouxesse, eu te entrego todas as cartas de um jogo onde eu perco de propósito. Eu jogo a toalha mas queria mesmo estar tirando a roupa. Eu desisto porquê não sei mais como acalmar essa angústia. Que diabo de teimosia de querer quem eu não posso ter.</p><p>Sabe o que é mais ridículo? É ter toda confiança de me expor pra quem eu não conheço, cheia das mais variadas ferramentas, desde as palavras sujas, os olhos bem abertos e fixos, palavras de ordem, o arfar dos gemidos sendo calados à tapas, sufocamento e estrangulamento. E eu sequer consigo olhar pra você, ainda que você persista você dentro do peito e sua imagem na minha cabeça. Posso até sentir prazer sem pensar em você ali na hora, na verdade é um alívio te esquecer por um momento. Mas tem a hora de voltar pra casa, pra realidade e pro desgraçamento silencioso. Feito um vírus, você invade rapidamente e, eu definitivamente não sou lá uma pessoa de negar fogo. E mais rápido ainda, a coisa toma uma proporção buzarra no escuro. Há uma pressão nas minhas pernas, as minhas mãos se tornam as suas e minha mente me trai tanto a ponto de trazer a tona as lembranças desse seu calor, do seu cheiro e os seus lábios. É o pior sentimento da face da Terra, uma culpa deliciosa onde ao menos uma vez eu chego perto de matar o que me sufoca toda vez.</p><p>Todos os outros não são nada. Todos os outros gestos são inúteis e desprezíveis. Eu odeio ser notada e observada, e você faz exatamente isso e exterioriza como uma grande tiração com a minha cara. Aquele decote não era pra você, porque não me faz diferença a insegurança do meu corpo, não. Eu congelo e me perco com você em outro patamar: eu passaria horas dizendo o que é que me atrai tanto em você mas, eu não suporto mais ouvir não. O não de você não nos querer e o não de você não ver o quão incrível você é.</p><p>Todos os outros são meros ensaios, onde eu me faço brinquedo fácil pra ver se saio desse túmulo. É como se eu sentisse que fosse desmaiar nos seus braços, que não houvessem limites em uma noite... quer dizer, que sequer haveria tempo. Tudo ao meu redor desapareceria feito fumaça e o que restasse eu com certeza queimaria. É intenso muito mais do que qualquer envolvimento de corpo. Meu lance com você é de intelecto, de admiração. O desejo de carne eu satisfaço em qualquer lugar mas, especificamente por você, bem... Tinha de ser com você mesmo. </p><p>Não pense que eu te disse que te amo só por isso. Amor não se explica, piorou desejo. Eu não deixei de te amar, muito pelo contrário. Eu só te amo hoje verdadeiramente e é por isso que eu preciso dessa distância. Lembra sempre do que eu te disse: amor não é posse. Eu desejo você, mas muito mais que você seja feliz. Essas coisas são engraçadas pra mim... o sabe e não saber. O meu jeito de lidar todo inocente em contrapartida dos pensamentos demoníacos de tão tortuosos sobre finalmente ser sua. Eu queria que você soubesse que eu largaria absolutamente tudo, que eu me desdobraria em milhares pra ser tudo, ainda que nós dois saibamos que isso é mentira.</p><p>No fundo, na minha fantasia, você só me devolve o que eu sinto. No mínimo do mínimo, você me dá o que eu quero, duas ou três (por mim seriam inúmeras e incontáveis) vezes. Mas não há esperança ou bom senso no que jamais haverá sentido. Nós não somos um do outro dessa forma. Eu não sei se sou ou não suficiente o bastante pra você mas, eu me basto e isso é muito mais importante. Eu não quero insistir e te desrespeitar. Eu não quero arriscar o que eu já destruí. É melhor me afastar, mesmo porquê eu tenho ódio de você e dessa paixonite que você inventou de reviver, logo quando cada dia que passa sou eu quem quero ser sua. Não posso dar chances pro azar. Como todos os meus vícios, eu vou precisar da sua ajuda pra poder erradicar.</p><p>Eu sou tão grata por te conhecer. Eu te amo e torço tanto pelo seu bem. O que me estraga sempre é essa de me apaixonar, e acabar roubando pedaços de você pra me reinventar. Por isso afirmo que sou inúmeras vezes melhor depois de você, ainda que na essência, o meu fogo prevaleça. E pelo nosso bem, pelo respeito que tenho e porque não há mais nada o que ser dito e nem feito (tu podia volta atrás pra me dizer que ainda pensa muito em mim de alguma forma... que droga!), eu vou embora.</p><p>Eu volto assim que eu sentir que não é mais o seu cheiro, a tua boca e nem sua voz permeando minha cabeça antes de dormir. Eu volto quando seu nome não sair entre um peso dolorido das conversas sobre inexistência ou no meio da madrugada enquanto penso facilmente em nós dois. Eu volto quando eu puder te olhar nos olhos sem vontade de chorar ou te beijar por horas e te arrastar pra minha casa.</p><p>Eu não peço desculpas pela minha intensidade, mas por soar tão imatura partindo. É o único jeito que dá certo pra mim.</p><p>Até breve, meu (melhor dos seres humanos do meu mundo) amigo. ♡</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-47391086205356133822023-01-11T01:01:00.000-03:002023-01-11T01:01:58.595-03:00Confusão<p> A linha tênue da confusão, do sim e do não, uma corda bamba que é navalha, num abismo profundo e profundo que parece não ter fim. Um nó na garganta e um oco no peito. Lágrimas nos olhos e inúmeros pontos de interrogação pairando na minha cabeça. O mais legal é que finalmente eu não vou culpar ninguém... Maduro da minha parte, não?<br />Eu cresci um pouco. E que merda é a responsabilidade de cuidar de si. Sim, pois uma vez que você cuida de si, você também cuida do outro. É idiotice você, um bêbado ou usuário de drogas achar que não vai afetar ninguém usando suas coisinhas. É aquela citação do Ricky Gervais de quando você é idiota, e de quando você morre. Você não sabe de nada mas afeta sim os outros ao seu redor.<br />Um minuto pra meia noite e a melhor sensação pra mim é esta: o escuro, o barulho das teclas enquanto escrevo, o cheiro de amaciante no lençol que troquei hoje mais cedo. O peso moribundo do meu corpo cheio de ódio despenca estupendamente nos colchões no chão. O escuro. O silêncio. Aquela sensação de sentar-me a mesa com meu prato de cuscuz com feijão e bisteca frita com farofa yoki, zapeando o celular vendo coisas sem graça e comer no silêncio. Em casa. Na mesa. Quieta.<br />O meu quarto se tornou o meu refúgio máximo. Eu fujo de tudo e me sinto protegida. Ainda que caiam bombas, canivetes... Meu quarto me guarda, me dá o colo que ninguém pode me dar. Não por não querer, sou eu quem não sei receber afeto, e eu sei disso.<br />Meu terapeuta bateu mais fundo na tecla do autismo. Uma coisa é tu apoiar as causas lgbtiqiap+. A outra é teu filho se assumir pra você. Uma coisa é você apoiar as causas que defendem direitos dos portadores de TEA. A outra é você receber a porra de um diagnóstico de traços de autismo e daí partir pra autismo "vulgo leve" de suporte tipo um.<br />Meu pai acha que psiquiatra é coisa de louco, e que eu não preciso de remédios.<br />Eu não falo mais com a minha mãe e foi escolha minha cortar o vínculo.<br />Meu irmão faz chacota com o meu tratamento. Coisa de gente com frescura, né, depressão. Falta de carpir um lote.<br />Eu sempre fui chamada de doidinha.<br />Sabe quando fica insuportável você não conseguir nem conversar olhando nos olhos do teu melhor amigo? Quando dá nervoso pensar em ter que falar com pessoas? Sabe o que é passar por oito ou nove empresas dentro de oito anos? Sabe o que é ser uma merda de uma cabeçuda que não terminou nenhuma graduação? Sabe o que é se sentir um merda, um fracasso total e ainda ter a porra da remota sensação que nem teu corpo corresponde á porra da sua mente???<br />A Oyama me disse, por que não tentar uma transição de gênero, né?<br />Acho que a única pessoa pra quem contei em detalhes sobre isso, além do meu terapeuta foi, até agora, o Vitor.<br />Houve um tempo em que eu participava de grupos de mastectomia, cirurgia pra arrancar os peito. Eu tenho um binder bem cafona que eu fiz, seguindo aulinhas de lá. É uma faixa pra te deixar reto. Nessa época eu queria adotar outro nome pra mim. Nada de Diana, Venus... Não. William.<br />Porquê o apelido de William é Bill. E eu sempre fui Bia. E seria um dia, Bill.<br />Agora tu imagina a filha da puta, ser um indivíduo trans, sem gênero, bipolar e/ou autista?<br />Será que eu sempre soube que eu seria tão diferente do padrão, cara?<br />Não é possível. Eu disse hoje assim como já disse vários dias no passado, em várias preces lá do tempo que eu ainda acreditava em deus. porra deus, me faz ser igual a todo mundo. eu quero ser mulherzinha fofinha. Eu quero ter cabelo, unha, quero andar de salto. Quero falar fininho, ser educadinha, sentar de perna fechada. E que porra de cabeça eu fui criar? Alcoólatra, vadia, vagabunda, boêmia, tatuada, herege, maníaca.<br />Eu me tornei o pesadelo do meu avô, esqueci o nome dele, coitado.<br />Avelino, eu acho.<br />Meu pai me disse que eu não seria assim caso ele fosse vivo até algum tempo atualmente.<br />Meu pai pediu desculpas e colocou a culpa na minha mãe, de tudo isso né que tá acontecendo comigo.<br />Aí se não bastasse né, o pokemon evoluiu: Ateísta, não fuma, não bebe, não fode, vagabunda <i>pero no mucho</i> porque assumidamente eu falo que odeio trabalhar... e mais tatuagens, bem visíveis assim, medicada, relutando há anos pelos mesmos remédios, relutando com psiquiatra porque tem medo do que vai ouvir de volta depois de falar tanta merda. Até em matar minha mãe eu já pensei. Eu já pensei em forjar minha morte e fugir. Já pensei em me matar de verdade mesmo. E é horrível você achar que não vai fazer diferença. Meu pai ficaria muito mal. Ele achou que eu tava brincando, quando eu disse que penso e que já pensei muitas vezes em tirar minha própria vida.<br />As palavras ecoam na minha cabeça: bipolarismo mal tratado tende a tornar-se demência. Tudo isso é autismo não tratado. Puta que pariu eu não suporto mais ter que ficar pontuando o que eu tenho. Tava tudo bem quando eu era só uma beberrona adolescente dando a torto e à direita, revoltada, que chorava vez ou outra.<br />Atualmente eu me sinto perdida. Eu não sei nem que nome mais eu uso pra me apresentar pras pessoas. Sabe até que eu tô perdendo o ódio de "Beatriz". Continua cafona o nome composto. Mas nenhum deles me reflete. Nem Diana, nem Beatriz, nem Bianca, nada. Eu juro por tudo que é mais sagrado, eu só quero passar despercebida. Ninguém precisa saber quem eu sou. Eu quero ser esquecida, apagada da pequena e inútil existência de uma vez por todas. Eu não sou uma mulher, eu não sou um homem, eu não sou de lugar nenhum. Eu não quero nada além de observar. Eu gosto de fotografar justamente por isso. Hoje, não importa quem tirou a foto, importa lá a imagem que ela passa, a sensação que ela causa, foda-se qual é o meu nome.<br />Eu sinto que já morri em algum ano aí e continuo vagando, igual galinha sem cabeça correndo por aí. Tem um teste online de autismo me esperando na outra aba. Eu nunca senti tanta confusão dentro de mim igual eu senti hoje. Eu não sei nem dizer se é raiva, tristeza, medo... Não sei. Eu não sei de tanta coisa e gostaria de não saber muito mais, nesse paradoxo maldito de saber e não saber, onde quem não sabe é abençoado e quem sabe de fato não sabe merda nenhuma.<br />Tava tudo bem quando eu era só mais uma na cama de alguém, nos corredores vomitados, no silêncio absoluto da minha cabeça porque o som da balada era alto demais pra me deixar pensar em alguma coisa. Hoje eu sinto o peso dos trinta nas minhas costas e não é absolutamente nada do que eu queria ou do que queriam ou do que eu ouvi falar.<br />Qualquer caminho basta pra quem não sabe onde quer ir. Isso já foi dito de tantas maneiras em tantos lugares, e continua me ofendendo, lógico, mais perdida que filho da puta no dia dos pais.<br />O retrato do medo tá tudo aí escarrado nessas palavras. Eu me ofendo porque me odeio tanto porque não me encaixo em nada. Porque porque porque. Meu deus. Essa mania desgraçada de dar explicação das coisas, é irresistível. Eu preciso saber. É viciante, me entender. E quanto mais eu tento mais eu me perco e eu não sei nem do que eu gosto mais.<br />Eu não sei se continuo me isolando, se continuo com os remédios, se continuo trabalhando num lugar de merda que eu não gosto, se eu entro pra faculdade, se eu sou uma boa mãe, se meu filho tá sofrendo me vendo deitada na cama querendo dormir o dia todo. Eu não sei. Eu não sei o que eu quero da minha vida, não sei o que me faria feliz além da superficialidade maldita do dinheiro. Eu não sei. Eu tô farta de não saber o essencial. Quanto mais eu me trato, mais doente eu fico. Resolver as coisas simples só te põe de cara com coisas mais difíceis.<br />O retrato do medo te mostra um eu violento, autoflagelado e perdido. Inofensivo porém voraz. Autodestrutivo. Completamente insignificante. Eu poderia estar pulando de alegria mas não estou, porque finalmente eu me tornei a pessoa a qual eu gostaria de estar lá pra apoiar porque não há uma puta de uma mão pra se apegar. Na hora que o bicho pega e a crise te consome, sem remédio, sem bebida, sem amigos, sem telefonemas e sem palavras pra expressar o que você sente no meio de uma tormenta interna.<br />Não é por mal que as pessoas não acreditem que, aqueles que dizem "eu vou estar sempre aqui" realmente estarão. Eles não vão estar mesmo. E além disso, não há como ajudar. Não é uma escova de dentes que você enfia na goela e vomita tudo. Não.<br />Escrever é vital como respirar pra mim. O lance não é falar pra que alguém se importe, até porque ninguém além de mim mesma pode me ajudar. A coisa toda funciona pra sanar uma dor que eu carrego noite e dia, que não cessa, que eu não sei sanar. Um caminho sem volta, uma floresta escura, hostil, fria e ameaçadora onde não há como sair ileso. O inferno da sensibilidade, do perceber, e ainda assim não saber. O que me resta é literalmente além de me lapidar, usar minhas próprias cinzas e cacos pra transformar loucura e dor em crônica. Dor crônica... Irônico isso.<br />Loucura crônica existe? porque é isso que tá acontecendo comigo: o tempo passa e eu me sinto cada vez pior.<br />A morte deve ser assim mesmo, né? Vai apagando a luz devagar, um silêncio. O escuro. Quieta. Dormir é uma amostra grátis do mercado pra provar a morte no palitinho. No silêncio, sem pensamentos, quietinho, no escuro. Vai ver é por isso que é a melhor hora do dia pra mim. É experimentar morrer, silenciar e acalmar. Minha cabeça não pára um só minuto.</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-90084612168901196142023-01-01T01:29:00.001-03:002023-01-01T01:29:50.866-03:00De Passagem<p>Eu estava super ansiosa pra fazer aquela piadinha ridícula, de que estou sem tomar banho desde o ano passado. Houve, neste ano que passou, semanas que eu não consegui sair da cama, nem escovar os dentes, não comi e nem tomei banho, literalmente. Tá, não vamos começar frisando as coisas ruins.<br />Decidi começar o ano (ou fechar o ano) fazendo algo de significativo. Uns cinco minutos antes eu liguei o computador e me sentei pra escrever. Vi que iria demorar pra iniciar, deu que eu desci pra acordar meu pai e dar feliz aniversário pra ele. Meu pai. Se há um homem que sou incrivelmente apaixonada é ele. Longe dos clichês de que ele é um herói... Mesmo porquê estamos longe de sermos perfeitos. Falando dele, é um cara que tem uma puta história de vida. Passou fome, tirou cadeia, cresceu sem pai, ouvindo que ele e suas irmãs virariam putas e ladrões... Pegando coisa do lixo e descendo ladeira pra buscar água de balde, cresceu e andou no meio dos favelados, se amigou com a elite, se amigou com os criminosos, conquistou muito espaço. Nomes! ou codinomes; bahianinho, doda, jorge. O pardo, magro, de olhos verdes e cabelo black, discotecou bailes (inclusive no de quinze anos da minha mãe), vendeu bijuterias, limões, carregava sacolas pras madames nas feiras, vendeu espetinhos, até fazer carreira em industrias, uns lances de abrasivos, supervisão e tal. Na boa vida de ainda solteiro, minha avó Constância lhe dava um conselho, "<i>pára de gastar seu dinheiro com rapariga, vê se compra um terreno, faz tua casa que você não é herdeiro e não vai durar essa sua vida aí pra sempre</i>". O cara com vinte e um, constituiu família, construiu sua casa e não sei aonde, partiu para a que hoje, é seu paraíso na profissão: motorista de ônibus.<br />Eu nasci aqui em Arujá. Nunca gostei daqui, ao contrário do meu pai. Atualmente estamos vendendo a casa por conta de um processo judicial de separação dele e da minha mãe. Ele fala na cara de quem quiser ouvir, que tá rezando pra não aparecer nenhum comprador. É um desejo meio dividido entre ficar aqui, reformar, botar piscina e churrasqueira no quintal nivelado, ou partir pra vida de caiçara em Santos e viver da aposentadoria numa casa alugada. Eu lembro do Seu Paulo, pai da Aline, falando que ele não deve ligar muito pro meu bem estar, já que quer viver de aluguel e não vai deixar casa preu morar.<br />Eu penso que metade de mim morreria caso ele partisse. Além do óbvio, pelo amor que sinto, mas pelo conforto em inúmeras áreas que ele me proporciona. Dada a criação de um homem nordestino sem pai, assistido pelo avô militar, meu pai já passou uns bons bocados comigo. Não que eu seja ruim mas, nunca andei pelo certo... Enfim. Ele tenta me compreender muito. Ele me respeita. Ele discorda sim, de várias coisas, mas é isso. Não há nada além de orientação que ele me dá. Antes eu me sentia extremamente solitária. Quando a questão familiar pega no seu tendão de aquiles, fica muito complicado seguir em frente. Sabe, sem apoio dos pais, sem carinho, sem assistência. Eu sou aberta e assumidamente carente de afeto. Não há como cobrar algo de alguém que também não teve estrutura nenhuma. Venho de famílias estruturalmente fodidas e mal pagas. Sou, na medida do possível, a quebra do ciclo. Michael, meu filho, me perdoe caso eu não consiga suprir meu lugar de mãe na sua vida, eu estou tentando e morrerei o fazendo.<br />Falando nele, está com o pai neste ano novo. Guarda compartilhada de boca, sabe como é.<br />Eu pensei em sair ontem, hoje... Acabei que não fui pra lugar nenhum. Minha tia Márcia passou uma tarde conosco e, ouvir histórias da juventude deles é algo incrível. Peguei o fim de uma época que ainda dava pra chamar de reunião de família. Tenho a impressão de que a cada ano que passa, a minha família vai se deteriorando. Ou se regenerando. Depende do ponto de vista. O que será melhor: ostentar a figura de família perfeita, reunida, enchendo o cu de cachaça e falando alto, ou passar as festas cada um no seu canto?<br />São tantas e tantas comparações que pairam na minha mente, sabe? É melhor ser eu mesma ou ser parecida com todo mundo? Mas as pessoas não tem sua individualidade independente de seguirem a massa ou não? Qual é o preço de exercer esse seu espaço e parar de se podar pra entrar nos nichos de pequenos grupos nostálgicos e repetitivos? Vinte e seis anos e eu continuo me perguntando isso. Volto a afirmar que, é muito pior, muito mais difícil encarar tudo isso sóbria com remédio tomado. É tipo ser a flor que nasce no lixão. Estar cercada de toxinas e mesmo assim ser capaz de adornar algo na vida.<br />Algo que eu queria pontuar, e que comentei com o Vitor, o Edu e a Oyama, é o fato que eu odeio mudanças, e de como o tempo atropela as pessoas e as circunstâncias. Cá estou eu me balançando na cadeira ao som de Barões da Pisadinha mas há algumas horas eu estava chorando na cama porque escrevi algumas palavras, felicitações e saudades pra Yasmin. Cara, deu saudade do tempo que eu sentava na mesa da Belíssima da Armênia, pedia três, quatro litrão de Skol e tomava fumando com ela, dando risada pra caralho do trampo, dos homens, da vida.<br />Eu chorei porque se dependesse de mim, eu pegava tudo esses momentos, recortava e colava um do ladin do outro e vivia e revivia essa fita num looping. Eu sinto saudade de pessoas que cabiam numa época que não existe mais. Eles podem ser ou não os mesmos, mas eu com certeza não sou a mesma da semana passada. Lógico, há uns relâmpagos de "se eu não tivesse falado que amava ele, a gente tava ficando até hoje". Há umas indiretinhas inocentes com terceiras intenções. A parada é que meu coração é muito mais retardado que meu cérebro. Eu demoro muito pra desamar. Pra desgostar. Pra esquecer beijo, abraço, conversa, risada e presença. Cara, eu não esqueço, eu não supero, eu não sigo em frente.<br />Eu sei que o momento é extremamente propício preu ficar sozinha. Definitivamente eu não vou ter mais tempo pra farrear ou putanhar por aí porque a meta é casa-filho-faculdade e se pá trampo. É um grande desafio mas creio que tá na hora de crescer. Não tô dizendo que ceis são obrigados a fazer filho ou faculdade, não. São coisas que eu almejo.<br />Depois da lapada na cara que tomei da diretoria da Unifesp pela insuficiência de documentos pra provar que sou pobre, depois de dois foras que tomei do meu melhor amigo, depois das várias tentativas de retornar aos aplicativos de relacionamento, depois de tentar academia e tratamento endócrino pra emagrecer, depois de perder meu posto de madrinha de casamento da minha melhor amiga, depois de terminar um namoro que nem havia começado, depois de ter ouvido do meu irmão que eu preciso tomar jeito e rumo porque eu não tenho um trabalho que preste e que eu sou uma cabeçuda porque não terminei nenhuma das graduações que me dispus a fazer, depois de ouvir que meu filho parece autista, depois de chegar na 47ª tatuagem, depois de um ano e dez meses sem beber álcool, depois de muito energético, café, chocolates e algumas cores diferentes de cabelo, porra... Depois de tudo isso eu quero focar em fazer algo por mim, e a caralha da graduação em psicologia é tudo o que eu preciso pra saciar minha curiosidade sobre a porra da minha cabeça fodida.<br />Muitas vezes eu senti que se eu morresse eu não iria fazer diferença na vida de ninguém. Muitas. Sem brincadeira. Com o passar do tempo, meu filho provou que eu estava errada. Meu pai me mostrou que eu estava errada. Minha tia Márcia até, me mostrou que eu estava errada. O Gian. A Oyama. Ela já perdeu uma pessoa de grande estima. A questão não é morrer ou supor quem vai sentir sua falta. Mesmo porque quando morrer, acabou, já era, foda-se o que você supôs ou o que você acha. A vida segue. E nessa que a vida segue, a gente tem que aproveitar que tá aqui nessa bosta e fazer alguma coisa por nós mesmos. Porra, várias vezes eu falo com o terapeuta, eu não quero viver somente pro meu filho, quero viver por mim.<br />Sabe, tô olhando uma folhinha aqui que eu escrevi algumas coisas pra 2023. "O que desejo?"<br />A princípio, mudar-me pra Santos, Entrar na Universidade pra cursar psicologia, Vender a casa, Trabalhar pela manhã e providenciar os documentos da casa. Rapaz, e não é que escrevendo e esmiuçando essa porra eu consegui devagarinho ir atrás da escritura do imóvel? Tá lá em tramitação interna na prefeitura mas tá na cara do gol. Dei uma pesquisada: o aluguel em Santos é caro preu bancar sozinha. Além do mais, Michael vai começar agora numa escola nova... E o curso de psicologia na Unifesp de Santos não está numa boa colocação dentre os melhores. Decidi por cursar na primeira que aparecer, na primeira que der pra entrar com a minha nota no vestibular.<br />Saca, tudo isso que eu tô falando, de lidar com obrigações, trabalhar, ter (ou não) grana, ter (ou não) amigos, lidar com sentimentos, sonhos, desejos, por deus. É difícil demais viver e manejar tudo isso. Falei pro Vitor que eu cresci vendo muita novela da Globo com a minha mãe e que fui adepta de uma lavagem cerebral. Como que os personagens tem casa carro amigo mulher grana, tipo eles não sofre quase nada, e são bonitos ainda por cima! Eu achei que dava pra ser assim. Se vocês soubessem o ódio que eu tenho de histórias do tipo <i>eles são amigos de infância, cresceram juntos e se apaixonaram e viveram felizes pra sempre</i>, CARALHO!<br />Bem, o intuito disso aqui era simplesmente fazer algo significativo. Escrever é libertador, preciso dar um descanso pro meu terapeuta e tem coisas que não dá pra falar dentro de quarenta e cinco minutos. Como eu disse pro Michael enquanto caminhávamos uma longa avenida de acesso a praia do boqueirão: a vida é tipo um dia cinzento que tu desce pra praia. Ainda que você esteja cansado, você vai continuar caminhando. Ainda que o tempo pareça só fechar e o sol não venha, você continua caminhando. Porque você tem o objetivo de chegar na praia. Então você continua caminhando em busca do seu objetivo por mais dificuldade que tenha.<br />Que eu possa caminhar mesmo cansada, mesmo quando não haja sol, em busca do que quero. E que você também continue caminhando. Tipo, se você pensa em morrer, eu não acho justo, sabe? Somos gente de bom coração. Não é justo passar por essa vida sem experimentar coisas novas, uma música numa língua diferente, um salto de paraquedas, um banho de cachoeira, uma viagem de ônibus, uma comida esquisita, uma paixão ardente, um amor recíproco, uma vitória suada. Merecemos viver e cabe a cada um de nós se libertar de amarras do passado e de terceiros, pra ir de encontro com o que somos e com o que desejamos.</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-59434058019590577402022-07-12T05:18:00.000-03:002022-07-12T05:18:00.372-03:00Brasa em síntese <br /><br />A linguagem corporal não mente<div style="text-align: left;">Tudo voltado pra você e pra quê essa esquiva?<br /> Vamos dar uma volta na esquina<br /> Não me diz que sou sorte apesar da franqueza <br /> Eu jogo limpo como ninguém<br /> E eu conpreendo a sua tristeza<br /> Que tanto se parece com a minha, de tantas outras coisas que não me deixam sentir sozinha<br /> Deixa eu pegar na sua mão, eu não aceito 'não'<br /> O meu batom quer te deixar um borrão<br /> E eu quero seu beijo, suas mãos que atravessem minha roupa, que eu sinta sua boca pairar<br /> Eu lembro do cheiro, o reflexo da luz no teu peito <br /> Uma obra prima pintada em nanquim <br /> Esperei tanto pra acabar assim e quem disse que eu quero que isso acabe?<br /> Não me diz que haverá outra vez, quando eu gosto eu exijo o replay e da próxima eu vou direto ao ponto<br /> Agora que já tá bem claro o que quero eu fecho a boca e pronto<br /> Deixa eu sentir o seu calor, sua fúria, sua dor,<br /> Meu jeito de curar é escuta, prazer e torpor<br /> E eu quero incendiar a sua cama ou a minha<br /> O que me importa é sua companhia <br /> Eu sinto seu gosto, o gozo, o suor correndo do meu rosto<br /> Eu pensei tanto em você essa semana<br /> Eu te atraí como eu queria pra minha cama<br /> Deixa o silêncio perpetuar quando eu te perguntar<br /> No que você está a pensar<br /></div>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-6853235136582546052022-05-25T05:56:00.001-03:002022-05-25T05:56:35.370-03:00Xícaras<p>Silêncio com o eventual tic tac do relógio de parede na cozinha. Aquele azul marinho profundo e sonífero das quase cinco da manhã. Um cappuccino improvisado e várias xícaras sem uso no armário. Comentei com o Vitor que eu havia caído no sono às nove e me levantei 4h. Não há muito o que fazer, eu disse, estou sem notebook. E então, inspirada por um post de vida interior da Lúcia Helena, vim escrever os fatos notáveis da minha medíocre passagem pela Terra.</p><p>Havia um medo irracional acerca do que eu escrevia anteriormente. Parecia que tudo dava num beco de tragédia anunciada, ou que alguém torcia secretamente pra tudo dar errado. Eu tinha medo da forcadas minhas próprias palavras. Hoje e esses dias todos, deixei ir muitas bagagens antigas. Uma paixão não correspondida, dinheiro que vai e vem, frustração com a universidade, uma oportunidade de viver um romance com alguém realmente disposto à me entender e me acompanhar, e claro, escrever gentilmente como exercício terapêutico. Ou você acha que eu escrevo pra quê?</p><p>Vamos por partes. Tirei umas noventa toneladas das costas depois de muito ruminar e despedaçar quais eram as reais intenções entre eu e o indivíduo. Como a Oyama disse, tivemos sim um relacionamento, ele só não teve rótulo. Dos peperos levados da Liberdade à Barão, das sementes de maçã e admiração exacerbada, sobraram um acordo amigável de ambas as partes. Chorei sim, normal, eu vivo chorando. Mas houve alívio. Eu precisava saber porquê e a resposta era muito simples. Meus amores, não somos obrigados a retribuir nada. Dói? Claro que dói. Mas, uma vez que você compreende a liberdade do outro igualmente como a sua, sua cabeça explode e você solta aquela corda das mãos. Deixa estar. Deixe ir. E tudo bem.</p><p>Me pus num diálogo interno moral comigo mesma sobre pra quê e por quem ser uma pessoa melhor. “Pra você, caralho!”- esclareceu Nick. Não tão óbvio pois parece que às vezes quero provar algo inconscientemente pro meu terapeuta ou pra todas as pessoas que já tomaram um ghosthing meu. É o seguinte: toda vez que sou rejeitada, eu sumo da vida da pessoa de uma vez por todas.</p><p>Pra quê ser uma pessoa melhor e não sumir da vida de alguém que quer meu bem mas não quer minha carne? Juro que escrevendo parece mais ridículo do que já é mas faz muito sentido na minha cabeça. Suma! Eu não sou obrigada a ficar revirando uma ferida, de inúmeras feridas de rejeição. A merda é que ele parece gostar de mim mesmo, quer cuidar, quer me ver crescer, quer me ver bem. Pra quê ser alguém melhor? As pessoas não pensam duas, sequer uma vez em te foder sem dó, em fazer o que elas tem vontade passando por cima da tua cara. E eu aqui pisando em ovos pra não ferir ninguém. Eu não lembro se alguém já disse que sumir é infantil. É óbvio que já disseram. Mas e daí?! Quantos já me seguraram garantindo uma transa e dizendo não quero, não dá, não é bem assim, não precisa disso e daquilo. Porra, esses seres são melhores que eu? Eu tô errada em erradicar essa putaria em cima dos meus sentimentos?</p><p>As pessoas ignoram tesão. Ignoram no sentido de invalidar. Poxa, eu me envolvo sexualmente com algum afeto. Não necessariamente amando mas tem ali alguma coisa afetiva. Amar eu amei duas vezes em vinte e cinco anos. Amar de tremer, de gozar, de arranhar, de suspirar e pensar “puta que pariu eu posso morrer nesse exato momento porque vou morrer feliz nos braços desta criatura".</p><p>Às vezes não dá tempo de ter final feliz ou precisa mesmo cancelar a série por falta de alguma coisa. As coisas terminam porquê há melhores por vir e caralho, dessa vez isso faz muito sentido pra mim.</p><p>Um querido me disse que a vida é sempre o contrário do que você espera, e nisso ele me exemplificou um flerte com zero confiança que resultou num namoro pra ele. “As pessoas gostam de gente direta". Eu fiquei horrorizada, porra, mais direta do que eu sempre fui?! Lógico, nunca cheguei em alguém de cara e “vamos nos casar". Lógico que não. Eu sondo a pessoa, eu conheço a pessoa, eu cativo a pessoa e me torno melhor amiga dela. E eu paro por aí porquê o espaço que eu ocupo na vida dessas pessoas tá ali. A amizade. A maldita amizade. Eu acho inconcebível me relacionar com alguém que não conheço o suficiente. Cara, como assim, será que não fui direta a vida toda? Bem, a verdade é que quando um método não funciona, você precisa mudar. E eu mudei.</p><p>Meu terapeuta, meu amado terapeuta, mudou uma chave na minha mente a respeito de relacionamentos na semana retrasada. Eu disse que não achava justo ter um relacionamento sendo toda cagada da cabeça, pois era um fardo péssimo de se dividir com alguém que se ama. Eu realmente me importo em não derramar minha dor no outro, piorou se eu o amo. Enfim, a bênção clareou minha ideia explicando que uma das funções de um relacionamento é justamente suprir necessidades de partilha e aliviar um pouco a dificuldade da vida, e não há nada de errado em querer bonificar um campo da vida enquanto se resolve as outras coisas enquanto isso. Fora essa coisa da dona Diana achar que não é digna de afeto. Mulher, pare.</p><p>E imediatamente eu bati o martelo. Quero namorar. Agora é sério. Quero carinho, quero dividir meu playstation, quero apresentar meu pai e meu filho, quero quebrar sua cama, quero chorar com você, quero cantar com você, quero te apresentar queens of the stone age, quero te incentivar a crescer, quero botar pilha nos seus sonhos mais impossíveis, quero foto, quero aliança, quero falar de você pra todo mundo e te exibir como a estatueta do oscar e o gramofone do grammy. Azar é de quem perdeu essa posição na minha vida.</p><p>A vida é um grande carrinho de compras em que a gente vai e volta do caixa tentando passar um valor que caiba no orçamento. No meu caso é o foco que me custa muito caro. Decidi, foda-se, vou focar no meu namoro em potencial e daí resolvo a universidade e o trampo. Prioridades, meu bem. Cada um com as suas, não me julgue. Eu tô realmente cansada de ficar sozinha. Quero carinho, preciso ser cuidada, já me machuquei demais, quero um amor gostoso e simples com gostinho de fruta açucarada, beijo de novela, aquele olho no olho intenso que parece uma transa na frente de todo mundo. Eu mereço isso pelo amor de qualquer coisa que tu acredite.</p><p>Havia um campo pra responder “namorar comigo é como...” no aplicativo onde eu encontrei a coisa gostosa. Namorar comigo é como andar de moto, pular num vulcão, nadar num maremoto. Minha intensidade é a melhor e pior coisa sobre mim. Estar comigo exige muito sim, reconheço. Não sei se pra você é fácil mas, eu espero reciprocidade sobre ser amiga, amante, parceira, cúmplice e mulher... eu me garanto nisso tudo.</p><p>Acho que o must da vida tá aí nesses assumires das coisas. Não é só bater no peito e assinar as consequências do que pintar e tal, desculpa, Leminski, mas é preciso caminhar de encontro o que você quer com o menor número de passos em falso possível. Eu tive uma crise ferrenha com o lance da universidade. Chorei, me senti uma merda, de novo as coisas dando errado, chega uma hora que eu penso mesmo se essa porra é pra mim porquê não é possível dar errado tantas e tantas vezes. Enfim, tudo bem. Meu pai é o maluco que tá feliz de me manter em casa porquê tenho tempo pra cuidar do baby, de mim e dos afazeres. Mas eu quero sair, quero passar raiva com gente babaca no trabalho e quero principalmente dinheiro. Tudo bem, a gente tenta de novo. Pior do que vocês falando que eu tenho tempo ainda pra estudar, sou eu surtando com as coisas por não saber esperar.</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-8265666188125979942022-05-15T10:49:00.000-03:002022-05-15T10:49:28.103-03:00Quinze minutos antes da terapia<p> Há pessoas que acreditam piamente da atração das coisas pelo pensamento. Por muitos anos desejei secretamente morrer e acho que fui atendida. Em plena balada assumi, pra um estranho, que me sentia velha, cansada e morta por dentro. Fase de baixa? Crise depressiva? Pois bem, eu levo a vida de um cadáver.</p><p>O que é estar vivo? Por que se sentir dessa forma me afeta tanto, o sentir me afeta tanto? Me sentir vazia é a única rotina. É fácil identificar quando você passa a maior parte do tempo ocupada com alguma coisa pra não ter que pensar no resto que você deve resolver. Você está trabalhando pra pagar as contas dos gastos que você fez tentando suprir o seu vazio com comida e cultura numa tentativa frustrada porque você não sabe muito bem o que quer e se sente uma merda porque seu trabalho é ruim e você é uma preguiçosa de merda que não tem energia pra mudar seu cenário. E você gasta mais, e deve mais, o vazio aumenta, a insatisfação te toma e você larga o emprego, nada te atrai, você se sente merda mais ainda porque não consegue suportar condições insalubres e um salário de merda. E se sente merda por reclamar, porque não pode. Eu sou uma ingrata e orgulhosa, teimosa que só insiste no que faz mal, querendo amar do jeito certo e morrendo ouvindo ele falar de uma pessoa que toma o meu lugar.</p><p>A culpa me toma porque eu tenho ávida demais a dicotomia, eu preciso amar do jeito certo mas o desejo de posse é maior que eu. Os pecados são maiores qie eu. Meu corpo treme, tudo vai desabando e eu me sinto afundada em dúvida e desespero silencioso. Eu grito e me rebato nas paredes do meu corpo, eu preferiria morrer porque não vejo cura no que tenho e eu nem sei o qie tenho. Os remédios não sanam, eu não me conheço, eu me odeio e eu me mato todo dia e é uma angústia morrer todo dia.</p><p>Não posso escrever, não posso falar, porque as palavras não traduzem o arrombo do peito, essa dor de estar aqui, o choro de não querer dormir mas aparentemente ser o mais perto da morte. Morrer seria um alívio mas eu não posso dizer isso porque seria ingratidão. Você não está satisfeita em destruir sua família? Como seu filho vai ficar? Se seu deus existe, por que ele não ouve meu pedido? Talvez porquê eu esteja pedindo pra pessoa errada, já que eu vou pro inferno, quem deveria me buscar é o diabo. Suicídio. Mas meu corpo é tão maldito que não quero sentir dor e tenho muita preguiça. Eu me jogaria num campo de espadas.</p><p>Eu sequer consigo chorar. Eu não quero chorar. Eu não quero sentir. Eu não qiero respirar. Eu quero morrer pra acabar com tudo. O que demanda paciência, dinheiro, a energia que eu não tenho. Eu preciso de ação mas nem pra morrer eu não tenho vontade de levantar e meter um canivete na jugular com precisão. </p><p>O celular escapa das mãos enquanto eu escrevo. Eu tenho psiquiatra marcado. Eu quero quebrar o jejum do álcool. Nenhuma comida mata essa fome. Nenhuma pessoa me ama. Eu sequer entendo o que é amor. Era pra ser livre e deixar livre mas eu sou uma dependente de afeto de merda e preciso de gestos de carinho pra me sentir importante. Eu tenho nojo de abraços porque soam falsos. Quem transa comigo só goza e vai embora. Sou uma caixa d'água de sêmen, suor e saliva, gelada e podre mas inteiramente sólida e concreta. Firme e forte. Onde eu errei? Qual é o meu problema? Se eu me perguntar por que não mereço ser amada eu evito a resposta. Chega me deu sono. Prefiro dormir e ouvir uma música no repeat e esperar meu terapeuta. O que eu vou falar pra ele? Ele vai dizer, é o remédio, precisa tomar. Precisa de paciência pra essa vida maldita sua ingrata do caralho. Tem duas perna, dois braço e não faz porra nenhuma sua filha da puta. Levanta. Não. Não consigo.</p><p>É um limbo morno e silencioso. Você pensa que está tudo bem e as luzes se apagam uma por uma e a solidão te engole. A incompreensão me devora porque nem eu mesmo me entendo, por que alguém entenderia?</p><p>Eu sou arrastada por um só pé. Minhas costas não sangram mas ardem pelo atrito da carne, as roupas e o chão. A dor é aguda mas não é externa. Não tem como tirar. Ela volta e volta e volta. Inquilina fiel. Devoradora ávida do meu espírito. Um grude desgraçado e eterno pra alma de outras vidas. Amaldiçoada com os olhos abertos e uma percepção que nunca me serviu de nada além de trazer amargor. Do que você sabe, sua ignorante de merda? Você é burra, incompetente e idiota. Continua insistindo aonde você sabe que não tem retorno. Regue suas plantas mortas, coma os frutos podres, abre tua vida pros estranhos, seja usada e descartada na sarjeta. </p><p>Eu me sento amarrada numa cadeira no galpão gelado em luz fraca. Estou suna, impregnada e sangrando. Um peso no peito não me deixa levantar mesmo qie não houvessem cordas me amarrando. Minhas mãos estão no meu pescoço. Eu não quero relutar. Me matar logo, tá demorando demais. Sou eu mesma quem me assiste de pé disferindo socos e chutes na minha figura miseravelmente sentada. Eu e eu. Egoísta. Escrava. Eu me ponho como um tapete, passe por cima da minha dor pois estou fazendo o que é certo, amando sem posso, deixe-os em paz e livres. Você não merece ninguém e ninguém te ama verdadeiramente. Você só serve pra ser usada e descartada, mil vezes e mil e uma.</p><p>Minhas mãos são gélidas. A garganta tá cheia de vácuo pro peito. Sangue, secreção, suor e saliva. Não tem cura e nem saída. O beco se estreita ao mesmo tempo que a estrada por onde sou arrastada nunca acaba. É um carro na velocidade média e faróis altos num entardecer azul e verde com pedra e árvores. Cheiro cinza, poeira e o anestésico de vinte e cinco anos sendo arrastada. Dói mas não dói. Qual é meu nome? Não tenho nome, não me chame, não precisa. Vão me usar de novo. E de novo. E mais uma vez porque eu sou descartável. Eu não tenho importância e nem faço diferença. Um poço de ignorância e egoísmo interminável mas pise em mim por favor porque eu aguento tudo.</p><p>Minha cabeça coça. As mãos são oleosas como o rosto. Um tremor estranho e um sono enfeitiçado. Eu quero morrer mas estou em cima do muro. Fui enterrada viva. Eu não tenho amarras apesar da corrente no tórax. Estou livre com pés e braços sadios mas putrefatos de preguiça. Sou um jarro bonito e vazio, sou coberto do material mais valioso do mundo, a ponto de se esmigalhar mas há a sorte e o vazio</p><p> E acredita em quem eu acredito mais?</p><p>As palavras engasgam como pedestres famintos trafegando numa via improvisada. Estou cheia e estou vazia. Cheia dessa merda. Tô cheia de me sentir assim, de fazer tudo certo e nunca nada dar certo. Eu não mereço minha saúde e nem meu corpo porque ele não é bem aproveitado. Oh deus que me deste a bênção da vida, aproveita e tira de mim já que eu não a usufruo como deveria ser. Eu quero beber. Eu quero morrer. Eu quero toxinas, eu quero remédio e bebida. Eu quero tirar as mãos do meu pescoço mas eu não consigo. Não me deixe saber aonde está a veia no pescoço, apesar de que meu canivete está longe ali, logo ali no armário. Eu vou pedir pra alguém entregá-lo na minha mão pois estou muito cansada pra ir até lá. </p><p>É denso demais, patético demais pra sua pena. Estou pensando em como me enforcar sem conseguir desatar o nó do pescoço às pernas. O escuro me conforta. Eu sinto tanto frio. Me encolho e coço a cabeça. Vontade de raspar tudo de novo. Nunca vou ser bonita ou normal. Nunca serei equilibrada ou falarei baixo. Além de burra é exagerada. Dramática que me entedia. Nossa ela precisa de ajuda coitada. Por que não pede? Eu acho que vai incomodar. Tá reclamando por que ingrata? Ingrata. Você não dá valor pro que tem. Ingrata. Amaldiçoada com os olhos abertos para a farsa dual do ser humano iluminado e o ser humano podre dividindo o mesmo espaço num só corpo.</p>.http://www.blogger.com/profile/15349932483540130912noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-30399678501472535622021-09-07T14:35:00.004-03:002021-09-07T14:35:59.126-03:00Só um Ponto de VistaEu fiquei muito doente do meio da semana até então. Vou tentar detalhar o máximo de coisas possíveis, apesar de não ser tão difícil de esquecer o montante de tolices recorrentes.Eu estava preocupada demais e ela percebeu, só não entendeu porquê.<br />“...êêêê. O que é, caralho?!”<br />Ah, você sabe... Acho que não vou passar nisso aqui não. Só vim pra ficar doente, aparentemente.<br />“Mas o que aconteceu? Você não tava gostando?!”<br />Eu estou gostando, e muito. O foda é que, nossa... Vi eles rindo lá, falando de mim, olhando pra mim e rindo, eu tô com muito vergonha. Tô me sentindo ridícula. Foi o auge do ser patético.<br />“O que você fez? Porra, me impressiona você, surda pra caralho, saber que eles estavam falando de você.”<br />Cala a boca, se eles estavam olhando pra mim e rindo, com certeza deviam estar falando de mim, e não é pra menos: eu saí de lá toda desengonçada, fungando, com óculos, cheia de papel de bala e anotações infinitas, garrafa d’água, os brincos que eu tirei pra não bater no telefone... Ele me disse ‘vai lá que os supervisores querem falar com vocês do treinamento’ e aquela merda do meu lenço cheio de ranho caindo no chão... Meu deus, que vergonha.<br />“Meu... Você é muito trouxa.” – Diana riu por dentro e eu senti vontade de rir também. Eu sabia do drama que estava fazendo mas, eu realmente estava uma pilha de nervos.<br />A minha confiança é algo extremamente frágil, tanto quanto eu sou frágil para com ar condicionado. Eu contei essa mesma história umas cinco vezes. Quanto mais eu falava, menos idiota eu me sentia.<br />“Uma nerd catarrenta.”<br />Sim, uma nerd catarrenta. Sinto orgulho de mim por isso.<br />As coisas estão 110% na minha cabeça. Eu me preocupo com isso também. Sabe, uma só falha faz com que eu me esqueça de todo caminho árduo e pecinhas recolhidas ao longo dessa trajetória, não importa o quão longa ela seja. Eu ainda não admito falhas. As minhas falhas. Eu não me permito errar. E cara, isso sufoca.<br />Eu andei estudando coisas além do que precisava, sabe? Não é só processos bancários, ou investimentos, ou simulados do Enem, não. Há uma pontinha de mim que precisa daqueles “auto-ajuda” que não são auto-ajuda, aí eles chamam de <i>determinado número de lições para aprender com algum pensador ou famoso que a gente acha que foi legal mas no fundo ele foi um merda mas a gente tem que enfiar o contexto histórico no rabo</i> e etc. Eu tive uma lembrança um pouco dolorosa no meio disso, que, uma das lições recomendadas era justamente, reprisar a sua própria história.<br />Quando eu era mais nova, eu olhava as páginas biográficas da Wikipédia e pensava ‘eu quero montar uma dessas’ mas isso parecia extremamente sem noção. Coisa de quem não tem o que fazer, ou sintomas de um futuro adolescente ególatra. Não adiantou bulhufas, perdi a ótima oportunidade de registrar episódios da minha vida, ter uma ferramenta de auto conhecimento em mãos e me tornei uma pau no cu do mesmo jeito.<br />Por muito tempo eu achei que amigos não deveriam me corrigir. E nem eu á eles. A verdade é que cada um faz o que quer, e nem sempre as pessoas realmente se importam com você. Eu tive péssimos exemplos dentro de casa, então quando alguém quer me corrigir eu já penso nos meus pais. Ter uma vida sexual desenfreada não é saudável pra mente e nem pro corpo, mas eu só consigo pensar na minha mãe me chamando de vagabunda. Usar drogas nunca foi benéfico pra ninguém, há sempre algo que a gente quer ocultar, uma falha, uma falta que a gente preenche com tóxicos. E quando eu falo de droga eu não quero dizer álcool ou cocaína, eu incluo remédios e açúcar também. É tudo toxina. Tudo isso faz mal, mas insistimos que não, que tá tudo bem injetar uma vez ou outra, uma colherinha a mais de açúcar no café não vai matar. Os meus amigos, os que restaram hoje, puxam minha orelha de leve. Edu sempre me lembra que não é bom se isolar completamente. Aline me pede pra não forçar as coisas demais, pra respeitar meu tempo e não me cobrar tanto. Vitor, nas raríssimas vezes, me surpreende como quem diz ‘eu guardei tudo o que você me disse ao longo do tempo, então faça jus ao que você quer pra si’ – e mude. E é foda você olhar pras pessoas que você mais ama e estima no mundo e ficar sem saber o que fazer. Não adianta dar razão se eu me mato de dar conselhos á eles também, porque quero vê-los bem, mas eu não faço nada em relação á mim mesma. Muitas e muitas vezes.<br />Acho que ser meu amigo não deve ser fácil. Anos e anos e eu ainda alerto a Aline, ‘não liga pra mim que eu tô com um mal humor dos diabos’. É engraçado. E é maravilhoso.<br />Voltando... Eu gostaria de escrever um pouco sobre tudo o que vivi. Lógico, eu o faço. Eu o fiz. Apaguei, adiei, refiz, dei uma mascarada em muita coisa, omiti nomes, deixei de revisitar situações de muita dor. A vergonha é uma questão pra se trabalhar. E eu me perguntei isso ontem: <i>do que porra tu tem vergonha?</i><br />Credo, quando eu penso numa resposta, tipo, por onde começar... Eu me sinto esquisita. Penso logo nos primeiros anos de vida escolar. A promessa da geração, hiper inteligente, super zoada. Chega a ser ridículo o quanto nos impacta a merda de um julgamento pelo corpo. Falavam do meu peso, das minhas bochechas, dos meus dentes. Eu não corria o bastante. Eu sempre fui extremamente sensível. Ultra sentimental. Um coração enorme, de muito perdão, de muita tolerância, e eu não entendia o que havia de errado comigo pra me encherem tanto o saco. Mas, a promessa da geração permanecia ali com notas altíssimas.<br />Eu tinha o dom de me apaixonar muito fácil desde criança. O que eu não sabia era esconder... Nossa, que desgraça. Sabe aquilo de, “ele está vindo, aja naturalmente”? Não era comigo. E nessas era mais pano pra manga, não é? O que era pior do que ser gordinha e estranhazinha? Justamente, ser o alvo da gordinha estranhazinha.<br />Desde muito cedo eu busquei afeto na rua. Quanto eu digo hoje, que é muito chato conhecer gente, acho que tenho a mesma cabeça lá de trás, sabe? Transar com qualquer babaca que tá afim de você é muito mais fácil do que partir a cama várias vezes com alguém que se vai conhecendo gradualmente e no fim descobre que é um completo boçal. Dá até nojo tipo, como eu sentei nisso daí??? Porra. Era muito mais fácil. Mas não é mais pra mim.<br />Que merda, quando eu falo de passado eu caio sempre na mesma coisa de falar sexo. Estou me comprometendo demais nisso aqui. Se eu puxar mais coisas, eu acabo ficando triste, sabe? Ok, do que mais eu tenho vergonha?<br />Lá do passado, sei lá eu me forcei a esquecer de tanta coisa. Eu lembro que tentei muita coisa e muita coisa deu errado. E eu não tive culhão pra me manter de pé. Quando algo dá errado, meu amigo, eu surto. Eu, incrivelmente consegui me formar em música. Terminei o curso técnico no mesmo ano e mês que o ensino médio. Eu nunca voltei lá pra pegar o diploma, mas tenho um canudo. E ódio. Pneso que se eu tivesse feito outro curso, meu currículo talvez seria melhor. Coisa de gente sem objetivo definido... Eu reconheço isso em mim muitas vezes.<br />Eu tive oscilação entre empregos ruins conciliados com faculdades de zero comprometimento meu. Trabalhei numa cafeteria, numa loja de chá, num restaurante <i>fast-food</i> de camarão, numa lojinha de <i>frozen yogurt</i> e num restaurante do centro industrial da minha cidade. Em ordem de o que eu mais odeio pro que fodeu menos minha cabeça, eu curti muito a Vivenda. Me custou uma fagulha de sanidade? Sim. Evoluí como profissional e gestora? Sim. Também vi o quanto eu sou otária. O quanto eu faço esperando reconhecimento. Eu espero aplausos e espero gratificação. Nossa, ela faz alguma coisa. Uau. Parabéns.<br />Eu fico triste quando penso nos cursos. De trabalho até que não me importo muito, até me orgulho que, não passo muito tempo parada. Eu não preciso imprimir quinhentos currículos porque sei que serei chamada mais dias ou menos dias.<br />Eu tentei bacharelado em canto popular, caí fora. Tentei bacharelado em filosofia, fique um ano, meus documentos no fies falharam e eu teria reprovado o ano de qualquer forma com as DPs estouradas. Se eu não gostava de determinada aula... Tchau. Oi, bar.<br />Eu tentei técnico de cozinha. Grávida. Que idiotice. Hoje eu tenho plena certeza: eu odeio cozinhar.<br />Comprei um curso livre de matemática. Vitalício. Comprei aulas de disciplina com filosofia. Comprei um curso de marketing e <i>branding</i>. O ultimo foi, pelo menos, transformador. É maneiro de conhecer, sem encarar de uma forma mais limpa, sóbria e honesta.<br />Eu fui muito vítima dos meus desejos. Dos vícios, sabe? Ah, se eu quero eu faço e foda-se. É, arca aí com as consequências agora.<br />Eu fui escrava de mim mesma. Eu fiz tudo o que eu queria e puta merda. Nessa vida, tu não vai fazer o que você quer não. Tem que fazer o que é preciso, também.<div>Tem uma coisa que eu não tenho vergonha hoje: é dessa exposição involuntária.<br />Quando eu venho aqui falar dessas coisas todas que passei, quando revisito essas lembranças, e principalmente enquanto escrevo, tenho em mente de que, faço isso pra mostrar que é possível. É possível externalizar, analisar, se reencontrar, seguir sim auto ajuda da merda que você quiser fazer, e que mesmo que esteja dando certo pra você, vai ter gente que vai rir da sua cara e achar que você está perdendo tempo. E cara, eu não me envergonho disso. As pessoas, eu já disse, elas fazem o que querem. Mas eu sinto de alguma forma que, assim como Buk ou Lispector foram muito claros nas suas falas, eu posso ser clara e honesta com você, expor todas as minhas fragilidades, coisas que você e muitos outros vão julgar como fraqueza ou falta de noção. Eu não ligo. Vai ter alguém que vai me ler, olhar pra tudo isso, rir e chorar, e pensar lá no fundo bem baixinho, ‘caralho, é possível’.<br />A comparação é um veneno letal.<br />Sinto que o brasileiro em especial, cristão, que ama a miséria de espírito e de intelecto, se apega tanto ao sacrifício (alheio de preferência), que bate muitas vezes na mesma tecla do outro, do sofrimento, da migalha, seja lá qual for a área. A gente cresce batendo palma pra um homem na cruz e na primeira oportunidade que te aparece de julgar o outro, tu usa ele, ‘porra, foi por você que ele fez isso’. Ou então, o que eu vejo frequentemente por exemplo, são os pequenos empreendedores (to falando sério, aquela pessoa que tem um CNPJ e faz desde a fabricação á venda e exposição e marketing e tudo sozinha), que são apontados como fúteis quando querem engajar num movimento ou rede social pra falar do seu trabalho e nossa, que menosprezo do caralho. E é incrível que quem menospreza é justo quem não faz merda nenhuma. Ah, tu quer ser professora? Vai lá pra dentro da favela ensinar tal coisa. Pois, eu vou, é lá mesmo onde quero estar pra aprender e trocar com os meus futuros alunos. Ah, tu quer mudar o mundo? Sai dessa. Você quer vender coisas sozinho? Sai dessa. Continua aí, assim como eu, na zona de conforto com merda até o pescoço e um medo berrante das coisas darem errado. Se tem alguém que pode fazer, os bilionários, os famosos, não sei, o papa.... Que façam eles alguma coisa. Eu? Eu vou é reclamar. E ainda enfiar o dedo na tua cara porque tu tá passando vergonha. Tá pagando de <i>influencer</i>. Tá levantando uma bandeira fadada ao fracasso. Você quer abraçar o mundo com um braço só.<br />E etc etc etc<br />Pode reparar. As pessoas, repito, elas fazem o que elas querem. Não adianta eu querem enfiar esses vídeos de auto ajuda que não são auto ajuda (mas que me ajudam) nos meus amigos. O que é bom pra mim, não vai fazer sentido pro outro, ainda que eu tenha a melhor das intenções. E é isso. A gente vive numa cultura onde buscar ajuda é coisa de fraco. Reclamar é o negócio... Mudar? Aprender algo novo? Ah, pára, isso é coisa de quem não tem o que fazer.<br />E infelizmente, a gente acaba dando ouvido pra uma coisa ou outra ali de tudo o que citei. Dá uma derrapada na curva, porquê muitas vezes vem de onde a gente busca o conforto e apoio.<br />Eu li uma frase muito boa da Sheila Barden que dizia, que adultos são crianças espelhando ou espalhando traumas por aí. Vocês acreditam que eu, até hoje não consigo perdoar meus pais por uma centena de coisas, mesmo sabendo da história de vida fodida que eles tem?! Pelo visto os sintomas de adolescente ególatra ainda habitam em mim. Mas é um caminho. É um inferno, eu sei de muita coisa, eu tenho consciência de muita coisa mas não sei lidar e não sei como corrigir.<br />Eu tenho vergonha dessa minha relação cagada com os meus pais. Gostaria de ser aquela gorducha de mais tolerância e muito perdão que um dia eu fui. Só continuo gorda, e agora rancorosa, sem paciência pra porra nenhuma. Eu tento, mas há coisas, há muitas coisas, que não tenho mais vontade de solucionar. As pessoas... Eu vou repetir isso muito mais pra mim mesma do que pra vocês, elas fazem somente o que querem. E quando elas acham que estão certas, na razão delas e não tem uma gatinha de empatia pelo outro babaca que tá do lado delas, não tem muito o que fazer a não ser tolerar.<br />Vivo numa linha de pensamento constante entre recuperar coisas, consertar coisas, ou pegar a raspa da minha saúde mental e meter as caras no que a vida tem pra mim. Afinal, porra, eu não me matei até agora, não tenho mais tempo pra morrer. Tô ocupada, estudando, amando meus amigos, cuidando do meu filho, fazendo planos, voltando a sonhar. Tá naquela hora de olha pra trás e falar, ‘<i>é isso, obrigada, e tchau</i>’. Vinte e cinco é a idade do Victor Mancini. Sei lá, tem vários marcos aí com vinte e cinco, se você pesquisar no Google. O meu marco, na verdade, é só parar de desistir. De deixar o carro morrer, chupar a gasolina do tanque e derramar em mim mesma enquanto fumo um cigarro. Eu preciso aprender de uma vez por todas que não é vergonha errar, pelo contrário.... Vergonha é permanecer estagnada na porra de um lugar medíocre, e repetir a mesma merda que me fez chorar, sabe? Eu sei que vou errar mais um milhão de vezes. É normal. Perfeito é quem não faz nada. Não se suja quem não mete a mão na massa. Não quebra um dente quem não troca soco. Não chora quem não sente. E o Thadeu já cantou, “<i>quem não sente não é gente, não é nem mesmo um bicho</i>”.<br />E eu tô cansada de ter vergonha de sentir demais também. De amar demais. De eme apaixonar fácil, ah... me deixa, sabe?! Eu sou um coração gigante, muito fogo no rabo e um desejo sem fim de melhorar pessoas. Mas elas... as pessoas... Elas fazem o que querem. E isso me dá direito de fazer o que quero também mas, não só o que quero, preciso fazer o que é necessário. Quando a gente alinha essas duas coisas, de se dedicar a fazer o que é necessário, alinhar teu desejo com o teu crescimento... Caralho, é uma potência imbatível. Custa né, saber mais, querer mais, sair dessa zona média. Aluna média, profissional média, amiga média, mulher média, mãe média. Foda-se. Eu não nasci pra estar na média. Eu não tenho cara de média, não levo jeito pra ficar na média.<br /> </div>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-36615072530796754292021-08-21T18:30:00.000-03:002021-08-21T18:30:26.975-03:00Menos Pior do que Eu ImaginoEnquanto eu tomava um copo de <i>coca cola</i> e lia ‘<i>choke</i>’ de Chuck Palahniuk, pensei por um momento “o Jung deve estar rindo horrores da minha cara nesse instante”. Tô impressionada com a pigmentação do meu esmalte vermelho novo, fazia tempo que eu precisava de um esmalte vermelho novo. Os meus outros secaram. Até tenho um vermelho mais escuro que comprei pra ter as mesmas unhas de uma mulher do filme do David Lynch. Não vou lembrar o título mas é bem estranho. Um thriller dramático, bem a cara do Lynch mesmo, só pra quem curte. Toca Rammstein e Marilyn Manson na trilha sonora e as cenas iniciais e finais são as mesmas de uma estrada na noite interminável. Pode parecer extremamente exagerado e de péssimo gosto (mas eu não obriguei ninguém a vir aqui e ler essa merdalhada toda que eu escrevo), falar a respeito de tudo o que se passa na minha cabeça sem muito filtro, ainda mais quando me faltam os remédios.<br /> O Vitor é a pessoa que, creio eu, é a que mais confio pra falar as coisas sem pensar demais. Até minha mãe já me perguntou ‘por que você diz esse tipo de coisa pra ele?’ – É porquê sou sem noção e se ele tiver que gostar de mim, ele vai gostar da pior á melhor versão de mim mesma. Eu não escondo absolutamente nada dele, mesmo porquê ele finge que esquece. Ou esquece mesmo. Espero que esqueça. O Jung tá rindo (nos meus sonhos) por causa dos meus sonhos atordoantes. Eu sonho com o Vitor, sonho com a minha mãe, sonho com a escola. O problema é que eu fujo incessantemente de todas essas coisas. Da minha mãe, bem, vocês estão carecas de saber a merda da nossa relação que é péssima. Da minha parte pelo menos pois tenho pra mim que ela não sente nada por mim. Desprezo talvez. Um pouco de indiferença e talvez dúvida de “onde eu errei” ou “por que não abortei esse pedaço de bosta?”<br /> Meu terapeuta entendeu que eu entendi que, não basta anotar os sonhos e tal. Eu tenho uma boa memória pra eles até, uma riqueza em detalhes sórdida até. Mas o que me falta é a análise. E cara, sei lá. O que porra eu vou fazer com esses sonhos com a minha mãe, onde ela me persegue, e grita, tenta me prender, ela grita e pergunta pros outros de mim. E ninguém, lá nos sonhos, percebe que ela vai vir e me matar. De surra, de paulada, de unhadas. Sinto arrepios quando lembro das unhas delas marcadas no meu braço, as peles fininhas branquinhas em quatro ondas saindo curvas uma do lado da outra. Eram as umas dela.<br /> Eu não consegui terminar esse texto antes (lá vem mais três páginas, ô inferno) porque estava evitando a todo custo ficar em casa. E me fez bem, a Aline, a bicicleta. Ela é a pessoa mais doce que conheço. Eu já disse, o Edu é o mais sensível, a Aline a mais doce e o Vitor o meu poço infinito de confiança. Na verdade eu tô pouco me fodendo pro que ele pensa de mim mas, ele deve gostar um pouco de mim já que ainda não me deu as costas como a maioria das pessoas fazem quando me conhecem um pouco mais a fundo.<br /> Estou numa greve de silêncio. Seria esse o nome? Coca cola com energético, essa é outra coca cola, que eu comprei ontem a noite voltando da capital. E um pacotinho de biscoito seco de chocolate. Queria muito um doce. Você também tem uma fome constante de algo que você não sabem dizer o que é? Mesmo que milagrosamente apareça a comida que você mais goste na sua frente (no meu caso, pizza). Não é aquilo. Serve, mas não é aquilo. Estou lendo mais um livro que parece que vai entrar pro ranking dos livros que mudaram minha vida, tocaram meu coração e me deixaram apaixonada. Eu me pergunto constantemente, por quê minhas esperanças na minha vida como um todo só se renova quando tenho contato com esse tipo de pessoa. Dá pra chamar Tyler Durden ou Victor Mancini de anti-heróis? Eu não sei. Mas eu os amo de todo coração.<br /> Mancini ilustra a porra de segunda vida que eu não consigo tirar do papel.<br /> Eu sou uma burra, eu não sei mentir, nem um pouquinho. Esse é o meu maior defeito e eu o odeio profundamente. Sabe, pensei demasiadamente sobre porque faço o que faço. (pensei baixinho, porra nenhuma, é o que você faz).<br /> Pra quê dar aula na escola pública?<br /> Pra quê acordar?<br /> Pra quê tomar banho no frio?<br /> Pra quê se culpar por uma coisa que eu não tô afim de fazer? Eu não vou fazer e ok. Foda-se.<br /> Pra quê se sentir uma merda como mãe, filha, amiga e mulher?<br /> Pra quê sentir culpa sabe-se lá do que?<br /> Pra quê esperar as coisas que você quer fazer tipo agora?!<br /> Eu tenho resposta pra metade de tudo isso mas me recuso á responder pra mim mesma. Só sigo o fluxo. Acordo, tomo banho, bebo café, faço alguma coisa o dia acaba e eu deito e durmo zapeando o celular, me irrito com a música do vizinho, odeio meus pais, odeio lidar com as pessoas no geral. Odeio esperar, vocês não imaginam o quanto.<br /> Meu terapeuta fala isso, mas já sei. Meus pais me falavam muito isso mas eu já sei. As coisas não se constroem do dia pra noite, mas em menos de uma hora eu posso arquitetar minha morte. Em menos de dez minutos eu posso acabar com vinte e quatro anos. A Oyama tá louca tentando me convencer há semanas de que, ter vinte e cinco anos é sensacional, é uma idade excelente. Mas essa iluminação otimista só vem pra mim de verdade quando eu leio os incríveis feitos de Victor Mancini.<br /> Eu falei pro Edu que, se eu fosse escrever um livro, eu usaria tudo o que já estava no blog e pau no cu de todo mundo. Eu não tenho visibilidade mesmo. Tanto faz. Vai ser SUPERRRR NOVOOO e incrível e podre e cheio de sombra, vão me chamar de absurda, que tesão me dar imaginar as colunas verticais em letrinhas miúdas discorrendo <i>“Diana Lihn é inspirada por Bukowski e Palahniuk com um toque de ironia e melancolia barata que traz a tona a sombra da humanidade patética, doente e superficial em crônicas com nomes reais, encarnadas na escrita marginal</i>”. Se pá nem vão gostar de mim porque eu sou mulher. Uma mulher com sérias crises de identidade e eu nem to falando de usar um nome falso.<br /> O mundo seria melhor se todo mundo soubesse usar seus demônios em papel, em tinta, em arte no geral. Não pelo reconhecimento, só pela extração. E é por isso que ainda escrevo, eu preciso vomitar ao acaso alguma coisa sobre mim.<br /> Tem coisas que não dá pra falar pro Vitor, pra Edu e pra Aline. Aí eu escrevo. Uau, eu escrevo pra um público desconhecido. Eu escrevo pro que pode vir futuramente ter milhões de exemplares <i>pocket</i> rodando por aí e um povo lendo “<i>cara essa mina precisa dos remédios pra ontem</i>”.<br />Eu acho uma merda esse plano perfeito pra tudo dar errado. Na cabecinha de bagre da criancinha idiota que quer agradar os pais, dançando de tutu na sala uma coreografia pra <i>“summertime</i>” na voz de Janis Joplin, a vida não parecia tão dura. Aí você não faz ballet porque é gorda. Você tinha tudo pra começar a fazer piano mais cedo mas ninguém notou o quanto você amava o pianinho de brinquedo. Ninguém te perguntou o que você queria fazer, mas te empurraram secretamente muitas vezes SEJA ADVOGADA, ARQUITETA, MÉDICA, VETERINÁRIA, ninguém mandou ter filho com vinte anos de idade e cinco meses de namoro. Acho que pulei muito a história, tudo bem. Mas a coisa não é só comigo. Dá errado pra muita gente que eu conheço. Tenho amigos incrivelmente inteligentes que não tem emprego, não tem voz em casa, tem que justificar o papel higiênico que usa “ah esse foi pra limpar a merda, ah esse foi pra mijar, ah gastei um pouco mais porque limpei a menstruação também”.<br /> A merda tá tão fodida na minha mente que eu preciso tomar cuidado pra falar com as outras pessoa e não ser mal interpretada. Na frase “eu sou uma fodida que não tenho aonde cair morta, não sei andar de carro e não tenho emprego” – eu falo de mim, mas quem se enquadra e saudavelmente sabe muito bem que O SER HUMANO o maldito ser humano não é o emprego, não é a carteira, não é o status, o diploma e o dinheiro de comprar papel higiênico, bem.... Ele se ofende.<br /> Sabe que cheguei até a me emocionar no dia que tomei a primeira dose de vacina contra a covid? Pensei, puxa, olha que bacana a vida me deu mais uma chance, tipo, tanta gente morreu e eu tô inteirona demais! – Tipo, meus exames de sangue e urina estão impecáveis. A MERDA TÁ TODA NA MINHA CABEÇA.<br /> Aí depois que eu vi gente morrer mesmo vacinada eu voltei com a realidade áspera sem romance e sem massagem: tu tá aqui porque não sei. Aí penso baixinho que azar que eu não morri.<br /> Dizer essas coisas meio que me deixam bem e me assustam. Ainda me importo comigo. Eu gosto de mim, um pouquinho. Estou largando um pouco aquela história bonitinha de é injusto eu ter nem vinte e cinco anos e a vida estar assim, não acho certo blá blá blá. Eu me sinto confortável e queria que as pessoas escrevessem, pintassem, recortasse, fotografasse, fizessem qualquer merda pra extrair a dor, a mágoa, a revolta e tudo que as instabiliza sem precisar estar dopada de quetiapina. Meu terapeuta vai querer me matar. Eu queria tomar o topiramato só pra não ter mais apetite. Acho, que prefiro comer igual um javali raivoso de merda do que ficar morta com olhos bem abertos não sentindo merda nenhuma. Eu não sei o que vou dizer ao psiquiatra e eu tô fodida.<br /> Ele, o terapeuta, vai falar de novo que eu tô negando que preciso de ajuda. Ajuda, vide, remédios. Não tô falando que escrever cura tudo, mas que eu me sinto melhor, puta que pariu... É melhor do que transar. Juro.<br /> Nesse intervalo entre os sonhos acordada e a procrastinação alimentada pela depressão ou excesso de ansiedade (eu não sei mais explicar essa porra toda que acontece dentro de mim, mas entenda como uma petrificação, independente da porra do motivo), eu deveria tipo, ok, se eu estou aqui jogada na cama, eu poderia abrir a apostila de tablaturas e deixar o baixo e o amplificador aqui do meu lado do colchão. E o que eu tô fazendo? Lendo Chuck Palahniuk, escrevendo merda pro blog, quando eu tenho redação pra treinar, física, biologia, processos bancários, matemática básica e financeira pra estudar. Eu nem sei que dia é o Enem. Sinto que vou me sair bem, eu não tô sendo irônica, sério. Não tenho esperanças sobre o concurso. Mas é bom experimentar. Conhecimento nunca é demais (falou a vagabunda que ama grasnar que a filosofia acabou com a vida dela). Ha. Ha. Ha.<br /> Ainda não desisti de formar uma banda de punk. Vou cantar e tocar meu baixo azul da condor cheio de glitter. Quero arrancar quatro dentes. Quero andar sem mancar. Quero dançar na Milo Garage mais duzentas noites. Quero ir ao cinema. Não quero mais tomar remédio. Quero ver meu filho feliz. Quero escrever livros mais saudáveis do que as coisas que escrevo hoje em dia. Quero conhecer o Chuck Palahniuk e agradecê-lo pelo Tyler e pelo Victor, assim como eu fiz com o Ademir Pascale pelo Rafael Monte Cerquillo.<br /> Entre o abismo da procrastinação e os sonhos acordada, eu podia fazer alguma coisa. Eu já estou fazendo. Dura uma eternidade mas é isso, tenho que esperar porque as coisas não acontecem do dia pra noite.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-33502318684823270742021-08-17T01:22:00.000-03:002021-08-17T01:22:05.817-03:00Risadas nervosas: um leve episódio maníaco-depressivo <p></p><p class="MsoNormal">Eu levantei da cama e fui ao banheiro. Me sentei no vaso e
fiquei irada quando vi aquela mosquinha, aquela típica de banheiro, atraída
pelas minhas células mortas no ralo. Como que aquela desgraçada estava ali? Eu
lavei a porra do banheiro hoje!<br />
A vida é uma garrafa de plástico que a gente pega do lixo sem tampa e pede pra
alguém encher com água. E a gente bebe numa boa porquê tá com sede. Eu só
queria que essa frase ficasse na posteridade, é uma ótima citação minha. Quando
eu penso que estou perdendo a lucidez, creio que estou cada vez mais acordada.
Quando se perde a lucidez, não tem nada a ver com aquela merda que as pessoas
falam de rasgar dinheiro. Vocês são tão infelizes que dão um jeito de meter
dinheiro nas coisas mais inescrupulosas possíveis. Enfim, quando a gente tá
louco, a gente só espera a porra de uma adaga atravessa o nosso peito, assim,
do nada. Mas quando a gente tá acordado, a gente sabe que essa adaga só parte
dos nossos próprios punhos. Eu não tenho nenhuma adaga. Tenho uma treze polegadas
e um canivete lindo furta-cor com uma lâmina voraz e curva.<br />
Eu li um preludio ao suicídio sobre comprar meio metro de corda e pedir um
banquinho da altura certa, e sobre ser tomado por uma coragem mortal momentos
antes de tudo isso. Tenho sonhos ridículos. Meu filho sonhou com formigas e
algum site dos sonhos deu um jeito de juntar isso com números de apostas e eu
apostei seis números nas formigas. Quem me dera ganhar qualquer merda e pagar
minhas dívidas, ou uma bolada e cair fora desse lugar.<br />
Penso o que é pior: compor canções falando de amor ou escrever crônicas falando
de ódio. Juro, eu gostaria de escrever sobre qualquer outra coisa que não fossem
sentimentos. Os mesmos sentimentos de insatisfação ou paixão exagerada ou
impaciência num gatilho fodido enquanto sou ignorada pelas pessoas que gosto.<br />
Tive um insight preciso sobre a minha solidão e do quanto eu não estou pronto
pra nada.<br />
Sabe, quando você se irrita com coisas que estão completamente fora do seu
controle e além do mais, elas não te interessam de forma alguma, cara, você
está muito, mas, muitooooo do fodido. Sério. Não lembro de socar o teclado com
tanta força dese a última vez que joguei <i>the king of fighters</i> com o Edu. Mas, o
que seria estar pronta, hoje?<br />
Acho que é só mais um devaneio acerca do meu aniversário e de todo fracásso que
permeia a minha vida. Na verdade, não fracasso, fracasso na minha cabeça
socialmente comprada. Na verdade, é dúvida. O que não foge uma à outra, pra
mim, Diana, ter dúvida é um fracasso. Mulher, que merda de filósofa é você?!<br />
Hoje o meu filho chorou enquanto eu tentava ensiná-lo sobre as sete notas na
escala da clave de sol. “Qual é a primeira nota?” Bê – Ele dizia.<br />
Eu sou uma megera. Quase, por muito pouco eu não falei merda enquanto a gente
conversava. Meu filho vai ser um homem antes da hora. Não vai ter espaço pra
dizerem que ele é só um garoto. Vocês tem essa mania amaldiçoada de dizerem que
homens são imaturos enquanto mulheres sabem muito bem o que estão fazendo desde
sei lá, seus cinco anos de idade. Lembrei de um resmungo dele, “você não deixa
nenhum homem falar?!” e eu berrei NÃO, HOMEM NÃO TEM FALA, E EU VOU MATAR TODOS
ELES. Eu disse isso, pra um garoto de quatro anos.<br />
Enquanto eu lia um livro no escuro, bem relaxadinha e sentadinha na cama, o
silêncio fora rasgado por alguém gritando RICARDO na rua. Várias vezes. E eu
fiquei me questionando. Até que falei em voz alta depois de uma passada de mão
gelada nos olhos: por que você se incomoda tanto com coisas que não tem nada a
ver com você?</p>
<p class="MsoNormal">Pensei de imediato nos meus pais. Pensei no volume da
televisão alta pra caralho tipo, eu tô aqui em cima, imagina o meu pai que tá
dormindo no quarto ao lado da sala, e minha mãe mantém esse inferno todo dia.
Minha mãe, vocês diriam, é a causa de todos os meus males. Papa morreu? A culpa
é da minha mãe. Eu me senti uma merda no início da semana porque o meu irmão
que mal fala comigo (também, o que iríamos conversar?) teve que me implorar “eu
sei que você não gosta dela mas, faz esse favor” de falar com o idiota do seu
pai que é um burro e meteu os pés pelas mãos e deu ouvidos à família babaca
dele depois que a minha mãe espalhou aos sete ventos (ou quatro mares, que se
dane) tudo o que havia acometido a separação deles... E ele voltou atrás, e tá
pouco arcando com essa merda de decisão escrota que ele escolheu. Eu me sinto
uma merda por não gostar da minha família. Eu me sinto deslocada. Eu me
arrependo amargamente de não ter me matado enquanto eu tinha tempo pra isso.
Porra, o que merda eu tô fazendo aqui no meio deles?! Não me sinto mais ou
menos que eles, eu só me sinto.... adotada?! Roubada, me tiraram da lata do
lixo, de um planeta vizinho, ou eu me odeio tanto, ou odeio tanto eles que por
ser tão igual á eles eu me odeio muito mais e os odeio também. Não sei
explicar, na verdade eu já desisti de entender e só tenho arrependimento. Eu
deveria ter ido morar em um abrigo, sei lá. Seria menos imbecil e molenga do
que sou hoje. Eu sou uma ameba parasitária que não saiu da calça do papai. E eu
tenho um filho. Aonde vamos parar?<br />
Agora chega de me depreciar. Vocês leram as notícias essa semana?! Leis
trabalhistas me fizeram chorar loucamente. Eu não tive terapia essa semana, pra
piorar as coisas. Ou não, acho que eu me tornei muito dependente do meu
terapeuta. Eu já disse a ele que, caso algo aconteça comigo, o único numero
para emergências é o dele. Enfim, parece que tá a cada dia mais difícil
consegui um emprego. Eu mando currículo, leio emails, e nada. Tá difícil pra
todo mundo. De verdade? Eu não tenho fé no concurso. Não tenho fé em mim, na
verdade, o concurso tá lá pra quem quiser fazer. Eu sou displicente e
extremamente desmotivada. Se um salário de três mil não me motiva, o que me
motiva?<br />
Nada.<br />
Vi uma frase hoje, na verdade uma pergunta retórica, sobre o ser humano que se
arrepende de tudo o que faz... Eles está mesmo vivendo por si mesmo? Tá
querendo agradar ou obedecer a quem?! É o que me pergunto todo dia. Esquece
filha, teu pai é egoísta, mora nas sombras do salvador e do tirano. Sua mãe te
odeia e só te trata bem quando precisa de algum favor. Depois disso, pau no seu
cu. E seu irmão tem a vida dele pra arrumar. Tu não tem ninguém além de si
mesma. E teu filho precisa de você, então você vai ter que continuar nessa
porra de condição infernal de vida. Já que a morte não é um caminho. Não é uma
escolha. Não é sequer uma opção. Me sinto como naquela cena, será que é do
Laranja Mecânica? Que o cara está com os olhos bem abertos com uns metais
segurando as pálpebras?! É assim que me sinto. Não é que eu seja obrigada a
viver e existir. Ninguém é obrigado a nada neste mundo. Eu sei o caminho, a
faca treze polegadas e o canivete estão no meu guarda roupa, e eles estão ali
pro que der e vier. Mas estou completamente acordada e lúcida. Eu não vou me
cortar e nem vou me matar. Não tenho tempo pra morrer, agora, não.<br />
Faltam seis dias pra eu fazer vinte e cinco anos. Os sintomas da bipolaridade
são extremamente claros. Ora perturbada, ora obscura, ora maníaca, ora
depressiva. Ou seria hora com h?<br />
Já não estou mais teclando com fúria como há meia hora. Cara, eu olho no
espelho, quero arrancar minha cabeça fora. Eu odeio o meu cabelo. <br />
Eu sonhei com uma coisa tão estranha... Imaginem um fio de <i>nylon</i> dentro da pele
do braço, duas linhas, uma de frente com a outra, segurando duas argolas de plástico,
uma vermelha e outra verde. Era um adorno, medonho, mas eu me sentia um máximo
com aquilo no braço sangrando com buraquinhos visíveis. Há quem coloque
chifres, quem queime a pele com desenhos de bicicleta. E eu achava que meu
sigilo de lúcifer era o bastante.<br />
Eu nem sei que título vou colocar nisso aqui. Sabe quando você escreve por
escrever? Fazia meses que eu não metia nada pra fora. Tô de saco cheio dessa
merda de olhar pras mesmas reclamações de anos e anos e anos. Antes de começar
a socar o teclado, eu ri, pensando, porra, antes eu pensava ‘caralho, estou há
anos nessa condição sem graça onde nada acontece e eu não sei de nada’ e agora
eu me fodi (isso me faz rir, sem brincadeira), porque eu sei menos ainda, eu
percebo muito mais e estou cada vez mais perdida, ainda sabendo do que quero
fazer. Juro por deus que eu mato o próximo desgraçado que me perguntar o porque
quero lecionar filosofia.<br />
É difícil falar pras pessoas ‘olha meu querido a minha intenção é fazer com que
você perceba que o mundo é uma fossa maldita e abafada cheia de miséria e ódio,
que todas as pessoas só usam umas as outras, que são todos ignorantes e que é
tudo uma piada de péssima gosto. A vida é essa bostona aqui que você tá vendo
mas pode ficar ainda pior. Mas você tem que agradecer antes que chovam pessoa
falando que na áfrica há outras pessoas sem ter o que comer, ou que as
criancinhas no hospital do câncer dariam tudo pra ter dois dias dessa sua vida
infeliz quer você odeia.’ – E como eu posso dizer tudo isso de uma forma doce?<br />
É sério. Eu tô rindo mas porra, como eu vou responder que eu quero abrir os
olhos das pessoas sendo que é muito mais cômodo morar na escuridão?<br />
Tem uma frase colada no meu guarda-roupa que eu extraí de um exercício muito
íntimo de terapia aplicada: ‘só eu, o vento e os livros, buscando a minha
totalidade em consciência e virtude.’<br />
Só hoje eu me dei conta do quanto eu sou imbecil. E corajosa. E eu mantive a
frase lá. Porque justificou toda a merda que meu terapeuta teve de ouvir nesses últimos dois meses, nesse papo do caralho de se isolar e ir pro raio que me
parta meditar de tanguinha nas montanhas Sua filha da puta, pensei, é claro que
é muito fácil fazer filosofia isolada no pico da puta que te pariu sem fator
externo cutucando seu rabo! Eu já me questionei muitas vezes quando saí da Nova
Acrópole, “deus, eu estou fazendo filosofia pra burguês” E SIM, é óbvio que os
estoicuzinhos lindinhos e imaculados com uvinhas na boca com as concubinas
batendo uma ali pra eles estão livres de todo e qualquer porra de um problema.
Oh, vamos viver e gozar da vida, CLARO SEU FILHO DA PUTA você não tem conta pra
pagar, nome sujo no serasa, vinte ligações diárias dos advogados da faculdade,
pais retardados, você nasceu na porra do berço civilizado e dourado de Roma, Da
Grécia, da praga que seja da Europa do caralho.<br />
O Batman do Nolan e do Bale me fizeram mudar de opinião.<br />
Minha filosofia vai ser pra foder a vida de quem cruzar o meu caminho.<br />
Minha filosofia vai botar fogo na cabeça das pessoas pra que elas não tenham
medo de aprender e nem de confrontar o verme mais autoritário que exista.<br />
Minha filosofia vai transpassar muros, telas, limites.<br />
É por isso que eu não morri ainda. Não tá na minha hora. Eu ainda não fiz o que
tenho que fazer nessa vala imunda que vocês chamam de Terra.</p><p></p>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-83367695016848815702021-05-23T02:44:00.001-03:002021-05-23T02:44:55.307-03:00RacionalO racional me trai às vezes. Em algumas manhãs com o cheiro de café e a brisa gelada. Quando eu olho as caixas de chá que eu não tomo no armário. Em algumas tardes com o sol gentil na minha pele, quando o sol se põe e o céu é lindo demais, mas tão lindo que parece nos pregar uma peça. Em algumas noites que me empenho em fazer algo que eu gosto, que geralmente nós dois gostamos. No silêncio do quarto, na ausência de som e pessoas. Esquisito, ficar sozinho juntos. Que sorte seria. Mas o racional me trai, ferozmente, muito mais nas madrugadas que não consigo dormir. Onde não dá pra mentir que eu não sinto nada. Eu não sei mentir pra mim mesma. Talvez saiba ser ríspida, ser grossa, não tão acolhedora. Mas dura pouco tempo.<br /><br />Eu reluto muito pois eu já cansei de escrever as mesmas coisas das outras vezes. Chega num estado tão doloroso que a dor entorpece. Aquela dor que toma de conta de tudo aqui dentro. Eu li que tylenol resolvia. Eu pesquisei como isso acontece, porque isso acontece. Eu nem sei porquê eu tô chorando. Deve ser o período menstrual. Eu comi muito açúcar. Apagar seu número não resolveu nada.<br /><br />Eu leio picado, sabe? Pego muita informação ao longo do dia. Eu já li que quando os erros se repetem nas relações, é porque precisam ter resolução. Tipo, o abandono na infância me faz querer pessoas impossíveis. Eles afirmam piamente que eu não amo você, mas sim a ideia de que você vai me tirar da solidão. Eu procuro mil motivos pra deixar claro porquê eu te quero tanto. Você não entende porque nem eu consigo explicar. Eu te amo sim, e você tem que ser livre. Mas não é culpa minha se dói. Não é culpa de ninguém. Eu por muitas vezes não entendo, mas sei que lido muito mal. Eu continuo mentindo pra mim mesma que eu não tenho a mínima ideia do porque dá vontade de chorar e ouvir musica triste atrás de música triste. Os anúncios frenéticos no meio das musicas não permitiriam que o momento fosse o ato solene da cena triste da minha novela em horário nobre.<br /><br />Eu me repudio muito quando escrevo da minha dor de cotovelo. Eu sinto que é tipo “olha aqui eu estou sofrendo, você viu isso?” – e eu odeio demonstrar fraqueza. Eu odeio voltar atrás. Sim, estou louca pra te pedir desculpas sobre o que escrevi anteriormente. Eu não sou de atacar as pessoas. Eu me sinto infantil. Na verdade, me comportar como me comporto quando eu não consigo ter o que quero é bem difícil de explicar. Todo mundo vira o vilão da minha história. Eu viro a cara pra todo mundo. Eu não quero e não sei e não me proponho conversar com as pessoas. Me dá nervoso. De ansiedade. Quando eu falo de incógnitas com você, de restar dúvidas, não é sobre você. É sobre eu mesma. E todo dia me pergunto, o que eu fiz? Sabendo que eu fiz o que era pra fazer. Se fosse diferente não seria eu. Eu não sei fingir. Talvez eu saiba, mas dura pouco.<br /><br />Eu, se rezasse, pediria todo dia pra te esquecer. Eu não consigo não pensar em você em algum momento do dia. As muitas partes de você estão em mim, e no meu quarto, nas minhas ideias, nas minhas memórias. Eu tô farta de apontar culpados. E com toda razão, ninguém tem culpa. Mas é desesperador esse momento esquisito depois de um tempo que se ouve um “não “.<br /><br />É um vazio cheio de sentimento. É uma espera por algo que não virá. É tatear um fantasma. É sentir seu beijo na minha boca mesmo depois de meses. É essa maldição amarrada no meu peito de não entender como o sentimento e a vivência do seu olhar, nas nossas mãos dadas e o meu coração a milhão, o suor e o calor e o som daquela noite. Nada disso desata daqui de dentro. Talvez eu culpe o Tavares, juro por deus que vou dar um soco na boca dele.<br /><br />Eu estudo constantemente, por repetidas vezes os meus manuscritos onde “os mitos e símbolos tocam uma parte que o racional não consegue traduzir”. Qual será o seu arquétipo? Eu te vejo como um sábio. Justamente, eu gostaria de ser sábio. Eu adoraria ser como você em muita coisa. Mas gosto de mim assim como eu sou também. O explorador é interessante. Indisciplinada demais pra ser sábio, cuzona demais pra ser rebelde. Sei lá. A verdade que está só nos livros pra mim não basta, sempre tem algo a mais. E quando eu penso nos rebeldes, e em tabus, e em chocar pessoas, eu reviro os olhos. Tabu por si só é uma merda. Sexo é gostoso sim, dane-se pra quem você tá dando ou a posição que você gosta. Religião é uma desgraça e tanto faz. A ideia é muito boa mas o ser humano estraga tudo quase sempre. Sei lá, me fala um tabu aí. Tudo perda de tempo. Pra mim, pelo menos, que choco as pessoas falando o que eu sinto, sendo franca, não me importando com fatos supérfluos. Foda-se, cara, foda-se.<br /><br />Antes de você chegar, eu me mantive quieta e só. Eu já te falei do Nicholas? Tudo que eu amava nele, ima inteligência magnânima, um jeito único e às vezes estranho... tudo que eu amava nele eu acabei encontrando em você. Com o adendo: o Nick era muito arrogante. Extremamente estúpido. Às vezes até desumano com suas opiniões egoístas. E você, quanta doçura e sensibilidade. Eu já cansei de te elogiar, eu morreria falando bem de você mas vai se foder que eu não vou mais te elogiar.<br /><br />Antes de você aparecer, doía tanto quanto dói agora. Pra você ver que sexo não significa absolutamente nada num impasse de sentimentos, o cara não era lá grande coisa e mesma assim eu me derretia por tudo que ele fazia. Eu vi fotos dele com outra mulher e aquilo foi o fim. Sabe, descartável, usada, enganada, inútil, estúpida, um zero à esquerda. Foi assim que me senti. Mas eu permaneci quietinha. Achei que se deixasse o que eu sentisse por ele largado ali, como quem abandona a planta no jardim do quintal, ela morreria um dia e tudo bem. Até você chegar. <br /><br />Se por algum acaso eu apagasse essa merda toda que eu escrevi, eu ficaria irada mas iria atrás de você pra te pedir desculpas. Nem sei pelo que. É problema meu. Eu não bato bem da cabeça. Tem muita coisa que eu não sei lidar. Mas eu to bem, fora as vontades que oscilam de te bater ou te abraçar e te esmurrar. Eu sinto muita raiva. Eu sinto muito. Tô falando sério. Eu sinto muito. Eu te amo de verdade. E você merece toda a felicidade do mundo, comigo ou não. Quem ama de verdade não tem posse e isso é importante ressaltar. O amor tá muito vulgar hoje. Todo mundo é amor na fila do banco, na padaria ou mesmo nessas relações retardadas sem pé nem cabeça. Ficar perdendo nosso tempo tentando explicar racionalmente que eu te amo como amiga e sou apaixonada por você só vai mostrar minha debilidade enorme em lidar com o abandono do racional. Esse racional do caralho que me larga e me deixa escrever um monte de merda sentimental. Ser amável nunca me trouxe nada de bom. Quando você diz que eu mereço ser feliz, eu super aceito, e eu sei disso. Lógico que eu mereço ser feliz. Mas eu queria você, também. Sabe? São coisas que eu não abriria mão.<br /><br />Mas eu vou me manter quietinha. Eu queria muito de abandonar até você sumir. Talvez é por isso que eu não mantenho contato com quem já gostei um dia. Não sei lidar com a rejeição eu já escrevi tudo isso aqui mil e nove vezes. Eu vou ficar quietinha. E ninguém mais vai chegar. Eu não quero mais. Que ninguém me apresente nenhum amigo legal que se pareça comigo e que talvez eu vá gostar dele. Vai pro inferno. <br /><br />Ninguém mais vai chegar. O sentimento vai morrer. Essa dor vai acabar. Eu vou aprender a lidar com isso tudo. Emocional filho da puta. Nunca me trouxe nada de bom. Nesse campo afetivo pelo menos, não. <br />Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-39299774767630253912021-05-05T03:53:00.000-03:002021-05-05T03:53:04.061-03:00Análise do CaprichoRapaz, que montanha russa de emoções. Em um dia, a gente celebra vitórias, no mesmo a gente chora as perdas, se reconecta e deixa de falar com as pessoas. Vocês ainda conseguem pensar em futuro? Eu confesso que ando até parcialmente otimista. Comprei cursos, ando lendo, ouvindo as aulas, anotando bastante coisa, blogueirando visualmente falando. Confesso que meu conforto parte inevitavelmente dos meus pais. Eu virei uma chavinha e parei de ser uma cuzona que não gosta de ficar com eles. Sério, eu mudei várias coisas dentro de mim.<br /> Estou passando por um processo delicado de observação. Eu trabalho com palavras e agora elas fazem o dobro de sentido, ou não. Eu tô sem saco pra conversar com quem eu conheço. As pessoas pregam ideias errôneas. Cara, nem eu e nem você detém a porra da verdade absoluta. Não dá pra conversar com quem acha que tá sempre certo e eu tô cansadona pra caralho de esbarrar com gente assim. Homens, em grande maioria.<br /> Há dois dias eu pude chorar duas lágrimas a mais sobre a ultima paixonite imbecil na qual decidi me enfiar. Aliás, de quem é a culpa uando a gente se apaixona? Minha, por ser uma babaca que acredita em tudo que alguém que eu acho interessante diz, ou a pessoa que se mostra o best seller pra mim? Eu tenho uma grande responsabilidade, pois as pessoas costumam se revelar muito perto de mim. Me contam segredos, se abrem, os frios choram, os moles são maus e no final eu fico sempre sozinha. Eu sei que o problema sou eu, sim, eu sou completamente intolerante com gente que tem medo de mim, gente que tem vergonha da minha gargalhada, gente que não suporta o meu posicionamento. Eu odeio pedantismo. Eu odeio tanta coisa e ao mesmo tempo me acho tão fácil de lidar. Eu tô cansada de tentar entender e bati o martelo em relação á minha motivação: eu tenho alma de cientista. Eu não sei criar nada de estupendo, a não ser a curiosidade combinada com o inconformismo. Detesto o tradicional, o rótulo, as limitações. Essa coisa de achar um padrão onde você se encaixa é grotesco. Eu sou única, eu sou incrível, eu sou grande, eu sou várias. Eu não tô pedindo muito uando quero me afastar de gente que se apega tanto a uma merda de discurso absolutista. Caralho... Eu discordo, e eu não pedi a sua opinião. Pra que você quer saber de mim se você não entende o que eu falo? Você se quer se propõe a entender. Mas não... Você sabe o que é certo né, e vem aqui, nhe nhe nhe nhe<br /> A mulher tem que lidar com uma enxovalhada de pisa de ovos. É um tal de AI, NÃO FOI ISSO <span style="background-color: white; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px;">Q</span>UE EU <span style="background-color: white; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px;">Q</span>UIS DIZER que me impressiona. Tudo parte de mim na arrogância, e pra quem tem saco de lidar com a maior educação do mundo, parabéns. Eu não consigo. Prefiro ignorar.<br /> Eu tenho certeza que me encaixo no padrão mistificado da mulher amargurada. Também pudera: fracasso total em todo e qualquer relacionamento. Tenho um filho. Não tenho emprego. Não tenho faculdade. Não tenho muito do senso comum a não ser o papel perfeito da mulher louca que a Rita Lee fala que os caras adoram mas se casam com as outras. Vida de bosta.<br /> Vamos corrigir umas coisas aqui já que eu uso essa merda pra me expor e eu estou triste e com raiva [vocês deveriam ver como o teclado faz barulho ás duas e meia da manhã].<br /> uando eu falo que odeio gente medrosa, na verdade eu odeio gente sem ação. Eu sou medrosa. Demais. Mas eu faço mesmo com medo. Eu não me detenho. Se eu quero, eu vou e ponto final. Ah mas vão pensar, que se foda o caralho que eles vão pensar.<br /> Eu odeio a rejeição. Tipo, eu sou tão foda, por que eu levo tanto fora?<br /> Eu acabo me envolvendo com gente que olha... Eu olho assim e me pergunto POR <span style="background-color: white; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px;">Q</span>UE MEU DEUS PORRRRR <span style="background-color: white; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px;">Q</span>UEEEEEEEEE???????????<br /> Na terapia e no branding, a gente tem um gráfico de avaliação: quais áreas da vida e da sua marca estão em grande potência. Aí na porra dos relacionamentos, meu deus que desgraça. Só tem desgraça. Eu faço tudo, absolutamente tudo errado. Mas eu sou assim. Eu sou carinhosa, eu amo cuidar das pessoas que eu gosto, eu gosto de falar muito, eu gosto de quebrar a cama, gosto de escrever declarações melosas simmmm porque eu sou muito romântica debaixo dessa roupa preta e maquiagem foda. Eu sou inteligente, sou bonita, meu humor é de gosto duvidoso, confesso. Sou uma curiosa, uma procrastinadora e workaholic na mesma semana. Eu sou curiosa, entusiasta da filosofia, das artes visuais contemporâneas e pra acabar de foder meu gosto musical é insuperável. Tatuada, cheirosa, bagunceira, não sei cozinhar, amo lavar a louça, amo dançar e escrever. Cara, o que é que eu tô fazendo de errado?<br /> Talvez eu seja instável. Não que isso seja o problema. Na verdade eu não faço ideia do que é que me impede de ficar com quem eu amo. Tirando a pandemia, o fato de que ele não me ama e todo esse drama que eu sei que vai passar mas, dói. Agora dói pra caralho e eu ainda estou com uma incógnita berrante. O que eu fiz, hein?<br /> Eu tenho pretensões muito altas e incoerentes. Mais conhecido como caprichos, né, Diana?<br /> Eu sempre acho que posso convencer alguém a gostar de mim por causa dessa lista de enfeites lindos acima. Vai ver eu sou metida... Vai ver eu intimido. Caralho a cada década é uma desculpa diferente que eu invento. Eu queria um dicionário ou um tradutor que me mostrasse o que eles querem dizer quando dizem que gostam de mim como amiga. Porra de amizade, tô nem aí pra amizade.<br />É mentira. Eu tô fora de mim. Tô magoada. Comigo mesma. Eu não quero me apaixonar nunca mais. Não é pra mim não, sem zoeira. O negócio é estudar, estudar, palestrar, escrever meus livros, fazer terapia com as pessoas e continuar na minha terapia, cuidar de mim pra poder cuidar do meu filho. Ter um gato preto chamado Henry Charles, morar sozinha e morrer com um livro na mão. É esse o meu destino. Eu vou ficar muito velha, muito sábia, muito calma e flamejante. Daquele tipo de vó ranzinza mas que faz um bolo e um café e te dá conselhos fodidos. Eu na verdade não quero netos . Eu não quero vínculo nenhum com ninguém. Esses meus caprichos são momentâneos. Eu não suporto a ideia de um casamento ou uma junção de alguém no meu pé o dia todo. Nem meu filho eu não gosto colado em mim o dia todo. Eu vou criar ele pro mundo. Tomara que ele viaje muito, seja livre, liberto de mente, aberto pra tudo e qualquer coisa. O mundo é tão grande, Michael do céu, existe tanta coisa que uma vida não basta. A sua mãe é apaixonada por olhar pra dentro dela, como quem enfia a cabeça dentro da própria boca num cartoon maluco. Eu não quero o mundo, filho. Eu quero o silêncio, a sabedoria, a leitura, o pé descalço na casa de madeira no meio do mato sem energia e com o barulho do vento e as arvores. O mundo é seu, Michael. Não se prenda ás pessoas e muito menos ás coisas. O mundo material é ilusório, as pessoas não sabem de nada. Luta contra os seus caprichos, não cometa os mesmos erros da sua mãe. Se eu te castigo e te condeno por certas coisas é porque eu te amo e não quero que você seja nada parecido comigo em determinados quesitos.<br /> Eu iria falar dos meus pais e acabei desafogando questões antigas. Bem, meus pais estão há trinta e sete anos juntos, com três casamentos e três divórcios e três filhos. O Flávio deu certo, o meu irmão do meio faleceu e eu cheguei quatorze anos depois. Há questões da minha infância e adolescência que eu ainda não tive coragem de tentar revisitar. Eu me relacionava com o pai do meu filho [eu me recuso chamar aquilo de namoro], e ele batia muito na tecla de abandonar o passado. Meu maior erro ter dado atenção. Tem coisa na terapia que eu quero saber porque eu não consigo me lembrar que merda que aconteceu. Penso que inventei muita coisa, muitas lacunas foram aumentadas. Tenho flashes e sou péssima com datas. Eu decidi investir com força no hoje. Foco no hoje. Eu decidi não mais me abrir pra nenhuma relação afetiva. Sabe, coração fechado, boca fechada, mãos trabalhando. Eu decidi partir pra viagem mais difícil da vida que é crescer como ser humano. É o que eu posso fazer de melhor pelo o meu filho, já que os pais devem ser exemplares e bla bla bla<br /> Meus pais são engraçados. Parecem os mesmos adolescentes de dezessete e vinte e um anos que se casaram sob autorização da minha avó alice. Meus pais ainda estão caçando a sua individialudade. Há níveis de despertar, sabe? Eu me aprofundei tanto e fui pro fundo do poço fugindo de quem eu era. E hoje eu tô aqui tendo um ataque de pelanca porque eu não consigo namorar mesmo nem querendo tanto assim. Não é amor, é posse, é paixão. É admiração. Um tesão exacerbado. No máximo eu o amo como amigo mas só. E esse lance de transar uma vez ou outra e continuar sendo amigo não dá certo né? Ninguém tem mais culhão pra amizade colorida, ou isso é muito coisa de adolescente. Ou ele só se relaciona com quem ele realmente gosta pique o movimento do eu escolhi esperar. Eu esperei um ano e lá vai cassetada por nada. Por um capricho. Meu capricho, meu erro, minha expectativa. E eu tô reclamando. Não é a toa que meus amigos me zoavam. Como eu sou burra.<br /> Acho que o que eu queria mesmo era ser algo importante pra alguém. Importante o bastante pra dividir algumas coisas importante por alguns anos. Mas é aqui comigo mesma que eu preciso fazer isso. Sabe, não cabe ninguém nessa importância e nesses anos de divisão e prioridade. Tem que ser eu, sozinha.<br /> Eu já me sinto melhor. Essa semana foi terrível pra mim em termos sentimentais. Gente que eu não quero no meu pé, gente que eu gosto me abandonando, meu deus. Eu me sinto um caco. Mas eu vou melhorar de vez. O objetivo é nunca mais ficar triste por falta de correspondência afetiva. Cara, <i>quem gostou, gostou, quem não gostou, paciência</i>. Tá perdendo coisa pra caralho mas é isso. É isso.<br /> Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-63266112257695626882021-02-13T23:21:00.002-03:002021-02-14T00:23:41.637-03:00Café e VodcaDepois de um senhor mergulho pra dentro de mim, também associado ao ciclo de baixa depois de uma puta porrada na boca do estômago, consegui me livrar de alguns sérios problemas. <br />Acho que eu e todo mundo mais próximo ficou numa expectativa, ou numa torcida pra que desse tudo certo. Meu terapeuta e eu tivemos uma conversa muito franca sobre relacionamentos na tarde de segunda-feira e sempre bate aquela coisa estranha de se ouvir falando coisas absurdas que eu, que a gente pensa... Eu falei muito. De um, de outro e de outro. E de mim. Sobre ser uma canalha meio responsável. Sim, ‘meio’ porque eu daria tudo pra ‘estragar’ o que eu e aquela anta temos. Enfim, é um longo aguardo, mais um, mas menos penoso e muito mais franco, de ambas as partes. <br />Passei essa semana passada viajando e especulando comigo mesma sobre como seria essa novidade depois de quinze meses no banho maria. Senti medo, hesitação, curiosidade, mas, sobretudo revolta. Essas coisas permeiam minha vida desde que comecei a pensar com a própria cabeça. E claro, a revolta é o meu melhor e maior combustível pra mudança. E lá estava eu me envolvendo com o desconhecido sem esperar absolutamente nada além de uma foda bem dada e uma volta pra casa assim que possível. <br />Como eu subestimo as pessoas... Não me orgulho disso, mas mantenho a indiferença firme e forte. É um estopim pra uma caixinha de surpresas bem agradáveis, como foi o caso ontem. <br />No ponto de ônibus, incerta e batendo o pé, balançando as pernas e o corpo de um jeito estranho, teclava furiosamente esperando o bonitinho vir me buscar no meio da chuvinha rala. E lá estava do outro lado da pista o figurão de bermuda, chinelo, moletom e dois olhos enormes em cima de mim. Eis a descrição: sou um pinscher (com tremedeira) de jeans, <i>salopete</i> preto e branco com argolas e uma mochilinha caramelo. Esses primeiros encontros tem toda uma magia desconhecida e encantadoramente curiosa e dubitável. <br />Caminhamos em subidinhas e descidinhas até sua casa. Pensei de imediato, deus, como ele fala! Mas até pensei que fosse algo bom pois eu não precisaria falar muito. Se eu soubesse que realmente vim pra escutar e ser ouvida antes... Subimos as escadas e entramos. Orgulhosamente ele me mostra os cômodos e seus móveis... É gostoso ter nossas coisas assim do nosso jeito, eu bem sei. Peço um café. <i>‘Sério?’</i> Não vou ficar vendo você beber vodca sem beber nada. Ele é muito mais organizado do que eu era quando morava sozinha. As coisinhas arrumadas e organizadas, dava pra ver de longe que não era só por receber visitas. Mas o café era novidade. Lacrado, com água na boca do fogão elétrico e o suporte de filtro na canequinha furada que fez a maior pasmaceira na pia. Pouco açúcar. Xícara da mão.... direita! Pasme, eu tenho que pensar pra saber o que é direita e esquerda. <br />E mais uma vodca, só pra me acompanhar. Eu estava terrivelmente nervosa! E ainda que eu já havia avisado: sou covarde demais pra dar o primeiro passo então, se eu te encarar demais, avança. Pois ele não fez isso e me tomou de supetão. Matamos xícara e copo, eu não parava de mexer nas unhas e nas peles dos cantos dos dedos, minhas mãos suavam a medida que as nossas pernas se aproximavam e se entrelaçavam. Olhei pra baixo porque não conseguia mais encarar ele nos olhos e BANG! <br />Duas bocas sedentas de desejo, mãos ágeis, muito calor e nervosismo. Eu desaprendi a beijar? E agora? Eu era uma adolescente de novo. Encostada na parede, as unhas raspando e buscando apoio, coxas tremendo e um desespero silencioso. Que bobagem, né? Tudo foi fazendo sentido enquanto os lábios dele corriam nas minhas costas e as mãos, aquelas malditas mãos enormes e ásperas deslizavam como se já me conhecessem há meses. <br />Eu pedi colo e tive o pedido atendido. Como eu disse, é ruim demais ser forte e durona o tempo todo. Dar conta de tudo e ter a guarda alta sempre... E eu queria uma só pessoa dentre sete bilhões pra que eu pudesse relaxar sem pensar em me defender ou pisar em ovos. E por algumas horas, eu encontrei. Encontrei também motivos pra repensar o uso das minhas palavras ditas, tipo, finalmente alguém parecia estar interessado em conversar e tentar me entender. Ele me policiava, quase me corrigia, me mostrava as diferenças, a gama de opções, me punha em xeque. Quer algo mais estimulante do que ser ouvida e compreendida por alguém interessantíssimo? Que desgraça esse fogo todo, conversar a respeito da vida, das nossas vidas e nossos planos, deitada no seu sofá com uma perna nos seus ombros e outra no seu colo. Aquelas mãos... aquelas mãos e seus braços, aquele corpo inteiro fervente, o sorriso leve e inspirador. E eu escutava, com a pele tomada de um tesão e um neon na testa e nos olhos de <i>“por favor não me faça pedir mais e me dê logo o que eu quero”. </i><br />Meio sem graça da situação mas muito menos covarde pra dar um passo adiante, pra que ele jogasse o colchão no chão de novo pra não sermos pegos de surpresa pelo estrado desabando. Eu digo sempre que odeio repetições mas eu sou uma grande filha da puta e esse tipo de repetição é sensacional. Beijos, muito suor, cochichos no meio dos gemidos e eventuais berros, tapas, minutos longos e silenciosos de olhos nos olhos e cochilos alternados. Faz falta isso, algumas horas de cumplicidade com alguém que o santo bata e principalmente, com gente disposta. Disposta a falar, a ouvir, a ser franco de verdade. Eu disse que explicaria algumas coisas pra ele depois mas tem coisa que a gente não explica. A pequena paz de ser você mesma sem especulação ou hesitação do outro pensar isso e aquilo de você, não tem preço. Eu me exponho o bastante, mas não se sentir estranha, não se sentir visitada como a atração principal do circo de bizarrices uma só vez na vida é muito bom. <br />Me senti somente como alguém frágil, cansada, nua, tranquila, desejada e confiante, mesmo não conseguindo intimidar com o meu olhar. Acho que ele foi quem me intimidou, só um pouquinho. E eu adoro isso. <br />Ele deve estranhar agradecer tantas vezes por umas horinhas concedidas. É bom ser grata quando algo realmente bom acontece. E as repetições estarão aí, até quando <i>seu deus</i> quiser, ou quando você e sua taróloga descobrir quem vai ser sua eleita... Até lá, a gente conversa mais, ri mais, divide mais, soma mais.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-48970374106163925442021-01-31T13:22:00.000-03:002021-01-31T13:22:22.923-03:00Sucesso Póstumo<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Acho que ando me fazendo
de desentendida para com a vida e a morte. Há coisas que eu gostaria de ser
extremamente franca, mas não posso dizer por alguns motivos. Infelizmente, as
coisas e as pessoas na vida não querem a honestidade de uma cara limpa. Viver
exatamente às claras não é pra ninguém, ou talvez seja praqueles que já
abraçaram a ideia da solidão e estão extremamente bem consigo mesmos. O que não
é meu caso, nem um e nem outro. Não estou bem, preciso de ajuda, e estou farta
de estar só. E não adianta.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Entre o querer e não
querer há inúmeras questões. Eu quero e não quero estar viva. Eu quero e não
quero trabalhar. Eu quero e não quero existir. A dicotomia está e não está
presente. Eu não quero ficar sozinha mas me isolo. Não quero morrer mas misturo
remédio com bebida. Não quero mais beber, e fui beber ontem. Com tédio, com
ódio, com saudade da minha vida normal onde você jamais me encontraria em casa
numa sexta-feira a noite. Excesso de passado. Nenhum futuro vigente. “<i>No
dreams, no future. Don’t try</i>” – deixei claro o que vivo também citando a lápide
do Buk.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu me sinto exausta. Não
sinto conexão com nada de bom. Quero que meus pais morram. Meu amor e meu
confidente não são a mesma pessoa. Eu odeio trabalhar. Pessoas que estimo de
verdade falam que sou importante, que escrevo bem, que penso á frente do
tempo... Há uma muralha, eu estou num caixão de vidro, num aquário. Tenho
visões de afogamento, mergulho de costas na cama e os cobertores viram um
oceano gélido e azul escuro. Não alcanço a superfície pois há um vidro. Eu não
consigo respirar. Eu saio da cama rezando pro ônibus bater, pro taxi capotar,
eu jogo a culpa do meu suicídio em tudo, menos em mim. Como isso é possível?</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Há algum dia que eu vou
ser normal?</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">O que eu preciso perder
pra poder valorizar o que tenho de bom em mim e na minha vida?</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu não sinto que sou mãe,
muitas vezes. Michael é mais meu irmão do que meu filho. Será que foi a
cesárea? Não doeu o bastante? Será que foi porquê eu não peguei ele no colo assim
que ele nasceu?</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Por quê as coisas são tão
difíceis pra mim?</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu preciso passar fome de
novo. É, eu já passei fome, se você quiser saber.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu preciso morar na rua.
Eu tenho que passar frio de novo, dormir no chão de novo, comer arroz puro de
novo.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu sonho com a morte dos
meus pais. Eu sonho que brigo e os desrespeito. Eu sonho com ofensas. Eu sonho
com a violência. A vida tem me machucado. Eu sou uma ingrata, meu lado ruim tá
crescente. Mas eu não quero fazer mal pra ninguém, só pra mim mesma, ás vezes.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">É impossível, e não, não
tente mudar minha cabeça pois eu sei que é verdade... É impossível encontrar a
pessoa com quem quero me relacionar, desse jeito que eu planejo. Ninguém quer
nos conhecer de verdade. Ninguém quer arrumar problema. Um me conhece de cabo á
rabo, outro não sabe da missa, um terço.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Ele não gosta tanto de
você assim. Ele gosta, talvez, da ideia de ser amado. E puta que pariu.... como
eu o amo. Como eu o desejo. Como eu o admiro.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">E quem sou eu? Uma possível
bipolar, possível alcoólatra, possível depressiva, uma pessoa impossível de
entender e de lidar. Eu não sou daqui. Eu odeio minha casa, eu odeio essa
cidade, eu odeio meus vizinhos, eu odeio conviver com os meus pais e eu odeio
odiar tantas coisas. Eu não sei lidar com tanta mágoa. Eu odeio respirar. Eu
odeio existir. Eu odeio as pessoas me chamando o tempo todo porque
aparentemente elas não sabem fazer merda nenhuma sozinhas. E eu lido sozinha,
veja só: eu tomei meus remédios a semana inteira de maneira correta. Conversei duas
horas no telefone com o meu melhor amigo e o sábado não foi um dia ruim! Eu juro
pra você que eu achava que estava bem. Até despertar da minha sonequinha e ter
a brilhante ideia de ir num bar de merda com gente ridícula e música de merda.
Eu vou comer só um lanche e tomar uma cerveja. Pois eu bebi quatro garrafas e a
merda do lanche eu vomitei igual um gato.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Umas meninas sentadas
sozinhas uma em cada canto do bar. Eu, a transtornada e a impaciente. Não, juro
que são pessoas distintas, não to falando só de mim, também transtornada e
também impaciente. Desesperada por atenção. No plural, talvez?</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Minha cabeça dói. Eu deitei
no chão do banheiro e chorei depois que as pessoas que eu estimo de verdade
mostraram admiração pelo meu trabalho. Com a escrita, né? O meu emprego é só a
fonte de renda. Eu trabalho pra pagar os remédios, o psiquiatra, o terapeuta, a
cerveja e o lanche que eu vomitei.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Lembrei que sonhei com o
Vitor, sem nunca ter vista a cara desse filho da puta que eu amo tanto... E ele
me trocou por uma menina que tinha uma coca cola, enquanto eu tinha uma fanta
laranja. A gente ia num show, mas eu fui só ao mercado comprar sorvete, pão e
refrigerante. Eu não podia ir ao show. Por que eu invento tanta desculpa pra
não fazer o que eu gosto? Meu sonho morreu assim mesmo. Eu não quero saber mais
de música, de escrever, e torço pra que eu seja como o Bukowski num sucesso póstumo fodido. Quero que todos me amem e me tatuem no braço quando eu morrer.
Você vai se sentir mal por nascer no ano que eu morri. Assim como mamonas
assassinas e o Bukowski morreram quando eu nasci.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu não posso ter tudo o
que eu quero. Eu quero demais e no fim das contas eu preciso me contentar em
jogar o jogo de paciência do Edu e ser a melhor amiga do Vitor. Eu tenho a
necessidade mórbida de botar tudo a perder porque eu não sei esperar. Eu não
julgo se eles tem medo de mim, aversão, falta de tesão, sei lá o que desgraça
vocês sentem. Mas eu amo vocês. Eu daria tudo pra estar muito mais na vida de
vocês dois e cuidar de vocês dois. É uma honra que o Vitor tenha se declarado
padrinho do meu filho, enquanto o cara que eu escolhi pra ser o padrinho do Michael,
não o conhece e não pergunta dele.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><i>“Oi, Vitu”.</i></span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu amo ver a alegria do
meu filho em falar um monte de bobagens pro cara que a gente nunca viu na
vida... Ele também te adora, tanto quanto eu. O <i>"padrrrrrinho”</i>. Eu amo isso.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Pra não dizer que eu penso
exatamente todo dia em morrer, há dias que eu não penso em morrer. Tem dias que
eu penso em bater na porta do Edu, sei lá, só aparecer lá no terminal central
de Mauá (se é que existe um) e ligar pra ele. Ficar lá sentada com um café
gigante da <i>monsterdog</i> na mão, rezando pra ele aparecer sem que eu precise pedir
diretamente, igual naquele dia que eu fui pra estação Tamanduateí e fiquei
esperando lá. Uma hora. E ele não veio. Esse é o meu problema, Du. Eu sempre
acho que não preciso dizer, justamente porque você sabe de tudo. Você deduz,
você acerta na mosca, você me entende, ainda que você não concorde. Me perdoa
mas eu não sei ser de outro jeito. E se você tem medo de mim, cara, eu também
tenho medo de você. Eu já te falei. Eu me sinto nua, desarmada e sem forças. Eu
não tenho coragem de te falar inúmeras coisas. Eu não tenho coragem de te dizer
que te amo embora você já saiba. E eu te culpo muitas vezes. Me desculpa. Eu sei
que eu sou exagerada, mas eu não sei ser de outro jeito. Me desculpa e agora
sou eu quem te peço, de verdade... Não desiste de mim.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu deveria escrever mais. Eu
não me importo de falar umas atrocidades de vez em quando. Eu sinto vontade de
rir quando me derramo no teclado. Meu terapeuta pediu pra que eu pensasse em
coisas que eu gosto. Eu gosto de chamar atenção... Confesso. Adoro me sentir
desejada. Gosto de ser elogiada, apesar de não absorver por completo. Eu não
entendo o quão especial eu sou na vida dos meus amigos, sim, porque minha família
perdeu completamente</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> o</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> sentido pra mim.
Meu irmão diz que eu preciso de um coaching, de deus, de amar meu filho. Minha mãe
disse que eu não posso misturar remédio com bebida. Minha mãe só me procura
quando quer algum favor. Meu pai grita comigo quando tá bêbado. E eu bebo pra
chamar atenção e esconder meu fracasso, minha frustração, meu amargor com o
amargor da vida e da cerveja. Eu não quero mais beber. De verdade. Eu não quero
fumar. Eu não quero usar droga. Eu não quero morrer. Não agora. Eu não quero um
deus, não quero palavras de auto motivação, não quero passar fome e nem frio. Não
queria odiar meus pais mas queria de todo coração que eles me respeitassem.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu me contradigo tanto,
que tenho muitos sonhos com o Edu, com o meu filho, comigo mesma, e tento me
matar numa dessas. Porra, Diana. Me ajuda. Que amor é esse aí minha filha?? Que
vida é essa que você tá levando?</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Eu sei que a rotina é
chata... eu não quero ver filme, não quero ouvir música, não quero ler livros e
revistas. Não quero andar de bicicleta, não quero jogar vídeo game. Não consigo
escrever, ainda que eu queira. Mas hoje eu consegui.</span><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Aqui pra você, morte. Vai se
foder. Eu to vivinha, sua cuzona.<br /></span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Não é hoje que cê vai me
pegar, otária.</span>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-49752869998110354402020-12-31T19:07:00.000-03:002020-12-31T19:07:28.643-03:00Envelope vermelho com um beijo sem batomOi, filha. <br />Tá gata pra caralho, hein... Parabéns pra você. <br /><br />Ao contrário do que a gente pensa, ficamos muito mais próximas nesse ano. Finalmente tu parou de jogar teus problemas pra baixo do tapete e foi encarar umas fitas pesadíssimas, sem mais hesitação. Choramos. Como choramos. E isso é muito bom. Lembra quando a gente não chorava mais? Doía pra caralho, aqui dentro do peito sabe? É bom chorar, meu robozinho. <br />Eu pensei um pouco sobre escrever pra você, e sobre o que escrever também. A gente tem passado muito tempo em silêncio. Não tem muita coisa pra celebrar, e menos ainda pra reclamar. Sério, apesar da merda que esse ano foi pra muita gente, eu penso que dei uma senhora reviravolta na minha vida. Fui pro psiquiatra, estou medicada, potencialmente bipolar e do dia pra noite, a palavra “mania” mudou completamente de sentido. Eu parei de ouvir música, parei de escrever, parei de sentir tanto. Um alívio, eu confesso. Sempre comento com o terapeuta que aquela penumbra de pensamentos e paranoia praticamente sumiu. Não é todo dia... E sim, eu ainda continuo querendo ser feliz o tempo todo. A mania acopla isso, querer mais o tempo todo, nunca estar satisfeita, Cê sabe bem como são esses sentimentos. Eles estão conosco desde que me conheço por gente. <br />Eu queria te agradecer mais uma vez por segurar as pontas, né. Eu não canso de dizer em muitos parâmetros de que a vida só anda quando você entende que é você por você e acabou. Lógico, dependemos dos outros pra muitas coisas mas, na hora que o cu aperta, é só a gente mesmo. Sabe que eu ensino isso pro Michael quase todo dia em algum aspecto? O padrinho dele me acha horrível por isso, mas tudo bem. A vida também é horrível na maior parte do tempo e, quanto mais cedo ele aprender isso, melhor pra ele. <br />Obrigada, por seguir o tratamento o melhor que você pode. Eu rio até hoje sozinha pensando no terapeuta dizendo “não é assim que funciona” – porquê você só quer tomar o remédio quando sai de casa, e ainda quer tomar doses em dobro quando acha que o dia vai ser muito caótico. Remédio pra dormir a gente ainda tá pegando as manhas de usar. Pelo menos, a gente não bebe e nem fuma há meses. Sabe, fiquei chateada essa semana pelo amontoado de (falta de) ações de uma pessoa a qual eu gosto muito. Sei lá, acho que acabou, um lance que nem começou direito. Eu não quero mais nada, nem com ele e nem com ninguém. Estou de saco cheio de ficar esperando ou jogar conforme as regras dos outros. Eu sou uma pessoa difícil e extremamente metódica. Eu gostaria que as coisas fossem do meu jeito, mas não são. E já que não são eu não quero. Já esperei tempo demais, por um sinal, um gesto, qualquer coisinha boba. Acho que não to pedindo muito, não quero me casar, não quero um pai pro meu filho. É que realmente eu cansei. Não sei te explicar, mas parece bastante com correr pra alcançar uma porta e essa porta estar cada vez mais longe á medida que corro em direção á ela. Mas tudo bem, eu reconheço a minha culpa, aliás, quando é que a culpa não é minha? <br />Se for pra sentir algum tipo de culpa, que seja abandonando uma coisa de machuca. Viver de fantasmas de boas lembranças, de mensagens escritas há meses, de imaginação (muito quente e) fértil por todo esse tempo já perdeu o sentido pra mim. Talvez eu não sei o que é que os relacionamentos desse tipo signifiquem. Talvez eu exija demais ou nem saiba que porra que eu quero, além de uma pessoa tão intensa que se entregue exatamente como eu me jogo no fogo sem pensar duas vezes. Já pensou alguém reciprocamente apaixonado? Quem sabe depois? <br />Agora falando dos amigos, temos muito á agradecer. Nosso círculo está cada vez mais reduzido, mais seleto e até mais especial. Porra, quem consegue me aguentar tanto tempo assim? A não convivência é uma coisa sagrada. Acho que lido muito melhor com as pessoas de longe. Tudo é mais bonitinho lá do horizonte. Desfiz laços, reatei alguns e firmei muito mais outros. Eu não gosto de citar nomes, mas sinto inúmeras saudades e um afeto enorme pela Aline, Yasmin, Gunter, Edu e Vitor. E cara, haja conversa, haja áudios de cinco minutos, chamadas no hangouts de duas horas e memes horrivelmente sem graça trocados. Eu costumo dizer que não gosto de conversar. Pergunte á eles, talvez vão te responder o contrário. Sou um pouco de lua, apesar do dia não fazer sentido quando não falo com a Aline e com o Vitor. É um costume muito gostoso. A gente precisa manter contato com quem a gente ama. Sério, de alguma forma eu me afastei ferrenhamente e continua cada vez mais distante das pessoas. E não pretendo mudar. Estou numa viagem muito intensa, muito tensa. E realmente preciso ficar sozinha. (tá vendo né? Quer as pessoa perto e depois quer ficar sozinha, sua doida.) <br />Bem. Podemos falar de trabalho? Não. Gosto do dinheiro. E modéstia á parte, foi um salto no meu saldo bancário. Muito bom, por sinal. E bem justo também já que sou paga pelas horas extras. Gosto da correria, gosto de responsabilidades (caralho em vinte e quatro anos eu nunca pensei em dizer isso), gosto de receber elogios pela minha eficiência e amo me sentir útil e ocupada. Meu trabalho é minha prioridade, na frente da minha casa. Na verdade, continuo detestando minha casa. É terrível ter um negócio grande que é teu, mas onde você vive infeliz. Eu só volto pra casa pra tomar banho e ficar com o meu filho, nada mais me importa, porém tenho obrigações sociais bem toscas para com os meus pais. Infelizmente pagar as contas não é o suficiente, você tem que aparecer ao menos uma vez na cozinha pra ouvir os dois berrando e trocando farpas como crianças. Isso quando não é algo que fiz ou deixei de fazer, e como se não bastasse isso, a disputa por atenção do meu filho entre eu e meu pai. Pode ser que eu esteja com ciúme? Sim, tenho quase certeza. Eu odeio sentir ciúme. É um negócio podre. Não gosto que sintam ciúmes de mim pois eu não sou uma propriedade de ninguém, nem minha própria. Eu sou do mundo, eu sou da terra que um dia vai guardar minha carniça putrefata, ou se o dinheiro me permitir vou me entregar ao fogo, de onde eu tenho certeza que vim. Papo de hippie, né? Eu sou fogo puro, você sabe disso mais do que ninguém. <br />Puxa. Estou me sentindo bem melhor do que quando me sentei aqui pra escrever. Obrigada, mais uma vez. <br />Acho que não tenho mais nada pra contar. O que eu posso te dizer é que, essa força que a gente descobre todo dia mais um pouquinho dela, que ela tem que continuar minando. Não vai ser fácil esse ano seguinte, sabe? Assim como este aqui não foi. Porém, você assumiu muitas fraquezas e aprendeu a pedir ajuda. Tá, to exagerando. Ainda sou muito orgulhosa, quero provar a todo custo de que posso fazer tudo sozinha e tudo impecavelmente perfeito. Isso me corrói as vezes. Olha a mania aí de novo. Ai, mulher, espero que você se dê conta logo que você faz o que você pode e já tá bem legal. Lógico, não podemos estagnar numa poça de merda e nem se afundar nela. É um trabalho gradual, uma lapidação, porra, você só tem vinte e quatro anos fia. Eu cuspi pro alto uma caralhada de vezes e tá caindo cuspe até hoje bem no meu olho, pra eu parar de falar merda. Ninguém nasce sabendo, e pelo menos a gente não votou no Bolsonaro, já é um bom caminho. Falando em política, até hoje a gente não foi atrás de saber de fato o que é a anarquia, né? Tá ficando chato só explicar que eu não aceito governo nenhum. Tem que ter uma base né, tem que saber do que você tá falando. Tirando esse rostinho bonito, tem muita inteligência, e muita preguiça. Sem roupa eu sou um máximo também mas tem mais coisa pra explorar em mim. Eu tenho muito potencial e tenho muito tempo de vida. Espero que você não se esqueça disso nos teus piores dias. <br />Bem... Obrigada. Mil vezes, obrigada. A gente sobreviveu á essa porra e deu grandes passos. Este é o caminho, sua sith safada. <br /><br /> <br /><br />Com todo amor e admiração do mundo, <br /><br /> <br /><br />Diana.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-71861044612564607352020-10-04T04:45:00.001-03:002020-10-04T04:45:22.467-03:00Dentro da Cova (Indiferença)<p> Será que você tem a mesma sensação que eu? De se sentir alguém ao mesmo tempo de ser invisível?</p><p>Observando aquelas vidas indo e vindo em grandes detalhes, enquanto você senta e só mergulha infinitamente durante algumas horas, num novo mundo.</p><p>Você só esquece dessa merda toda rolando aqui fora e observa. Você sente. Você sente alegria, angústia, terror, euforia. E então pensa <i>eu quero ser como eles</i>. Ou até mesmo <i>eu sou como eles</i>, eu sou um deles. E observa. Você é e não é. Pois nessas horas você se extingue. A sua mediocridade é ofuscada por algumas horas e foco e câmeras. E de repente somos, alguém. Ávido. Cheios de inspiração. Felizes. Emotivos tocados com alguma história que não seja a merda medíocre da nossa vida.</p><p>Eu li em algum lugar que se a gente tá infeliz ou incompleto, é porque tá existindo sem fazer algo que nos deixa verdadeiramente vivos. O foda é quando chega num ponto de não saber mais o que nos deixa vivos. Na verdade, eu sei o que me mata: a realidade.</p><p>Lê-se <i>realidade</i>: o que devo fazer pra me adequar pra que meus pais, meus patrões e terceiros me aceitem. E a questão é para quê devem me aceitar?</p><p>Simples. Eu preciso trabalhar. Preciso me encaixar. Eu preciso ser alguém. Sabe, ser alguém é reduzido no quanto você tem no banco, em quantos diplomas tem na parede e, em quantos contatos você tem.</p><p>Eu ando numa contramão sem freio, andando de ré. Eu não quero nada disso. Já falei que odeio trabalhar? Meu deus eu sinto vontade de gritar isso na cara de todo mundo. Eu odeio os impostos sobre uma casa que meu pai comprou o terreno, levantou tijolos e mobiliou. Porra, é dele. Mas temos um aluguel fixo de noventa e oito reais durante oito meses em um ano. Eu odeio.</p><p>Estive pensando em fazer mais um teste vocacional. Um teste de personalidade. Eu estou perdida. Até hoje não sei o que quero fazer. Só penso em ter grana pra manter meu filho com o básico. Água, luz, internet, comida, roupas, sapatos, livros, cadernos, brinquedos e uns doces de vez em quando. Eu juro por... sei lá. Eu nunca me senti tão doente e vazia como me sinto agora. Meu filho é tudo. Meu filho é tudo o que me faz não fazer besteira. Eu não desisto. Mas é por ele.</p><p>Um motivo de orgulho e um pouco de nervosismo, por não saber o que esperar a respeito, foi meu encaminhamento ao psiquiatra. Meu terapeuta acha que estou com depressão, e notou que tenho oscilações bruscas de humor. Acho curioso observar à mim mesma. Foi um exercício que ele me deu.</p><p>Preciso observar e, se possível escrever como me sinto quando algo me deixa mal.</p><p>Eu não tenho problema em escrever sobre isso. Queria muito, na verdade, encorajar pessoas como eu à buscar ajuda profissional. Entendi que amor não é suficiente, amigos não são o suficiente, pais não são o suficiente (mesmo quando os se têm presentes, coisa que nunca tive positivamente), e é uma caminhada só sua.</p><p>Nas checagens e trocas de muleta e ferramenta (eu gosto de usar essa metáfora), abandonei algo que estava me machucando há algum tempo. A indiferença.</p><p>Quando você é alguém que tolera pessoas, elas abusam e se desculpam, passivas de falhas com comoventes perdões e fragilidade. Até o dia que você manda tudo que incomoda pra casa do caralho. Aí você se excedeu. Você exagerou. Você identificou os seus limites e impôs esse limite. Chega, finalmente, a porra do dia que você olha e pensa eu <i>mereço</i> muito mais. Eu <i>quero</i> muito mais do que isso.</p><p>Quando você identifica seus limites e aperfeiçoa o autoconhecimento, algumas pessoas te acham desagradável. Mal humorada. As pessoas que ultrapassam a porra do limite, te culpam por você ser tão impetuosa. Isso acontece com frequência. Assim como a porra da desculpa ridícula de que você não sabe mais como levar as coisas. Se você não cuida, morre. Seca. Se extingue. Se exaure. Isso vale pra tudo. Eu tô cansada das pessoas ditando como deveria ser. Vai ser como eu quero. Vocês fazem isso o tempo todo, é do jeito que eu quero mas eu vou lá mostrar pra ela que assim mesmo do meu jeito é que é o certo.</p><p>Que se fodam cada um de vocês. </p><p>Eu descrevi ao terapeuta que eu me sentia como quem cavava um jardim cheio de erva daninha alta. Eu cavo com uma colherzinha e eu preciso ir mais fundo. Dando de cara com toda a imensidão de larvas soterradas dentro do meu peito.</p><p>Sério, em algum momento eu quis ir mais à fundo, e ainda quero muito mais. Lavando a cara, parando de se esconder nas dopagens, nas vestes, nas mentiras de uma pessoa que não existe mais. E olha que nem tô falando de Beatriz ou Diana. Eu simplesmente resetei, ao mesmo tempo que resgato tudo à tona. Muito devagar mas ainda assim, é muito pra lidar. É terrível ser quem você é, e amar a solidão e temer estar só. É confuso, mas eu me entendo. Aliás, só eu me entendo.</p><p>É como se as coisas que usei pra me definir estivessem desaparecendo. Aqueles rótulos, adesivos, esmalte, característica, adorno, tudo sumindo como fumaça. E eu sempre tive medo. Sinto que não é só amadurecimento, talvez a morte tenha perdido a paciência com tantos pedidos que ela resolver tirar com a minha cara. E eu tô sumindo. Ou as pessoas estão sumindo... É que eu não consigo acreditar que eu seja um ser da cabecinha iluminada que vê coisas além do tempo, não. Eu sei que muito mais da metade da maioria das merdas que vocês idolatram não valem nada pra mim. Mas eu sigo disposta a mentir cada vez melhor. Eu vou pertencer... eu preciso pertencer à algum lugar.</p><p>Eu não consigo confiar nas pessoas, nas próximas, nas distantes, nas que não conheço. Pra mim, tudo não passa de um show barato, de uma série franqueada que se expande por conveniência e com orçamento cada vez mais baixo. É mais do que reconhecer que eu penso demais e não faço nada do que passo anos e anos planejando. É como se aquele sentimento de deslocamento lá da minha adolescência voltasse muito mais claro e mais forte. Tudo e todos tão distante, a minha bolha só cresce, e eu não penso em sair dela. Não mais. Mas eu minto, eu minto o tempo todo. Eu digo o que é conveniente até a hora que uma avalanche de dor se debruça nas minhas palavras, cheias de medo e incerteza. </p><p>Pertencer ou não pertencer? Eu não tenho escolha.</p><p>Eu faço as escolhas. Não escolher é uma escolha por si só. Eu faço o que nunca é o suficiente no mundo dos excessos. Precisam de mais, mais carisma, mais mentira, mais sorriso, mais simpatia, mais acenos de mãos com dentes amarelos cheios de ódio. </p><p>Eu me pergunto todo dia, quando é que o caminho de espinhos dessa roseira vai acabar? Quando eu vou chegar lá nas pétalas? Quando vou sentir maciez e não mais dor? Acho que me enganaram. Não é possível existir tantas perspectivas e se sentir tão merda e tão reclusa ao mesmo tempo. Não há ninguém igual à mim, eu digo, e sim, pois todos somos diferentes. Um mais estúpido que o outro e eu destoo pelo meu desprezo crescente pelo compartilhamento humano. Eu podia ter nascido cachorro. Eu já disse isso.</p><p>O lance da indiferença, isso bateu forte em mim. É uma via de mão dupla muito lucrativa. Sabe, quando te abandonam, te apontam, te julgam e comentam sobre o seu temperamento ou qualquer outra coisa absurdamente grave que você cometeu (grave, porquê a honestidade não existe no mundinho encantado das tolerância, fora do meticuloso script que eles planejaram e eu não segui), as pessoas esperam você se humilhar, pra se redimir como se eu tivesse culpa. E é aí que vem o grand finale. Eu abandono a peça no meio do ato mais importante, porquê pra mim não tem a mínima importância. Eu saio, pois não preciso de julgamento vindo de quem tem rabo preso, medos fúteis e mãos sujas. Eu saio leve, pois aqui nestes casos eu não tenho medo de estar só. Eu tenho raiva de péssimas companhias que me cercam. E eu não preciso de vocês.</p>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-32220491101391208332020-09-19T02:01:00.003-03:002020-09-19T02:01:38.438-03:00Estado Fleumático<p> A gente só faz o que a gente tem que fazer. Estar amarrado à uma rotina e inventar coisa pra enfiar no meio da convivência truculenta. Come na hora que der fome só. Tira as capa do sofá e sacode as migalha de pipoca pro chão, e varre o chão, reveste a capa e passa um pano ali no chão. Recolhe brinquedo, arruma meticulosamente a mesinha e a cadeirinha, afofa a almofadinha. Prepara os ovos cozidos, corta um abacate, pica um alface, um tomate. Come a beterraba de ontem, e tudo bem almoçar tarde, enfiar a dieta no cu e matar um prato de brigadeiro. Come o que tem. Põe um pouco de açúcar no café, bebe a porra do café que você não vai morrer não. Pão com margarina, bolo de maracujá que deu azia, um ovo que não fritou muito bem mas, o que importa é que a gema está mole.</p><p>Manda email com anexo e um implore formal de gravata praquele anúncio escrito tudo errado. Quinhentas e vinte candidaturas chutando bem baixo e nada, porque tu não presta pra porra nenhuma e é isso aí. Ligam das imobiliárias, ligam do plano do celular, ligam querendo oferecer emprego que na verdade é curso. É isso, amanhã eu termino de refazer meu “doquixis".</p><p>Chora com a novela reprisada. Senta com o filho que fez merda antes de dormir e não bate nele. Senta pra conversar enquanto ele ri da sua cara e sua mão treme pra enfiar uma bolachona na cara dele. Fala que não é mais pra mexer nas tuas coisas, não é pra comer tanto doce. Pede pra ele comer logo. Reclama pacificamente com o pai dele pra parar de dar comida na boca do bonitão. Tenta lembrar que ele é criança e tu é uma mãe exigente demais. Mas ele tem que saber a mãe que tem. Aí cê pensa que tipo de mãe você quer ser. E melhora em passos microscópicos. Não berra. Fala firme. Abraça, pega no colo, pergunta o que foi. Fica puta de raiva sessenta vezes ao dia. Eu vou envelhecer bem mal... mas já é uma boa perspectiva pra quem achava que não passaria dos vinte e cinco.</p><p>Acende incenso, deita pra dormir mas antes dá uma espiada no seu exame. Lê as coisa e joga no google. Tá preocupada, fia? Não. Eu não tenho medo de morrer. Na verdade eu odeio ficar sem saber as coisas, esclarecidas, sabe? O que porra são lesões osteoblásticas? E enquanto eu não sei, um terceiro caroço aparece. Caralho... eu havia me esquecido da palavra “osteoblástica” e puxei “osteolítica". E agora vi que tem uma diferença bem legal nos resultados das pesquisas no Dr. Google. Esquece isso que tu não é médica. Vai um dia lá buscar as imagens, encontra a radiografia que entregou os dois (que são três) caroços e vai lá ver o que é. E tudo bem. Se precisar a gente arranca, deita na maca de novo e me rasga de novo, só que agora, no pescoço.</p><p>Eu não tenho medo de morrer.</p><p>Eu penso é que vou tratar mal quem me tratou com indiferença a vida inteira e vai olhar pra mim com dó se caso for alguma coisa. Vão pra longe de mim, eu definitivamente não preciso dessas caras de cachorro morto. Eu flerto tanto com a morte até hoje... eu não aprendi nada. Eu fico brincando aqui dentro da cabeça: tu vai morrer amanhã ou depois e tu não fez porra nenhuma do que tu queria. Cê não falou pra ele que ama ele. Cê não fala nada do que tu sente pra ninguém. Essas coisas, não ditas, sentidas e retidas, se esvaem como uma essência gostosa mas bem fraquinha, exalando do meu corpo. A minha cabeça muda de tempos em tempos e eu gosto de quem estou me tornando. Eu tolero o que já fui. Eu perdoo tudo o que fiz comigo mesma, mas tem dias que eu me caibo. Eu não quero. Eu não vivo. Eu não respiro. Eu sequer existo.</p><p>Eu li uma pequena história sobre monstros no navio. Que gritam, ofendem, assustam. Mas não machucam. Eles não podem nos tocar. São, nossos medos. Nossos pensamentos, sentimentos. Somos intocáveis, pelo menos eu espero que nada nos detenha fisicamente. E eu pensei em mim. Eu penso o tempo todo mas hoje eu consegui ficar bem. Pelo menos um dia eu não me deprimi por não obter respostas, seja dos emails, ou do porquê eu sou assim e faço tudo errado. Tudo bem. Eu vou fazer o que eu tiver que fazer. Não é que não importa mais... muito pelo contrário: mergulhar dentro de mim me faz me importar muito mais. Comigo, e com tudo que realmente importa. São muitas ideias de instruções prontas ao nosso respeito, o que fazer e como fazer, mas nada que nos toque e diga “olha pra dentro de você, caralho".</p><p>É tão gostoso saber o que a gente quer e entender as coisas. Ainda que poucas, mas quando há um mínimo de brilho nessa caminho surrado de decepções e tentativas de suicídio, uma faisquinha que EU VOU VIVER E FODA-SE aparecendo lá no cantinho.</p><p>Eu vou fazer o que eu tiver que fazer. Acho que o fazer já é alguma coisa. O estar em paz com as decisões que você toma e ter certeza de que está checando cada lacuna e dando o seu melhor da mísera tarefa possível. Eu estou fazendo o que posso. Quando me chamam eu vou lá, falar de mim, do quando eu sou comprometida, das incríveis habilidades de ouvir uma pessoa e atender às necessidades dela. E tudo isso narrando a linha de filmagem grotesca na minha memória, onde eu me sento num sofá imundo da salinha de espera e ouço a convidada discursar pra recrutadora. A câmera foca nas minhas mãos suando e depois na minha cara enquanto ela diz “eu moro há cinco minutos daqui" com uma risadinha como de quem sabe que levei mais uma hora pra chegar lá e ainda só cheguei no horário (depois de me perder) porque peguei um táxi. E a pitada cômica fatal: “ah eu adoro trabalhar com o público, eu gosto é de coisa difícil!” – reviro os olhos e abro a boca numa arfada estúpida e lá vem os risos da plateia.</p><p>As coisas soam muito estranhas pra mim. Eu juro que não é exagero mas me sinto completamente e cada vez mais deslocada. Eu sou uma tremenda incógnita caminhando pelas ruas com seus ombros rígidos e baixos, fones de ouvido e a cabeça à milhão. Não é mais arrogância me perguntar se sou mesmo natural deste planeta. Ou talvez devo estar ultrapassada pois tudo o que conhecia e prezava já não serve de merda alguma. E quer saber? Tudo bem. Tudo bem. Tudo bem. Eu espero. E eu, sobretudo aceito que a vida é essa piada fodida. Pra quê levar tudo tão à sério né? Todo mundo vai morrer. Meu pai, eu, sei lá. As coisas acontecem e eu só faço o que eu tenho que fazer, e o que não tá no meu alcance que me foda, né?</p><p>Eu tô bem, pelo menos hoje. Se o dinheiro não der, tudo bem. Se não tiver o que comer, tudo bem. Se eu estiver com alguma coisa, tudo bem. Eu só vou ficar puta porque não vai ter ninguém pra mostrar as músicas que eu gosto pro meu filho. Não vai ter ninguém pra falar pra ele que ler clube da luta foi uma delícia e que a filosofia acabou com quem eu era. É um lugar e uma expectativa que ninguém pode suprir e ninguém pode reclamar. Eu sei que estou divagando. Eu falo que tô bem e tô pensando se vou morrer ou não. Na verdade, eu dou risada toda vez que abro a pesquisa lá de novo e leio os tópicos de perguntas rápidas.</p><p>Eu nunca vi, fazer terapia e lidar desse jeito com as coisas. Parece que tanto faz. É porque realmente eu só tô pensando nisso, em fazer o que eu tiver que fazer. Vou fazer um remendo de recomendações como quem lê a bíblia e só lhe toma o que te convém. Eu fiz isso a vida inteira. Mas é muito louco olhar nesse prisma de reflexões e a trajetória percorrida entre não saber e não saber mesmo de nada. O que é que você quer? Responde aí pra si mesmo.</p><p>O saber é tipo uma injeção bem dolorida, um remédio bem amargo cheio de efeitos colaterais quase letais mas, tudo que faz muito bem com o passar do tempo.</p><p>Mesmo com as coisas perdendo o sentido na frente dos seus olhos, depois de rolar e levantar da cama numa fúria e angústia bestiais, das costas deslizando pelo azulejo do banheiro e a traqueia fechando, o choro explodindo numa luta pra entender o que está acontecendo versus porquê eu não consigo respirar. Tudo bem. Fora sentir uns sopros no rosto na noite anterior... era só o que me faltava.</p>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-61134823044886627982020-09-07T08:32:00.000-03:002020-09-07T08:32:05.684-03:00Sem Antídoto<p>Estou com a mesma sensação e a dor do dia do meu parto. Minhas costelas têm uma pressão sobrenatural, e doem. Meu estômago dói. Tem um bolo de catarro e angústia na minha garganta. Às vezes sangue. A sensação afinal, é de que eu vou morrer. Sabe, quando você sabe que tá no meio de uma situação, bem fodida, a mais merda possível, e aí metade de você sente que tá tudo bem? Pois é, esse é o prelúdio perfeito pra sair da casinha e surtar pra caralho. </p><p>Eu sinto vontade de chorar e de rir ao mesmo tempo porque, é ridículo e não há nada a mais, um plus, um extra, nada, que eu possa fazer. Os emails são redigidos diariamente. <i>Olá boa tarde eu moro no cu do mundo e não tenho nada de especial no papel mas quero este emprego porque não tenho nada melhor pra fazer em casa e eu preciso alimentar meu filho. P.s.: o que vocês ainda não sabem é que eu engulo sapo adoidado e aceito tranquilamente as humilhações pra poder me manter nesse carguinho de bosta que vocês enfiam sete funções em uma e pagam mil e duzentos reais com cara dubitável pras minhas tatuagens.</i></p><p>Meus pais ficam velhos, doentes, estressados, medíocres, sem respeito e sem perspectivas. As contas chegam. O cheque especial aumenta. As compras são feitas e eu não sei comer. 24h sem comer nada barra 2h mastigando feito uma vaca sem parar.</p><p>Trocar o dia pela noite? Isso é coisa do passado. Agora é dormir sempre que der. Vegetar das 2h do sábado até 22h do domingo. Cochila, acorda, dorme, desmaia, acorda, tem pesadelo, ronca, baba, nem uma gota de água. E pra quem não tinha nada pra dizer pro terapeuta, falou abertamente sobre todas as justificativas plausíveis pra enfiar a cabeça num capacete e viver no seu mundinho.</p><p>O mundo ideal. Sem meus pais, um palco, sem preocupação, dinheiro, tranquilidade na cabeça, sem medo de julgamentos e nenhuma timidez. Aliás há que porra de hora que eu virei introvertida?!</p><p>Aí pá: manual básico de percepção que você tá fodido. (Atenção, pegue sua cartelinha que o bingo vai começar!)</p><p>E eu pauto tudo, zeradinho. Eu tô uma bosta. E beleza. Vai passar. Tem sempre os dias que são piores que os outros. E tem muitos dias que eu quero morrer. Sabe, minha arrogância às vezes não cabe dentro de mim. Tem dias que eu me odeio. Tanto. Por confiar demais. Por sentir demais. Dar sempre mais uma chance. Por errar. Por não ser uma boa mãe. Eu me odeio. Por saber demais. Ter noção das coisas é a pior coisa que você pode fazer por si próprio. </p><p>Pra quê ligar?! O mundo não parou, muito pelo contrário, temos seiscentas mil oportunidades diárias pra fazer coisas ótimas mas eu prefiro ficar com o rabo na cama e dormir. É tudo muito belo e gentil mas a culpa é minha se eu vejo isso. Eu não emano nada, eu não trabalho o meu pensamentinho nhe nhe nhe e não atraio porra nenhuma. Aliás, eu já estaria enterrada se esse papinho de atração mental funcionasse. Caralho eu nem posso me ausentar um minuto desse plano infeliz que já estão em cima do meu filho falando pra ele dormir com deus e responder amém.</p><p>Eu me odeio porquê tenho muita eloquência pra falar com quem eu amo e não faço nada do que eu falo. Eu sou patética quando enfio o travesseiro na minha cara. E mais ainda quando eu choro, quando eu finalmente consigo chorar porque eu sei que não existe um antídoto mágico que eu possa beber e UAU... me sinto ótima e pronta pra mudar o (meu) mundo. Não existe receita de bolo pra vida, mas eu joguei a forma fora, a massa tá espalhada no chão e minha cabeça dentro do forno. Não existe milagre. Não existe oração. Não existe Deus. Não existe absolutamente nada além de mim e da boa vontade de alguém que me dê uma chance. Pra compartilhar. Pra amar. Pra trabalhar. E eu nem cheguei na parte das coisas que dependem exclusivamente de mim.</p><p>Agora a minha nova invenção é reprimir sentimentos. Se não bastasse não chorar, não brigar, não recusar, não hesitar, agora eu também não posso ficar insatisfeita. Eu não deixo. Não é ninguém não, sou eu mesma que viro e falo EU NÃO POSSO FICAR ASSIM.</p><p>Pois eu vou. Já pensou ficar frustrada por sentir as coisas? Retardada. Eu já disse que você não é uma pedra, um robô, nada disso. Viver é isso, cabeça de bagre: quando você parar de sentir, é porque tá morta. E eu não posso morrer.</p><p>Eu tô bem confusa, pra falar a verdade.</p><p>Essa maldita dualidade. Eu não sei se isso é possível, tipo ter duas bases de consciência. Eu sei das coisas, sei das possibilidades e sei do que está e não está no meu alcance. E ainda assim tudo me tira do sério.</p><p>Até disso aqui eu tô cansada. Me perguntam “você não lê o que você publica?” e eu digo pra quê? Três meses depois, quem sabe. A insatisfação não é de hoje. Nem a revolta. No máximo, eu mudo conforme os dias vem e vão, e cada vez mais eu não sei de nada e só penso que tá tudo errado. Comigo e com os outros. Essa instituição falida. Essa mesmice, essa normalidade nojenta. Esses incontáveis tabus. Essa falta de discernimento. Essa cegueira maldita, mania de justificar o seu no meu e o de um num todo.</p><p>Eu cresci ouvindo que era doida. Eu cresci com as pessoas que eu mais amava esperando o pior de mim em toda e qualquer situação. Devo aplaudir e agradecer? Bem, apesar de respirando, mal, mas respirando, eu tô aqui. Sem eira nem beira, com a terapia paga mas devendo alguns meses de IPTU e contando moeda pra pegar ônibus. Pensando em qual vai ser o motivo que o Michael vai arrumar pra chorar e bater o pé e dizer “não quero”. Preocupada com o meu pai e sem estômago pra conversa. Segurando o soco que eu queria dar na minha mãe. Segurando o soco na porta. A vontade de vomitar. O ódio que eu sinto dessa falsa preocupação que têm comigo. Dessas palavras mastigadas que vocês tiram do cu pra me falar. Eu não tenho limite. É. Não tem aquele papo “ain, estou no meu limite". Mentira. Eu aguento. Eu sou forte. Só tô cansada e desanimada e nervosa. É habitual. Parece eterno, essa fadiga e a sensação de inutilidade. De anulação. De perturbação.</p><p>A terapia só serve quando te faz pensar no lixo que você é. Minha mãe talvez pode ter razão. Mas eu não posso morrer. Eu não posso e nem quero desistir das coisas. Um pouco só. Eu falo demais. E eu não falo nada. Mas com o terapeuta eu falo, estouro o tempo todo domingo. Espero que eu consiga bancar muitas sessões. Tem muito pro meu pai jogar na minha cara de que eu faço terapia e fico pior.</p><p>Quando se aprofunda no lodo, sabe, quando você abre essa sepultura dentro de você... nosso túmulo inviolável. É aí que você que tá adiantando. É crime abrir a cova, não é? Me parece que é tão terrível quanto, abrir nossa mente. Todo mundo é ruim. Todo mundo é bom e ruim. Todo mundo tem fraqueza. Todo mundo sangra, tem catarro e angústia dentro de si. Todo mundo chora, surta, grita, chora e chora. Só parece fácil pra maioria. Se for também não é da minha conta. Pra mim não é.</p><div><br /></div>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-225039138882032342020-08-23T14:48:00.002-03:002020-08-23T14:48:31.633-03:00Universo Infernal Particular<p> O breu. Eu não me cansava nunca de fitar a imensidão escura e falsamente vazia do espaço. Estava lá há tantos anos e parecia quase sempre ser a primeira vez que o preto azulado mesclava o verde dos meus olhos. Continuei vidrada.</p><p>_Alexa... você conhece a história do Major Tom?</p><p>_Você quer dizer, sobre o personagem fictício criado por David Bowie em 1969? Ele tem sua primeira aparição em "Space Oddity" de 1969 retrata um astronauta que deixa a vida na Terra para viajar além das estrelas. Em "Ashes to Ashes" música de 1980, Bowie reinterpreta Major Tom como uma oblíqua autobiografia simbolizando ele próprio.</p><p>Pensei comigo, me sinto igual. Há quanto tempo eu abandonei tudo isso de senso comum e normalidade ou massas e vícios de um todo? Quando isso começou? Eu paguei um preço alto demais pra estar em maior contato com algo real. Eu quero o real. Eu quero o puro e bruto. E ainda dói. </p><p>_Diana, há um contato te esperando na linha. – anunciou a pequena caixinha invisível, embutida na parte superior da nave.</p><p>_Só atendo se for o mestre secundário. </p><p>_Mas <b>é</b> ele.</p><p>A tecnologia também sabia usar de tons de ironia.</p><p><i>_Diana? Pode me ouvir?</i></p><p>_Olá, mestre. Ainda bem que você respondeu logo o meu chamado.</p><p><i>_Aconteceu alguma coisa? Como você está?</i></p><p>Relutei em responder. Havia muita coisa passando na minha cabeça. </p><p>_Não muito bem mas não sei o que é. Eu não obtive muito êxito no meu contato externo. O planeta era agradável, ótima habitação, me lembrava muito a minha casa até, mas não consegui, mestre. Não estou pronta pra voltar. Na verdade eu não tenho muita certeza se é o que quero.</p><p><i>_E alguém te disse algo sobre voltar? Isso não tem volta, essa viagem é só de ida. É um trajeto necessário para se percorrer e não pra se preocupar em voltar. </i></p><p>_Mas eu não tô falando de regressão. É sobre pertencer ao lugar. Eu ainda não o encontrei.</p><p><i>_E quem te garante que o seu lugar não é transitando por aí? Certas pessoas não adquirem raízes, ou você está buscando plantar o que não dá frutos. O que é que você quer? Só pertencer?</i></p><p>_Não, mestre. Eu quero me conhecer. Algo em mim mudou drasticamente e eu não sei mais quem eu sou. Eu parti em viagem justamente em busca de respostas. E desconfio que não sem ao menos as perguntas.</p><p><i>_Pense bem: se você voltar...</i></p><p>_Eu não posso! Não dá. É impossível e insuportável. Eu sempre acho que tô progredindo e quando vejo, dou duzentos passos pra trás! Não dá, é impossível dividir com os sensos comuns.</p><p><i>_E por que tanta hesitação? Você está com pressa...?</i></p><p>_Pressa de parar. Eu quero parar.</p><p><i>_Isso não existe. Você não vai parar tão cedo e é melhor mudar essa cabecinha. Sua viagem está, definitivamente o mais longe de acabar.</i></p><p>Uma lagrima rasgou meu olho esquerdo e uma bigorna caiu no meu peito. </p><p>_Eu estou vagando no nada, não estou?</p><p><i>_Me diga você. O seu progresso é pequeno e você anseia por resultados maiores que os passos que você dá. Você sabe que não é assim que funciona</i>.</p><p>_Por que eu preciso pendular pra duas mentalidades? Eu não suporto mais isso. Dói. Estou cansada desse alternar entre saber o que tenho que fazer e esperar e deixar ser domada pelos meus caprichos. Eu não sou mais essa pessoa impulsiva, eu penso demais antes de fazer. E não tá adiantando nada. Se você sabe e não faz, de fato não o sabe! E eu não sei quem eu me tornei! Por que eu mudei? Por que não me dou mais a chance?</p><p><i>_Não é pra mim que você tem que perguntar, e pra início de conversa, essas não são suas perguntas. Porque essas respostas não vão te levar à lugar nenhum. Quer ficar presa aqui pra sempre?</i></p><p>_É melhor do que essa merda de resposta pronta que eles te fodem pelos ouvidos! – e desferi um golpe no painel.</p><p>Ouvi o zumbido em saída da conexão sendo encerrada. Era praticamente o mestre falando “vai beber uma água e se acalma pra falar comigo”.</p><p>_A base quer saber se você precisa se algo. – Alexa retornou, sutil.</p><p>_Comida envenenada. Uma morte rápida. A abertura da cápsula nas proximidades de qualquer buraco negro.</p><p>_Devo realmente comunicá-los sobre suas preferências?</p><p>_Não, mano. Que saco. Vai dormir, menina. – Eu definitivamente perdi o juízo ao tratar o sistema como uma pessoa existente. Ao menos, Alexa sabia de tudo. Ela existia do jeito dela.</p><p>E qual era o meu jeito de existir?</p><p>Engatei os propulsores e parti sem rumo predestinado.</p><p>Voltar não era uma opção. Quanto mais navegava, mais a escuridão tomava conta. Da vista, do peito, na mente. A busca por nós mesmos era pra ser tão obscura desse jeito ou eu realmente não me conhecia? Muito anos de respostas prontas. É como as roupas que não me cabem mais, e eu me sinto nua.</p><p>Qualquer hora o mestre retornaria. Não era uma boa hora mesmo aquela. Ainda não havia um propósito concreto e, a coisa toda de pertencer comia mesmo a minha mente. E o controle, que eu perdia às vezes. Vai ver que era ainda a simulação e eu nem tinha nem viajado ainda. Talvez isso não importasse. Eu estava introspectiva demais pra perceber algo lá fora. Menos quando eu tinha um pingo de esperança sobre as divisões. Eles não são todos iguais, só não são iguais à mim.</p>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-2645761953427866352020-08-07T01:33:00.000-03:002020-08-07T01:33:05.892-03:00Nulificação Temporária<p>A gente ainda continua naquele impasse de que a gente poderia ser mais positivo e se sentir grato por ter coisas que os outros não têm e por viver o agora sem se preocupar muito com o amanhã. Eu, definitivamente estou neutra. Só ando com medo do açúcar. Sim, o inimigo agora é outro! Nem café, nem cigarro e nem álcool. Que bela neutrona eu me tornei. Saladas gigantes no almoço com peixe, e chá. Garrafa de um litro de água na mesa, e chá. Deita no quintal pra tomar sol, e chá. Até exercícios no elíptico andei fazendo, por pouco tempo. E mais chá. E água. E chá.</p><p>Minha esperança de trabalho já morreu. Digo, trabalhar num lugar sem as pessoas olharem pro meu pescoço. Se bem que estou pau a pau de escolher que merda maior que eu fiz: tatuar à mostra ou voltar pra minha cidade natal. Fica aí o questionamento. Continuo mandando incontáveis emails pra domínios desconhecidos, dando meus documentos à sites que parecem mais coleta de cobaias para tráfico de órgãos e nada. Um telefonema veio, era um curso, não era emprego. E nem pra isso eu servia porquê estava acima da idade. É isso, vinte e quatro já já, sem trabalho, sem diploma e sem dinheiro. E sem estribeira também. </p><p>Tive um episódio muito ruim num dia anterior. O que antecedeu o primeiro dos sessenta dias que meu pai vai ficar afastado do trabalho. A febre da cabana chegou pra mim, mas não, não matei ninguém. Na verdade foi um ato suicida pois eu jamais senti tanta ira, mas tanta ira que passou por cima do medo que eu tenho do meu pai. É vergonhoso falar disso mas acho que é necessário.</p><p>Eu não sei por onde começar. Me sinto um tanto frágil me expondo e meio blasé usando termos como “abusivo" ou “tóxico”. Mas chega a hora do basta, essa porra dessa hora chega você querendo ou não. Pelo menos comigo, o estopim foi quase como um sopro sobre a mobília antiga. Carrego mágoas de anos. Vinte. E não só pelos anos... essas coisas nos corroem. O silêncio envenena nossa cabeça bem devagar, como uma conserva guardada no escuro, longuíssima duração e azedume. Carrego coisas recentes, medos intermináveis como um bicho que, no primeiro sinal de presunção de ataque, vai pra cima com tudo o que têm.</p><p>Eu piso em ovos com quase nada. Cautela não é algo muito familiar nas minhas atitudes e a racionalidade é minha nova melhor amiga da semana passada. E toda essa merda de trabalho foi pelo ralo, como o sopro na mobília e no meu castelo de cartas marcadas de centenas de vezes que me calei.</p><p>Já ouviram um porco gritando? Eu senti um chiado estrondoso na garganta e no ouvido. Eu me ensurdeci. Eu berrei. Pedi o basta, “chega!” – bradei. E vi ele batendo palmas pra mim. E não satisfeita, já estava saindo e voltei, meti diversos socos na mesa e o ouvido chiou de novo. Ele levantou. Pensei “ele vai me bater". Mas nem deu tempo de concluir isso tudo na mente porquê eu tava ocupada demais gritando. Ele me perguntou porquê eu estava gritando. E mais uma vez. E outra. Ele não deu a mínima pra nada do que eu disse até eu destravar completamente e finalmente dizer que eu não suporto ele bêbado, porquê ele grita comigo e com a minha mãe há anos, e que eles brigam por nada, e que a vivência é insuportável. Eu não aguento mais essa casa, eu só voltei pra cá porquê sou uma inútil que não sabe fazer nada e não tem pra onde ir porquê eu preferiria morrer do que morar aqui.</p><p>E como mágica, a ironia e a cachaça sumiram da cara do velho, sem mais olhos arregalados e tensão nas têmporas. Minhas lágrimas explodiram como pus de uma unha encravada há anos. Tudo em mim jorrava dor. Eu nem sentia minhas mãos. E bufava como um cão. Eu me tornei muito de tudo que me machucou um dia. E não, não me orgulho disso.</p><p>Comentei com um grande amigo sobre esse lance de gratidão eterna. Eu vivencio com muita frequência, pessoas que me dão suporte e apoio em qualquer coisa e depois pisam na bola. Eu não quero entrar em detalhes, mas porra... eu não sou tão difícil assim! Eu erro pra caralho, eu sei disso, mas se eu te ajudo é porquê posso ajudar. Eu quero que se foda o que você pensa disso. Eu faço porquê sinto que é o que devo fazer sem hesitar. E se eu errar com você à nível de espalhar suas coisas pras pessoas, te ferir com intenção, agir como uma filha da puta, aí sim você pode revidar ou espalhar pros quatro cantos que eu sou uma merda. O bom senso parece que nunca prevalece. Nunca. Se você quer algo de mim, peça. Provavelmente o terá. Mas não me foda em troca de gratidão passada. Eu não vivo de favores ou de banco de dados memoráveis. Não faça nada por mim. Não preciso de nada até que eu chegue em você e te peça. E pode ter certeza que eu só peço à quem tenho certeza que pode comigo. Que pode contar comigo. Que pode estar comigo.</p><p>Já me enganei, algumas vezes. Tem gente que a gente não espera que distorça tanto as coisas. Mas existe. E o erro existe. Mas como sou exigente (uma carrasca) comigo mesma, tenho padrões altos. Mas eu só queria o bom senso. E já tô pedindo demais, pelo visto.</p><p>O basta chegou. Ninguém mais fala o que quer pra mim ou faz o que quer comigo. Eu não tolero mais nada. Eu não consigo suportar mais dor nenhuma. Nenhuma mentira, nenhuma omissão. Não cabe mais essa palhaçada dentro de mim. Eu quero ser levada à sério e tratada com respeito. Dentro de casa. Na calçada. Na balada. No trabalho. Eu não aceito mais nada abaixo do que eu mereço: máximo respeito.</p><p>Eu já devo ter falado que não sou uma pessoa que aceita coisas. Mesmo cansada eu não vou aceitar determinadas coisas sendo que eu tô correndo atrás de tudo isso. Eu não aceito não como resposta de coisas que eu sei que tenho capacidade pra fazer. Eu só me meto em coisa pra ganhar. Eu não me entrego pouco, eu me jogo em tudo o que faço. E por achar que meu desempenho vale de bosta, eu não aceito sair de mãos vazias.</p><p>Eu não posso falar muito sobre o agora. A minha parte eu estou fazendo. Muita água, muito raciocínio lógico, saladas e currículos. Tá tudo a mesma coisa, com cheiro de mofado e sensação de morte enlatada. A belíssima propaganda niilista em preto e branco que mostra meu reflexo barrigudo no sofá me deleitando com a morte enlatada nas mãos pensando “que conselho eu posso dar aos meus amigos que tanto amo, sendo que eu penso que tudo deve se acabar nesse instante e que nada vai melhorar?” e penso em todos os que estão tão fodidos quanto eu. Independente da área. Não ligo pra sua casa, pra sua roupa, pro seu dinheiro. Todo mundo tá fodido. Queria muito que as coisas não fossem assim mas também não exponho essa baboseira pessimista. Eu guardo pra mim e faço o que posso. Sem certeza de nada, sem ânimo de ouvir música, sem ânimo de ler, sem ânimo de assistir, sem ânimo. Eu insisto nem sei porquê. Apostando fichas de um centavo.</p>Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5826553664347372568.post-92196588246335620162020-07-14T01:10:00.000-03:002020-07-14T01:10:26.625-03:00Sobriedade (sobre cubos mágicos e a máquina de lavar assassina) Andei profundamente derrotada pela irritação e algumas pencas de mudanças que me vi obrigada à fazer. Não porquê alguém disse (apesar de ter tido muito apoio) mas sim porque preciso me cuidar. Um pouco mais. Tô de saco cheio de (tanta coisa) me tratar tão mal. Já que eu não posso me afastar de mim mesma por me fazer mal, que eu aprenda na marra à como me tratar bem.<br />
Me peguei pensando para além das muletas e desculpas que eu andei usando. Eu não bebia mais por prazer. Fumar era porquê eu achava que me acalmava. Café era pra não dormir. Beber era pra morrer, apagar umas doze horas. Dormir pra fugir. Que ciclo desgraçado dessa máquina de lavar assassina. E no miolo disso tudo, as frustrações boiam no mal humor, pra lá e pra cá. Comer porquê tem um vazio. Nem tô com fome. Mas vou enfiar alguma coisa aqui. Chora duas lagriminhas, parece que a minha cara vai explodir de tanta força que minhas glândulas fazem pra expelir esse choro de crocodilo. Tem dias que nem todo chá do mundo me deixa legal. E tem dias que uma xícara me derruba. Parece uma drogada o dia todo, não brigo com ninguém, não grito, mas a máquina de lavar continua batendo em modo silencioso. Pra lá e pra cá.<br />
Ando muito tagarela com os meus amigos. Especificamente hoje estou preocupada com uma tarefa bem difícil que preciso fazer.<br />
Andei com uma metáfora tão legalzinha sobre o cubo mágico... Eu te contei que eu o quebrei? Juro que não foi por raiva, o negócio desmanchou na minha mão quando eu fiz um movimento de mal jeito, e eu desfiz o resto. Ficou só um miolinho na minha mão. Lembrei da teoria do caos também. Acho tão engraçado o modo de que como metade das coisas são confortáveis e fazem sentido na minha cabeça.<br />
Cada peça tem um lugar específico pra estar pra formar o conjunto de todas as cores em cada determinado lugar. Mas até no desmanche de cor 3x3, essas porcarias tem lugar pra estar e há determinados lugares onde somente determinada peça pode ficar. O miolo é fixo com cada uma das cores expressa no cubo do meio do “trêsportrês". Há peças de encaixe e há peças de peças de quina. Deve ser uma bosta trabalhar numa fábrica de cubos mágicos vagabundos da loja de utilidades de R$1,99.<br />
O caos não segue um padrão. A gente tem uma mania infeliz de menosprezar tudo aquilo que não temos sob controle, isso desde pessoas, situações, problemas, qualquer coisa mesmo. O caos é uma palavra, realmente, pessimamente interpretada. Aliás, essa cadeia de má interpretação precisa acabar, puta que pariu eu não aguento mais me sentir tão imbecil quando descubro algo tão comum que vinha errando há anos!<br />
Eu tô fugindo muito do assunto.<br />
A gente abomina aquilo que a gente não aceita, não muda, aquela cobrança bonitinha que chega inconveniente na sua porta. Porra, eu falo na maior tranquilidade, eu odeio mudar. Odeio mudar. Odeio hábitos novos. Odeio substituições. Odeio ter que parar com coisas que gosto. Mas odeio ainda mais essa relutância chata do caralho. Se eu passasse mais tempo correndo do que pensando abobrinha, eu com certeza já teria perdido uns dez quilos. Ou poderia ter morrido de asma. Eu não consigo correr. Mas gosto de caminhar, e foi o que fiz tarde da noite num sábado.<br />
A Mogi-Bertioga me chamou mas eu fiquei com medo de descer pois já passava da meia noite. Com a minha boa e velha playlist de repeteco no último volume (pelo amor de qualquer coisa, faça que nada ou ninguém me impeça, além da minha surdez, de usar fones de ouvido...), cruzei o centro da cidade e voltei pro meu bairro. Esse vazio das ruas tá me incomodando, você acredita? Fiquei até feliz quando vi duas lanchonetes abertas, com gente, cerveja e música. Passei perto, com a minha latinha de guaraná, olhando as mesas, as mulheres de bota cano alto e cachecol, os homens de peito cheio e aquele vozeirão que entrava de mansinho entre os fones nas minhas orelhas. Tirei algumas fotos, um carro parou, dois homens me seguiram e sei lá quantos me encararam. Eu não tenho paz um minuto nessa porra.<br />
Eu me senti como o Neo após a restauração dos músculos atrofiados. Tomei um longo banho. Acho que consegui dormir legal. Toda semana é um pesadelo diferente. Se não é o computador, são as estrelas, se não são as estrelas, é violência extrema, quando não é violência, é putaria. Cara, eu realmente não ligo mas essa frequência é muito chata! Minha cabeça não me deixa nem dormir direito, sabe? É demorar horas pra dormir, é acordar 2h da manhã do nada, ou dorme e vê essas pataquada. Eu tô muito cansada. Desculpa repetir isso tantas vezes, é que eu ainda não sei o que fazer com isso.<br />
Eu ri um dia desses conversando comigo mesma (já disse que adoro conversar em voz alta comigo?) pois soltei uma máxima: no momento que você mais precisava dessas coisas, tu chutou tudo pro alto e foda-se. Agora tá aí, doida.<br />
Não é o deixar de fazer tal coisa que me deixa irritada. É a transição. A porra do caminho à percorrer nunca é nem nunca será fácil, ainda mais pra mim que demoro tanto pra entender. E tipo não é só querer... É entender o porquê tô fazendo isso e que isso vai me fazer muito bem. Eu repito várias vezes ao dia “eu tô cansada de me tratar mal" e enfio um pacote inteiro de bolacha no cu porquê tô irritada com a vida. Porque tô com sono e não consigo dormir, porquê eu quero beber pra cair dura, fumar pra acalmar bla bla bla copia a linha lá de cima. A máxima é: eu vou me cuidar e tal coisa eu vou cortar porquê não me faz bem. E deu certo, sua filha da puta!<br />
Meu coração nunca mais acelerou quando me deito pra dormir. Minhas unhas ainda furam os dedos querendo um cigarrinho. Eu sinto falta do gosto da nicotina, e muita. Mas minha falta de ar hoje é só nas crises mais pesadas de ansiedade (aeeeeee que bom!).<br />
Quando eu queria beber em casa, era uma represália sem fim. “Você bebe demais". E agora eu realmente estou decidida à parar e do nada em plena segunda-feira (os dias nessa merda mal fazem diferença mas tudo bem), me vem “vai comprar uma cerveja pra nós”.<br />
Dá vontade de secar meu restinho de uísque de uma vez só. Como a Aline disse, vou encerrar o ciclo em grande estilo. Mas é sempre assim: bebo quando quero ficar feliz ou menos preocupada com alguma coisa. Digo, dentro de casa. Lá fora eu bebo pra destravar, a menos que eu já conheça o lugar. Eu chapo de música, e sinto muita falta disso.<br />
Sabe do que sinto saudade? De sair do trampo e sentar no bar. O auge da vida adulta medíocre. Mas era só preenchimento do tempo, tipo, pra quê chegar logo em casa? Bla bla bla bla bla bla bla bla.<br />
Me ocorreu que os eventos caóticos e as coisas que a gente acha ruim e tenta meter um bom sentido, são as mesmas coisas. Mas o caos tá ali e foda-se o que você entende à respeito. É o tem de ocorrer e, aceitar o que tá fora do seu discernimento dá pra uma paz do caralho. E o que tu pode fazer por você, tu faz e pronto. E cê faz porquê é benéfico. Eu pelo menos ando fugindo da morte. Sem tempo, já disse, tô ocupada encarando a maior responsabilidade da minha vida, ligue mais tarde!<br />
Até debati sobre fé com a minha mãe hoje... lhe disse “...então você prefere mesmo viver numa fantasia?” – porquê ela me disse que TUDO que você percebe demais acaba te decepcionando. Caralho, a gente ainda tá atrás de perfeição?! A filosofia é essa depressão toda aí mesmo... Poxa. Quando a galerona toda diz que filosofar é aprender a morrer, é disso (também) que eles estão falando. Tudo é um declive, uma estrada fodida e esburacada, cheia de lama e prego. A gente tem que aceitar muita coisa que a gente não gosta porquê você pessoinha medíocre que nem consegue parar de beber café, não vai mudar o mundo do dia pra noite. É essa caminhada que irrita. E viver é isso. A longa estrada rumo à morte, driblando a lama, o prego, os buracos, e aproveitando o vento na cara e a paisagem.<br />
Eu sou tão pequena... caos é uma palavra pequena e estrondosa. Não sei se por me sentir um pouco feliz ou com algum sentido pra viver de verdade, hoje, talvez eu ache que tudo esteja no seu lugar. Ainda com a injustiça, com tudo errado, com tudo fodido. Era pra ser assim. E o que eu posso fazer é algo por mim. Porquê não posso fazer mais nada lá fora por enquanto.<br />
Nem todas as peças são de encaixe. Algumas ficam na quina e nenhuma possui cores iguais. E acredite, ainda que seja linda a harmonia de ver as cores agrupadas, a graça dessa merda toda tá na mistura. Isso é simples: só é perfeito aquele cubo intacto que não fez nenhum movimento.Anonymousnoreply@blogger.com